segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nada de novo debaixo do Sol de Hollywood. Eis a lista dos vencedores dos Óscares

Tal como previsto «O Artista», de Michel Hazanavicius venceu as principais categorias na edição deste ano dos Óscares. O filme francês levou para casa cinco estatuetas (Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor Principal, Melhor Guarda Roupa e Melhor Banda Sonora), o mesmo número que «A Invenção de Hugo», o mais recente filme de Martin Scorsese, que desta vez teve de se contentar com as categorias técnicas (Melhor Fotografia, Melhor Direcção Artística, Melhores Efeitos Sonoros, Melhor Montagem Sonora e Melhores Efeitos Especiais). Nada de novo, em mais uma edição da cerimónia mais glamourosa da Sétima Arte, que, diz quem viu, foi demasiado fraquinha. Aparentemente nem o regresso de Billy Crystall se safou. Eis então a lista dos vencedores (nota: os vencedores estão a negrito):

Melhor Filme:
O Artista
Os Descendentes
Extremamente Alto, Incrivelmente Perto
As Serviçais
A Invenção de Hugo
Meia-Noite em Paris
Moneyball - Jogada de Risco
A Árvore da Vida
Cavalo de Guerra

Melhor Realizador:
Michel Hazanavicius por O Artista
Woody Allen por Meia-Noite em Paris
Terrence Malick por A Árvore da Vida
Alexander Payne por Os Descendentes
Martin Scorsese por A Invenção de Hugo

Melhor Actriz:
Meryl Streep por A Dama de Ferro
Glenn Close por Albert Nobbs
Viola Davis por As Serviçais
Rooney Mara por Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
Michelle Williams por A Minha Semana Com Marilyn

Melhor Actor:
Jean Dujardin por O Artista
Demián Bichir por A Better Life
George Clooney por Os Descendentes
Gary Oldman por A Toupeira
Brad Pitt por Moneyball - Jogada de Risco

Melhor Actriz Secundária:
Octavia Spencer por As Serviçais
Bérénice Bejo por O Artista
Jessica Chastain por As Serviçais
Melissa McCarthy por A Melhor Despedida de Solteira
Janet McTeer por Albert Nobbs

Melhor Actor Secundário:
Christopher Plummer por Assim é o Amor
Kenneth Branagh por A Minha Semana Com Marilyn
Jonah Hill por Moneyball - Jogada de Risco
Nick Nolte por Warrior - Combate Entre Irmãos
Max von Sydow por Extremamente Alto, Incrivelmente Perto

Melhor Argumento Original:
Meia-Noite em Paris
O Artista
A Melhor Despedida de Solteira
O Dia Antes do Fim
Uma Separação

Melhor Argumento Adaptado:
Os Descendentes
A Invenção de Hugo
Nos Idos de Março
Moneyball - Jogada de Risco
A Toupeira

Melhor Filme de Animação:
Rango
Une vie de chat
Chico & Rita
O Panda do Kung Fu 2
O Gato das Botas

Melhor Filme Estrangeiro:
Uma Separação
Rundskop
Hearat Shulayim
In Darkness
Monsieur Lazhar

Melhor Fotografia:
A Invenção de Hugo
O Artista
Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
A Árvore da Vida
Cavalo de Guerra

Melhor Montagem:
Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
O Artista
Os Descendentes
A Invenção de Hugo
Moneyball - Jogada de Risco

Melhor Direcção Artística:
A Invenção de Hugo
O Artista
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2
Meia-Noite em Paris
Cavalo de Guerra

Melhor Guarda-Roupa:
O Artista
Anónimo
A Invenção de Hugo
Jane Eyre
W.E.

Melhor Caracterização:
A Dama de Ferro
Albert Nobbs
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2

Melhor Banda-Sonora:
O Artista
As Aventuras de Tintin - O Segredo do Licorne
A Invenção de Hugo
A Toupeira
Cavalo de Guerra

Melhor Canção Original:
"Man or Muppet" - Os Marretas
"Real in Rio" - Rio

Melhores Efeitos Sonoros:
A Invenção de Hugo
Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
Moneyball - Jogada de Risco
Transformers 3
Cavalo de Guerra

Melhor Montagem Sonora:
A Invenção de Hugo
Drive - Risco Duplo
Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
Transformers 3
Cavalo de Guerra

Melhores Efeitos Especiais:
A Invenção de Hugo
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2
Puro Aço
Planeta dos Macacos: A Origem
Transformers 3

Melhor Documentário:
Undefeated
Hell and Back Again
If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front
Paradise Lost 3: Purgatory
Pina

Melhor Documentário (curta-metragem):
Saving Face
The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement
God Is the Bigger Elvis
Incident in New Baghdad
The Tsunami and the Cherry Blossom

Melhor Curta-metragem (Animação):
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
Dimanche/Sunday
La Luna
A Morning Stroll
Wild Life

Melhor Curta-Metragem:
The Shore
Pentecost
Raju
Time Freak
Tuba Atlantic

Banda Sonora: Please, Please, Please, Let Me Get What I Want, de The Smiths

«Please, Please, Please, Let Me Get What I Want», de The Smiths - Banda Sonora de «(500) Dias com Summer», de Marc Webb

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Última Sessão fora de portas: CCOP e Pecadilhos das Horas Vagas

De vez em quando sou convidado a participar em iniciativas promovidas por outros blogues e gosto também de as promover por aqui. Não só porque acho que merecem ser divulgadas, para serem conhecidas por mais pessoas, mas também porque é uma forma de dar a mostrar o meu trabalho fora de «A Última Sessão» e mesmo os outros blogues. A mais recente foi promovida pelo blogue especializado em cinema asiático «Not a Film Critic», da FilmPuff, que me pediu para escrever um texto sobre um guilty pleasure meu. A escolha recaiu sobre «Fantasmas de Marte», de John Carpenter, e o texto pode ser lido aqui.

A outra iniciativa é promovida por Tiago Ramos, criador do blogue «Split Screen», que resolveu adaptar a iniciativa brasileira Liga dos Blogues Cinematográficos à blogosfera cinéfila portuguesa e convidou um conjunto de bloggers de cinema para o arranque do Círculo de Críticos Online Portugueses (CCOP), entre os quais o autor deste blogue. Além de mim e do Tiago Ramos, o CCOP conta com a participação de Pedro Ponte e Gonçalo Trindade (Ante-Cinema), Nuno Reis (Antestreia), Samuel Andrade (Keyzer Soze's Place), Catarina D'Oliveira (Close-Up), Inês Moreira Santos (Espalha Factos), João Pinto (Portal Cinema), Jorge Rodrigues e João Samuel Neves (Dial P For Popcorn). Mais informações sobre esta iniciativa podem ser encontradas no site oficial do CCOP.

Hoje há Óscares, mas como nem todos ganham...há que prestar homenagem aos vencidos

E como o autor deste blogue nunca teve jeito para previsões, sobretudo quando nem sempre são os melhores a ganhar, deixo-vos uma lista dedicada aos filmes que deveriam ter ganho o galardão máximo da Academia na primeira década deste século. Pelo menos na minha modesta opinião. Nota: os filmes escolhidos partiram da lista de nomeados no ano em que perderam.

«Traffic», de Steven Soderbergh
perdeu o Óscar para
«Gladiador», de Ridley Scott

«Vidas Privadas», de Todd Field
perdeu o Óscar para
«Uma Mente Brilhante», de Ron Howard

«O Pianista», de Roman Polanski
perdeu o Óscar para
«Chicago», de Rob Marshall

«Mystic River», de Clint Eastwood
perdeu o Óscar para
«O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei», de Peter Jackson

«Sideways», de Alexander Payne
perdeu o Óscar para
«Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos», de Clint Eastwood

«Boa Noite, e Boa Sorte», de George Clooney
perdeu o Óscar para
«Colisão», de Paul Haggis

«Cartas de Iwo Jima», de Clint Eastwood
perdeu o Óscar para
«The Departed - Entre Inimigos», de Martin Scorsese
«Haverá Sangue», de Paul Thomas Anderson
perdeu o Óscar para
«Este País Não É Para Velhos», de Ethan e Joel Coen
«O Estranho Caso de Benjamin Button», de David Fincher
perdeu o Óscar para
«Quem Quer Ser Bilionário?», de Danny Boyle

«Up - Altamente», de Pete Docter e Bob Peterson
perdeu o Óscar para
«Estado de Guerra», de Kathryn Bigelow

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Em Cartaz: Semana 23/02/2012

Declaração de Guerra, de Valérie Donzelli
Guerra é Guerra, de McG
Bel Ami, de Declan Donnellan e Nick Ormerod
Cavalo de Guerra, de Steven Spielberg
Albert Nobbs, de Rodrigo García

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

(500) Dias com Summer, de Marc Webb (2009)

De vez em quando surgem filmes que, por uma espécie de conjugação mística dos astros (se é que essa coisa existe), parece que nasceram para ser perfeitos. E quando começamos a ver um filme e nos apaixonamos por ele quando apenas passou pouco mais de um minuto desde que começou, sabemos que estamos perante um daqueles filmes que nunca mais nos vamos esquecer. Ou pelo menos durante algum tempo. É esse o caso de «(500) Dias com Summer», a longa de estreia de Marc Webb, um filme indie sobre a relação entre Tom (Joseph Gordon-Levitt), um jovem que acredita no amor eterno mas que não tem grande sorte neste campo, e Summer (Zooey Deschanel), uma jovem que não acredita nas relações amorosas e por quem Tom se apaixona e com quem acaba por ter uma relação que é um meio termo entre namoro e amizade.

Esta relação um pouco confusa deixa Tom meio abananado com tanta mudança e sentimentos contraditórios, que vamos conhecendo aos poucos, através de uma montagem bem conseguida que vai alternando entre os momentos iniciais da relação e os momentos finais, sem nunca nos deixar perdidos pelo meio. Joseph Gordon-Levitt tem aqui (mais) uma grande interpretação, provando ser um dos jovens actores com maior talento (e ao mesmo tempo menos reconhecido, parece-me) na Hollywood actual.

«(500) Dias com Summer» consegue assim ser um filme tão simples sobre um tema tão sério, que nos deixa a pensar como é que às vezes se complicam certas coisas. É ao mesmo tempo mais um daqueles exemplos descarados de como é possível não ter chegado às salas portuguesas. Com uma banda sonora de excepção para os adeptos das sonoridades mais alternativas, não fosse o par conhecedor e fã de grandes bandas, esta é talvez uma das melhores comédias românticas do universo indie dos últimos anos. Depois disto, será curioso ver o que fará Marc Webb no seu próximo filme, que por estranho que pareça depois desta estreia, é «O Fantástico Homem-Aranha», a nova versão das aventuras do Homem-Aranha.

Nota: 5/5

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Site oficial do filme

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Casino, de Martin Scorsese (1995)

Cinco anos depois do magnífico «Tudo Bons Rapazes», Martin Scorsese regressou ao universo da máfia para realizar «Casino», filme que pode não ser tão bom como o anterior, mas também não lhe fica muito atrás. Protagonizado por dois actores que tinham entrado em «Tudo Bons Rapazes» (o sempre cúmplice Robert De Niro, quando ainda fazia papéis de jeito mais regularmente, e o actualmente 'desaparecido' Joe Pesci, que volta a brilhar no papel de um vilão como só ele conseguia interpretar, não muito diferente do Tommy DeVito), «Casino» conta a história de Sam 'Ace' Rothstein (De Niro) e como este foi contratado pelas famílias mafiosas para controlar um dos principais casinos de Las Vegas, antes da cidade do pecado se tornar num parque de diversões, como é hoje e como Sam nos explica no final do filme.

Pelo meio temos a chegada de Nicky Santoro (Pesci), um dos melhores amigos de Sam, que inicialmente apenas tinha de tratar da segurança do casino, mas aos poucos quer também ter a sua influência e espaço em Las Vegas. E a bela Ginger McKenna (Sharon Stone, provavelmente num dos seus melhores papéis de sempre), uma batoteira com quem Sam se apaixona e casa, mas com alguns problemas para resolver. Praticamente sempre narrado pelos dois principais protagonistas, apesar de de vez em quando outras personagens também participarem na narração, «Casino» aguenta bem esta técnica, sobretudo graças à banda sonora. Se por vezes o recurso à voz off parece que tira força à acção que vamos assistindo (no fundo, nem sempre ouvimos o que dizem as personagens e nem é preciso), as excelentes escolhas musicais feitas por Scorsese (um verdadeiro regalo para os ouvidos de quem gosta de música) tratam disso. E a música é uma das partes tão importantes deste filme como a própria narração.

«Casino» podia ter ficado um pouco na sombra de «Tudo Bons Rapazes» e talvez na altura da estreia até tenha ficado, por ter repetido o tema e dois dos actores principais desse filme. Mas tal não se justifica. Vendo-o à distância e como filme independente que é, este é um daqueles filmes de Martin Scorsese onde uma boa história bem filmada é o que basta para tornar «Casino» um grande filme. E se juntarmos a isto grandes interpretações, onde os actores parece que são mesmo as personagens que encarnam (e voltando uma vez mais a De Niro, em que filme recente o vimos tão bem como neste filme, por exemplo?), «Casino» será talvez um dos filmes de Scorsese mais subvalorizados aquando da estreia, mas que o tempo irá dar-lhe o reconhecimento merecido.

Nota: 4/5

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Banda Sonora: While My Guitar Gently Weeps, de George Harrison

«While My Guitar Gently Weeps», de George Harrison - Banda Sonora de «George Harrison: Living in the Material World», de Martin Scorsese

domingo, 19 de fevereiro de 2012

George Harrison: Living in the Material World, de Martin Scorsese (2011)

Martin Scorsese é mais conhecido pelas suas obras de ficção, mas na já longa obra do realizador nova-iorquino também podemos encontrar um bom punhado de incursões no universo dos documentários, que se debruçam tanto pelo Cinema como pela Música. É esse o caso de «George Harrison: Living in the Material World», filme do ano passado dedicado à vida de George Harrison, um dos quatro membros dos Beatles. Ao contrário de filmes como «A Letter to Elia» ou as duas viagens cinematográficas de Scorsese (ao Cinema clássico italiano e norte-americano), desta vez o realizador não apresenta o documentário na primeira pessoa, optando pelo modelo de colocar os intervenientes a falar sobre George Harrison.

Dividido em duas partes, na primeira acompanhamos a vida de Harrison no seio dos Fab Four, desde que foi convidado por Paul McCartney para entrar na banda até à separação do grupo. Numa segunda parte, Scorsese aborda o fim dos Beatles e a vida de George Harrison na sua carreira a solo e projectos onde esteve envolvido, assim como alguns aspectos da sua personalidade. Como não podia deixar de ser, a música está bastante presente em «George Harrison: Living in the Material World». Mas é o retrato de Harrison enquanto pessoa, para além do artista e músico, o que mais fascina neste documentário, onde ficamos a conhecer um pouco mais sobre aquele que foi o mais reservado dos quatro Beatles. Sobretudo por descobrirmos uma personalidade fantástica, que tinha uma forma muito particular de estar na vida e de conviver com os outros.

E é um belo retrato, contado por aqueles que conviveram de perto com Harrison, desde os dois companheiros de banda sobreviventes a pessoas das mais variadas áreas que se cruzaram com o autor de «While My Guitar Gently Weeps» e, como é o caso do antigo piloto de Fórmula 1 de Jackie Stewart, são capazes de admitir que mesmo não sendo os melhores amigos, sentiram a sua morte como a perda de alguém especial. A juntar a estes relatos temos várias imagens de arquivo do próprio George Harrison em discurso directo onde aborda alguns episódios. Um bom documento, obrigatório para os fãs dos Beatles e de Harrison, assim como para todos os que gostam de conhecer um pouco mais sobre a história da cultura popular.

Nota: 4/5

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

La Escopeta Nacional, de Luis García Berlanga (1978)

Ninguém escapa ileso de «La Escopeta Nacional», o filme realizado por Luis García Berlanga após «Tamanho Natural», onde o cineasta espanhol regressa às comédias negras. Este filme é uma sátira à sociedade burguesa, das aparências e dos favorzinhos pedidos aos amigos que conhecem alguém supostamente bem posicionado. Reza a lenda que a história de «La Escopeta Nacional» nasceu da leitura de crónicas da revista Hola (para quem não conhece, trata-se de uma espécie de versão espanhola da Caras) sobre o jet set de Espanha. Se tal é verdade, ninguém sai bem na fotografia mordaz tirada por Berlanga.

Tudo começa com a chegada de um casal a uma quinta pertencente a um marquês para participar numa casa. E logo aí começam os jogos de aparências: nem o casal é legítimo, nem a caçada foi organizada pelo dono da propriedade. Foi precisamente o forasteiro, um 'honrado' industrial catalão, que pagou e organizou a caçada para travar conhecimento com a nata da sociedade e tentar vender um negócio seu a quem o possa ajudar, sendo o principal alvo um ministro que está presente no evento. Para tal Jaime Canivell (José Sazatornil) começa a fazer favores a torto e a direito para conseguir atrair sócios para o projecto. E quanto mais peripécias são relatadas, mais podres desta sociedade são destapados. Não há ninguém que que o nosso industrial não tente convencer, nem favor que não faça, inclusive mudar de ramo de actividade (o mais estranho possível).

Como disse no início deste texto, ninguém sai ileso deste filme, uma excelente sátira que bem podia ter sido realizada nos dias de hoje, tal é a actualidade da obra de Berlanga. Padres, marqueses, empresários, governantes...comem todos por tabela num filme onde, mais uma vez, é possível encontrar ecos do cinema buñueliano. E a moral final, que nos surge numa pequena legenda, é simplesmente deliciosa. Mais uma vez, na falta de um trailer oficial no YouTube, o vídeo abaixo mostra apenas uma pequena cena do filme.

Nota: 5/5

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Em Cartaz: Semana 16/02/2012

O Último Vôo, Karim Dridi
Jack e Jill, de Dennis Dugan
Le Havre, de Aki Kaurismäki
A Invenção de Hugo, de Martin Scorsese

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Os Marretas, de James Bobin (2011)

O autor deste blogue não é bem do tempo dos Marretas, mas tem uma vaga ideia de ter travado conhecimento com personagens como o sapo Cocas, Gonzo ou Miss Piggy algures durante a infância, quando o programa passava na televisão. Por isso, ver o filme «Os Marretas» foi quase uma mistura de descoberta e viagem ao passado, sem grandes compromissos ou sentimentos de nostalgia. O novo filme dos Marretas quase que pode ser visto como uma apresentação deste universo às novas gerações. E seria curioso ver como é que as criança de hoje reagem a estas personagens, autênticos ícones da cultura popular do século XX.

E esta apresentação é feita da melhor forma. Walter, um grande fã dos Marretas, aproveita o convite do irmão Gary (Jason Segel), que vai de viagem a Los Angeles com a namorada Mary (Amy Adams) para celebrar o 10º aniversário de namoro, para visitar o mítico estúdio dos Marretas. Ao chegar lá descobre que um lugar em ruínas, prestes a ser comprado por um milionário (Chris Cooper) que apenas quer o terreno para explorar o petróleo ali existente. Walter decide então ir à procura do sapo Cocas para, em conjunto com a restante trupe dos Marretas, tentar salvar os estúdios.

«Os Marretas» vale mesmo pelas fantásticas personagens que nos garantem bons momentos de divertimento, um pouco diferentes do que se vê hoje em dia. Dispensáveis eram os momentos protagonizados apenas pelos actores de carne e osso (com a óbvia excepção dos diversos cameos, que nada influenciam o resto do filme), que de tão maus roçam a idiotice pura, sobretudo nas sequências musicais, com coreografias onde os sorrisos são tão falsos que por pouco não caem. E nestas cenas incluo esse triste momento na carreira de Chris Cooper onde o actor canta hip hop. Sim, é verdade. Fora isso, ver «Os Marretas» sem grandes preconceitos é capaz de se revelar uma experiência engraçada e bem disposta.

Nota: 4/5

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Artista, de Michel Hazanavicius (2011)

Li algures que «O Artista» é um daqueles filmes para dividir opiniões. E pelo que me tinha apercebido, antes de o ver, foi essa a sensação com que fiquei. Há quem tenha gostado muito e há quem não tenha gostado nada. Eu tendo a inclinar-me para o segundo campo. Apesar de reconhecer que em alguns casos até nem seja um mau filme, acho que ao mesmo tempo «O Artista» é um filme que oferece diferentes leituras consoante quem o vê. Quem não conhece (ou pelo menos não está tão habituado a ver) muito cinema mudo, achará que estamos perante um grande filme. E daí este ser mesmo um daqueles filmes que está a amealhar nomeações e prémios um pouco por toda a parte, o que só ajuda a criar o hype (ai o hype...) que as nomeações para os Óscares apenas vieram ajudar. Pelo contrário, a maioria dos conhecedores e amantes do cinema mudo poderão ver «O Artista» apenas como um mero simulacro de um filme mudo. O que no fundo é disto que se trata.

Em «O Artista» Michel Hazanavicius leva-nos ao final dos anos 1920 para contar a história de George Valentin (Jean Dujardin), um galã do período do mundo cuja popularidade é ameaçada pela chegada do som à Sétima Arte. O que é visto por muitos como o futuro do Cinema, para George não é mais do que um falhanço, pois acredita que as pessoas vão ao cinema para ver os actores como ele e não para os ouvir falar. Em paralelo, o filme acompanha a ascensão de Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma jovem mulher que começa como figurante num filme de George, empurrada pelo próprio, e acaba por se tornar uma das maiores estrelas do sonoro.

Além de uma história pouco original, «O Artista» falha em vários aspectos. Tem alguns bons pormenores, sobretudo a nível da banda sonora, mas pouco mais. Não servirá para trazer novos públicos para o mudo (e seria esse o objectivo do filme?), nem irá provocar um certo sentimento de nostalgia junto dos fãs deste período do cinema, pois não passa da rama.

Com muitas mais limitações os realizadores da altura fizeram um trabalho muito melhor, os exemplos de grandes filmes mudos são mais que muitos. E sobre este tema um senhor chamado Billy Wilder já tinha feito em 1950 uma das grandes obras-primas do cinema («O Crepúsculo dos Deuses»), que basta para remeter «O Artista» para não mais do que uma nota de rodapé na História do Cinema. Mesmo que, como não será de estranhar, venha a receber uma mão cheia de estatuetas douradas na próxima cerimónia dos Óscares.

Nota: 2/5

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Banda Sonora: Satisfaction, de The Rolling Stones

«Satisfaction», de The Rolling Stones - Banda Sonora de «O Homem das Estrelas», de John Carpenter

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Homem das Estrelas, de John Carpenter (1984)

Quem conhece a obra de John Carpenter poderá achar «O Homem das Estrelas» um filme um pouco estranho, pois na altura o realizador norte-americano apenas se tinha aventurado em filmes de terror ou acção. Ainda hoje, dando uma vista de olhos pelo conjunto da cinematografia de Carpenter, à primeira vista este «O Homem das Estrelas» pode ser considerado quase como uma carta fora do baralho. O único ponto em comum é o facto de ser um filme de ficção científica, território que já tinha sido visitado pelo cineasta na excelente estreia («Estrela Negra») e em «Veio do Outro Mundo», um dos seus melhores filmes.

Mas se calhar até nem será assim tão estranho, se atentarmos a alguns pormenores, como a crítica a uma certa autoridade, patente em vários filmes de Carpenter. O homem das estrelas que dá título ao filme é um extra-terrestre (Jeff Bridges) que vem ter à Terra depois de o seu planeta ter recebido uma sonda espacial com mensagens terrestres em várias línguas e com algumas músicas que representam a nossa cultura. A premissa não é nada de especial, este tipo de sondas foram mesmo lançadas para o espaço e este foi o pretexto utilizado para o filme. À chegada à Terra o extra-terrestre assume a forma do falecido marido de Jenny Hayden (Karen Allen) e quando o governo dos EUA começa uma perseguição ao homem das estrelas, ela acaba por ajudá-lo a ir ter com os seus companheiros. Esta fuga vai decorrer ao longo de todo o filme.

Não sendo uma obra típica dentro do universo carpenteriano, e talvez muitos dos fãs do realizador não gostem tanto dele como de outras obras, «O Homem das Estrelas» é um belo filme sobre alguém inadaptado em fuga. A crítica ao comportamento das autoridades, que basicamente não sabem o que fazer perante algo estranho a não ser tentar destruí-lo, é um dos aspectos que podemos ver noutros filmes do cineasta. Mas ao contrário de «Veio do Outro Mundo», por exemplo, este ser alienígena não vem para causar nada de mal, antes em descoberta, tal como os humanos fizeram ao lançar a sonda, o que faz com que a decisão do exército seja ainda mais incompreensível.

Além de uma história de amor que acaba por nascer entre as duas personagens principais, «O Homem das Estrelas» conta com duas grandes interpretações, sobretudo a de Jeff Bridges, que lhe garantiu a terceira nomeação para os Óscares. Outro dos destaques do filme são os efeitos especiais, que curiosamente, quase 30 anos depois da estreia, parece que não envelheceram. Este é um daqueles filmes que poderá não agradar assim tanto aos fãs de Carpenter, mas de certeza que quem não gosta das principais obras do realizador é capaz de gostar.

Nota: 4/5

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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Tamanho Natural, de Luis García Berlanga (1974)

Diz quem sabe que «Tamanho Natural» foi um filme atípico na carreira de Luis García Berlanga, apesar de o realizador espanhol o ter considerado como um dos seus filmes mais pessoais. Não conheço a obra do cineasta a não ser uma comédia (e que grande comédia, bastante recomendável, sobretudo nos dias de hoje com uma tal troika a pairar por aí) chamada «Benvindo, Mister Marshall», por isso é-me difícil julgar esse aspecto. Mas este filme não é uma comédia, apesar de em algumas sequências a vontade rir face ao caricato da situação de repente vem ao de cima.

Tudo começa com Michel (Michel Piccoli) a receber uma grande encomenda vinda do Japão, de algo que apenas sabemos que é um objecto com tamanho real. Assim que a encomenda é aberta, sai de dentro de uma enorme caixa uma boneca de borracha que Michel transforma na sua nova amante. Mas o que começa por ser um aparente fetiche, acaba por se tornar uma obsessão e a vida de Michel transforma-se completamente com esta nova relação, onde nem sequer faltam ciúmes.

Apesar de começar por parecer uma comédia e em alguns casos ser mesmo um filme que roça o surreal, bem ao estilo de Luís Buñuel (se calhar não é à toa que encontramos no grupo de argumentistas o nome de Jean-Claude Carrière, colaborador de Buñuel), «Tamanho Natural» é um filme que vai muito para além da simples história de um homem que se apaixona por uma boneca. Acaba também por ser um filme sobre a obsessão e o amor, pois é isso que acaba por acontecer a Michel, e que o leva no final a tomar a decisão que toma, completamente imprevisível e que nos deixa com um amargo de boca e a pensar como é que ele chegou aquele ponto. Um bom filme, bem diferente do realizador que tive oportunidade de conhecer com «Benvindo, Mister Marshall».

(Nota: não encontrando trailer no YouTube, deixo-vos um pequeno trecho do filme)

Nota: 4/5

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Masters of Horror: John Carpenter's Cigarette Burns, de John Carpenter (2005)

Há alguns meses atrás acompanhei aqui uma série televisiva chamada «Masters of Horror». Muito resumidamente, este foi um projecto para TV criado em 2005/2006, dividido em duas temporadas, onde grandes realizadores com provas dadas no género do terror foram convidados a filmar episódios com cerca de uma hora. Na altura consegui assistir a todos os filmes da primeira temporada com uma excepção: «Queimaduras de Cigarro», logo o filme de um dos meus realizadores favoritos. Falo do mestre John Carpenter, que assina o episódio mais cinéfilo desta primeira série, tal é a quantidade de referências feitas ao longo do filme.

«Queimaduras de Cigarro» conta-nos a história de Kirby (Norman Reedus), o dono de uma sala de cinema com algumas dívidas para pagar, que aceita procurar a única cópia existente de um filme maldito chamado «Le Fin Absolue du Monde» em troca da quantia que irá servir para pagar o que deve. Apesar da aura misteriosa que rodeia o filme (supostamente só foi projectado uma vez e a sessão terminou tragicamente), e dos avisos que recebe, Kirby resolve levar a sua missão avante até encontrar a dita cópia. Mas não é só a busca que o atormenta, mas também outros aspectos do passado deste caçador de tesouros improvisado.

Este episódio foi o primeiro de dois que Carpenter filmou para a série e foi também o primeiro trabalho a seguir ao desastre (para alguns, pois para mim o filme não é mau de todo) chamado «Fantasmas de Marte». E nota-se a marca do realizador, logo na sequência inicial, com a banda sonora do piano a remeter para os seus títulos mais clássicos. O que vem a seguir é uma bela homenagem ao cinema de terror (e ao ver este filme só tive pena de não conhecer mais o género para conseguir apanhar todas as referências espalhadas) e mesmo à cinefilia levada ao extremo, que consegue ser mais violento do que a maioria dos filmes que passaram nesta primeira temporada, incluindo o muito badalado filme de Takashi Miike, «A Maldição». Não é o melhor episódio desta primeira temporada, mas anda lá perto. E assim chega ao fim a ronda pela série «Masters of Horror», que uma vez mais volto a aconselhar a todos os que se interessam pelo género. Talvez um dia também passe por aqui a segunda temporada.

Nota: 4/5

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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Em Cartaz: Semana 09/02/2012

Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma (3D), de George Lucas
Detenção de Risco, de Daniel Espinosa
A Dama de Ferro, de Phyllida Lloyd
O Que Há de Novo no Amor?, de Mónica Santana Baptista, Rui Santos, Hugo Martins, Tiago Nunes, Hugo Alves e Patrícia Raposo
Paixão, de Margarida Gil
Prometo Amar-te, de Michael Sucsy

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Memento, de Christopher Nolan (2000)

Por esta altura Christopher Nolan anda entretido de volta do terceiro e derradeiro capítulo de uma trilogia dedicada a Batman. Nada como voltar atrás no tempo e recuperar um dos filmes de culto da década passada, que deu praticamente a conhecer o nome do realizador. Realizado em 2000 «Memento» foi a segunda longa metragem de Nolan e teve logo direito a duas nomeações para os Óscares: Melhor Argumento Original e Melhor Montagem. São precisamente estes os dois grandes destaques do filme, a par de uma excelente interpretação de Guy Pearce, pois se não fosse a forma como o filme foi editado, talvez o efeito final não fosse o mesmo.

«Memento» conta-nos a história de Leonard Shelby (Guy Pearce) um homem que sofre de uma estranha doença que faz com que não tenha memória de curto prazo. Ou seja, lembra-se de tudo o que lhe aconteceu no passado, até um determinado incidente ter ocorrido na sua vida (a violação e morte da sua esposa), mas a sua memória não consegue fixar o que fez há apenas uns minutos atrás. A lembrança da tragédia faz com que Leonard queira procurar o assassino para vingar a morte da esposa e recorre a um método sui generis: para se lembrar do que tem de fazer tatua o corpo com notas que o ajudam na investigação. A partir daqui, contar mais pormenores da história, é contar demasiado e estragar a surpresa.

E as surpresas são muitas neste filme, apesar de não serem assim tantas como seria de esperar. Como referi lá mais acima, o grande trunfo de «Memento» está na forma como foi editado, que nos dá a sensação de sermos quase o pobre Leonard Shelby à procura das memórias perdidas. De resto a história em si, se fosse contada de forma tradicional, acabaria por ser de certa forma um pouco banal. Vale também pela excelente interpretação de Guy Pearce, bem acompanhado de Joe Pantoliano.

Nota: 4/5

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Banda Sonora: I Put a Spell On You, de Natacha Atlas

«I Put a Spell On You», de Natacha Atlas (original de Screamin' Jay Hawkins) - Banda Sonora de «Intervenção Divina», de Elia Suleiman

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

CINEdrio FC conquista primeira edição da Copa A Angústia do Blogger Cinéfilo no Momento do Penalty

E terminou esta semana a primeira edição da Copa A Angústia do Blogger Cinéfilo no Momento do Penalty, com um triunfo para o CINEdrio FC, a equipa da casa. Agora é tempo de arrumar as botas e começar a preparar as equipas para a próxima edição do torneio. Antes disso, estão todos convidados a participar na escolha dos melhores jogadores da competição, bastando para tal seguir este link e votar nos realizadores que acham que devem integrar a melhor equipa de futebolistas realizadores de sempre.

Em Cartaz: Semana 02/02/2012

O Artista, de Michel Hazanavicius
O Grande Milagre, de Ken Kwapis
Crónica, de Josh Trank
Jovem Adulta, de Jason Reitman
Os Marretas, de James Bobin