sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo

«A Última Sessão» deseja a todos os seus leitores um excelente 2012 e com grandes filmes como este. («O Grande Salto», dos Irmãos Coen)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os melhores do ano (estreias)

Na semana passada revelei aqui uma lista dos melhores filmes, recentes ou nem por isso, que tive de oportunidade de ver pela primeira vez este ano. Hoje é a vez de desvendar a lista dos filmes estreados em sala, independentemente do ano, que mais gostei de ver. Faltaram ver alguns 'obrigatórios' («48», «Banksy - Pinta a Parede», «Pequenas Mentiras Entre Amigos», «Eu Vi o Diabo», «Um Dia», «O Barão», «Fora de Jogo», «Isto Não é um Filme», «Histórias de Xangai», «Temos Papa», «Uma Separação», «A Toupeira» e «Diário a Rum», foram os filmes que mais pena tive de não ter visto em sala), que decerto poderiam ter um lugar nesta lista que, como qualquer uma, não é absoluta. É apenas uma lista pessoal e não tem como objectivo ser consensual. Ei-la então:

1 - Um Ano Mais, de Mike Leigh
2 - Os Gatos Persas, de Bahman Ghobadi
3 - O Código Base, de Duncan Jones
4 - Autobiografia de Nicolae Ceausescu, de Andrei Ujica
5 - Submarino, de Richard Ayoade
6 - Tournée - Em Digressão, de Mathieu Amalric
7 - Exército Vermelho Unido, de Kôji Wakamatsu
8 - Inquietos, de Gus Van Sant
9 - Road to Nowhere - Sem Destino, de Monte Hellman
10 - Essential Killing - Matar Para Viver, de Jerzy Skolimowski
11 - Poesia, de Lee Chang-dong
12 - Assim é o Amor, de Mike Mills
13 - Rubber - Pneu, de Quentin Dupieux
14 - Meia Noite Em Paris, de Woody Allen
15 - O Atalho, de Kelly Reichardt
16 - A Minha Alegria, de Sergei Loznitsa
17 - Sangue do Meu Sangue, de João Canijo
18 - O Hospício, de John Carpenter
19 - Mel, de Semih Kaplanoglu
20 - América, de João Nuno Pinto

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

E a história repete-se...

Filme português mais visto leva 20 mil ao cinema


"Nos tempos que correm é uma notícia maravilhosa", diz João Canijo sobre os 20 mil espectadores que foram ver Sangue do Meu Sangue , aludindo ao facto de o número de entradas estar em queda. "No futuro não sabemos se vamos fazer filmes."

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Sedutora Tentação, de Edward Norton (2000)

No final dos anos 1990 e início dos anos 2000 Edward Norton chegou a ser considerado por muitos como um dos melhores actores da sua geração. Apesar de nos últimos anos ter escolhido papéis de menos relevo, é inegável o talento que colocou num bom punhado de interpretações naquela altura. Voltando a essa época, foi no ano 2000 que Edward Norton assinou aquele que é, até à data, o seu único filme enquanto realizador. E o resultado não é o melhor, apesar de uma boa premissa inicial.

«Sedutora Tentação» é a história de dois melhores amigos, um padre (Edward Norton) e outro rabino (Ben Stiller), que vão ter de controlar os sentimentos de amizade e amor quando uma amiga de infância dos dois (Jenna Elfman), com quem formavam um trio inseparável, regressa a Nova Iorque vários anos depois. O problema é que os dois acabam por se apaixonar ao mesmo tempo por Anna e os problemas surgem quando se apercebem disso. Se o rabino Jake aproveita para andar com Anna, mas sem assumir abertamente a relação com receio das reacções da comunidade e do próprio amigo, o padre Brian esconde o sentimento e torna-se o melhor amigo e confidente de Anna, pensando que ela também gosta dele.

É no meio destes desencontros que Edward Norton conta a história de «Sedutora Tentação», um filme que falha como comédia romântica, pois os gags simplesmente não funcionam, e como filme um pouco mais sério, que podia aproveitar e explorar melhor as questões da religião que envolvem as duas personagens principais, mas nunca consegue. As próprias interpretações dos actores por vezes parecem pouco à vontade em algumas cenas. A experiência talvez tenha servido de lição ao actor para não voltar a sentar-se na cadeira de realizador.

Nota: 2/5

Site do filme no IMDB

Banda Sonora: Making Time, de The Creation

«Making Time», de The Creation - Banda Sonora de «Gostam Todos da Mesma», de Wes Anderson

domingo, 25 de dezembro de 2011

Top Wes Anderson

Nunca tive grande hábito de criar tops de realizadores. A verdade é que são poucos os cineastas que tenha visto a obra completa. Mas, como tudo na vida, há sempre uma primeira vez para tudo. E o primeiro top de um realizador aqui no «A Última Sessão» vai ser dedicado a um dos meus realizadores preferidos da actualidade e muito provavelmente de sempre. Eis o meu top de Wes Anderson.

Os Tenembaus - Uma Comédia Genial

Gostam Todos da Mesma

The Darjeeling Limited

Um Peixe Fora de Água

O Fantástico Senhor Raposo

Roda Livre

sábado, 24 de dezembro de 2011

Aonde É Que Pára a Polícia, de David Zucker (1988)

Este não é propriamente um filme para a temporada natalícia, se é que existem filmes adequados para diferentes épocas do ano. Fruto da imaginação da tripla ZAZ (David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker), «Aonde É Que Pára a Polícia» foi a primeira de três adaptações cinematográficas de uma série de televisão do início dos anos 1980 chamada «Police Squad», uma sátira às séries e filmes policiais da altura, que apesar de ter tido algum sucesso apenas teve direito a seis episódios. O que a ajudou a tornar uma daquelas séries de culto.

Tudo em «Aonde É Que Pára a Polícia», do primeiro ao último frame, é puro non sense. Desde a luta inicial, onde o protagonista Frank Drebin (Leslie Nielsen) desanca em todos os ditadores e mais algum que estão reunidos para planear um ataque aos EUA, até à cena final onde o pobre Nordberg (O.J. Simpson) volta a ser o saco de pancada favorito do filme. E é isso que faz deste filme uma daquelas comédias que nos faz rir com as coisas mais parvas possíveis e imaginárias e com grandes tiradas. Não é que esta possa ser considerada a melhor comédia de sempre, mas se estivermos com espírito para tal, garante grandes gargalhadas. O que até foi o caso, noutras alturas talvez achasse isto uma idiotice pegada.

Nota: 4/5

Site do filme no IMDB

Os Melhores filmes vistos em 2011

Esta é a primeira de duas listas dedicadas aos filmes que mais gostei de ver em 2011. Começo com a lista dos filmes mais antigos (ou nem por isso) que vi pela primeira vez em 2011 e que mais gostei. Para a semana será divulgada a lista com os filmes estreados ao longo dos últimos meses e que considerei ser os melhores. Espero que gostem de ambas. Neste caso, é uma boa oportunidade para conhecerem aqueles que não conhecem.

(Nota: esta lista não tem ordem específica de preferência, os filmes são listados por ordem de visionamento)

1 - Os Filhos da Noite, de Nicholas Ray
2 - A Quadrilha Selvagem, de Sam Peckimpah
3 - O Samurai, de Jean-Pierre Melville
4 - Juventude Inquieta, de Francis Ford Coppola
5 - Johnny Guitar, de Nicholas Ray
6 - Mónica e o Desejo, de Ingmar Bergman
7 - Sorrisos de uma Noite de Verão, de Ingmar Bergman
8 - Intriga Internacional, de Alfred Hitchcok
9 - O Denunciante, de John Ford
10 - Fantasia Lusitana, de João Canijo
11 - A Bela de Dia, de Luis Buñuel
12 - O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene
13 - A Fonte da Virgem, de Ingmar Bergman
14 - Laura, de Otto Preminger
15 - Rio Bravo, de Howard Hawks
16 - Antes do Amanhecer, de Richard Linklater
17 - A Noite de Iguana, de John Huston
18 - O Dinheiro, de Marcel L'Herbier
19 - O Desconhecido do Norte Expresso, de Alfred Hitchcock
20 - Finisterrae, de Sergio Caballero
21 - Gravitty Was Everywhere Back Then, de Brent Green
22 - Neds, de Peter Mullan
23 - Noites de Singapura, de Peter Bogdanovich
24 - A.I. Inteligência Artificial, de Steven Spielberg
25 - Os Rapazes da Geral, de Marcel Carné
26 - O Gigante, de George Stevens
27 - O Fantasma do Paraíso, de Brian de Palma
28 - Uma Noite na Ópera, de Sam Wood
29 - Dia de Férias, de Dino Risi
30 - La France, de Serge Bozon
31 - Tempos Modernos, de Charles Chaplin
32 - The Boss of it All, de Lars Von Trier
33 - Há Festa na Aldeia, de Jacques Tati
34 - As Férias do Senhor Hullot, de Jacques Tati
35 - O Comboio das 3:10, de Delmer Davies
36 - Trilogia O Padrinho, de Francis Ford Coppola
37 - O Dia da Saia, de Jean-Paul Lilienfeld
38 - A Lista de Schindler, de Steven Spielberg
39 - Forty Guns, de Samuel Fuller
40 - A Verdade e o Medo, de Fritz Lang
41 - Genealogias de um Crime, de Raul Ruiz
42 - Cidade nas Trevas, de Fritz Lang
43 - O Segredo da Juventude, de René Clair
44 - As Bonecas da Califórnia, de Robert Aldrich
45 - Uma Mulher Sob Influência, de John Cassavettes
46 - O Nascimento de uma Nação, de David W. Griffith
47 - As Sete Ocasiões de Pamplinas, de Buster Keaton
48 - Lola, de Jacques Demy
49 - Le Nom des Gens, de Michel Leclerc
50 - Frankenstein, de James Whale
51 - Os Amantes da Ponte Nova, de Leos Carax
52 - O Fantástico Senhor Raposo, de Wes Anderson
53 - Em Plena Selva, de Tod Browning
54 - Alphaville, de Jean-Luc Godard
55 - Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, de Vincente Minneli
56 - Jovem e Inocente, de Alfred Hitchcock
57 - Namorico, de Max Ophuls
58 - Trilogia 3 Cores de Krzysztof Kieslowski

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Merry Christmas We Wish You

«A Última Sessão» deseja aos seus leitores um Feliz Natal

Em Cartaz: Semana 22/12/2012

Niko - Na Terra do Pai Natal, de Michael Hegner e Kari Juusonen
O Rei Leão 3D, de Roger Allers e Rob Minkoff
O Quebra-Corações, Pascal Chaumeil
O Miúdo da Bicicleta, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
O Diário a Rum, de Bruce Robinson
A Toupeira, de Tomas Alfredson

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Banda Sonora: Stuck in the Middle with you, de Stealers Wheel

«Stuck in the Middle with you», de Stealers Wheel - Banda Sonora de «Cães Danados», de Quentin Tarantino

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Banda Sonora: A Real Hero, de College feat. Electric Youth

«A Real Hero», de College feat. Electric Youth - Banda Sonora de «Drive - Risco Duplo», de Nicolas Winding Refn

sábado, 10 de dezembro de 2011

Drive - Risco Duplo, de Nicolas Winding Refn (2011)

Pelo que tenho lido nos últimos dias, este parece ser um daqueles filmes que irá gerar ódios e paixões. No meu caso, fico-me pelo meio termo, pois «Drive - Risco Duplo» é um filme que não aquece nem arrefece. Tal como já tinha acontecido quando vi a anterior obra de Nicolas Winding Refn (aqui). Vendo os dois filmes em pouco tempo encontramos alguns aspectos que fazem com que os dois sejam um pouco semelhantes: o excesso de violência estilizada, poucos diálogos, uma bela fotografia e uma grande banda sonora.

Em «Drive - Risco Duplo» muda um aspecto. A acção já não decorre na Idade Média, mas nos dias de hoje. No centro da acção encontramos um duplo de Hollywood e funcionário de oficina que participa como condutor em assaltos nas horas vagas. Tal como a personagem Um-Olho de «Valhalla Rising - Destino de Sangue», também neste caso a personagem principal não tem nome próprio. Esta dupla vida e o facto de ter travado conhecimento com a vizinha do lado, cujo marido está preso, vão mudar a vida do condutor, quando este aceita participar num assalto com o vizinho para que este possa saldar a dívida. Só que o assalto corre mal e o condutor engendra um plano de vingança para tentar descobrir o que se passou.

Um dos problemas de «Drive - Duplo Risco» (e sei que ao dizer isto corro o risco de entrar em contradição) é que tudo parece estar no lugar certo. Mas quando começamos a retirar as camadas, o filme parece um pouco vazio. Está bem filmado, não há dúvidas. Só a sequência inicial vale por muitos filmes de acção que por aí andam. Peca contudo ao insistir na tal estilização da violência, o que também já tinha acontecido no anterior filme de Nicolas Winding Refn. E aqui fico-me apenas pela cena do elevador (podia falar de mais uns quantos, mas iria estragar as surpresas a quem gosta deste tipo de cenas), filmada em câmara lenta. Recurso, aliás, bastante utilizado no filme e que às vezes se torna um pouco irritante.

A estética e a banda sonora muito anos 1980 adequam-se perfeitamente à história, que consegue fugir precisamente ao tal filme de acção mais convencional. E isso é também um dos pontos fortes. Já as actuações, tirando o protagonista Ryan Gosling, que prova uma vez mais a sua versatilidade (este papel não poderia ser mais diferente do que vimos nos recentes «Nos Idos de Março» e «Amor, Estúpido e Louco»), ficam um pouco aquém do esperado. A dupla de mafiosos então, interpretada por Albert Brooks e Ron Perlman, parece ser bastante forçada. Fazendo um trocadilho com o filme, quase que podíamos dizer que foi ali enfiada a martelo. Mesmo que as duas personagens não sejam melhores amigos, falta ali qualquer coisa para aquela relação entre mafiosos funcionar.

Não quero com isto dizer que «Drive - Risco Duplo» seja um mau filme. Nada disso. É um daqueles filmes que se vê bem e até enche o olho. Quem gosta de Cinema, sobretudo quem não quer ver mais um daqueles filmes de acção chapa 4, não sai defraudado da sessão. O problema é mesmo quando começamos a pensar um pouco mais a sério nele, por vezes mesmo durante o visionamento, e parece um pouco vazio. Mesmo sendo um dos filmes obrigatórios do ano, não consigo perceber tanto alarido. Nem a favor, nem contra. Talvez o meu problema tenha sido o facto de ter entrado na sessão com as expectativas demasiado elevadas.

Nota: 3/5

Site oficial do filme

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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Cães Danados, de Quentin Tarantino (1992)

Se Quentin Tarantino é um dos realizadores mais aclamados nos dias de hoje, tal deve-se sobretudo a «Pulp Fiction», filme que lhe abriu as portas da Sétima Arte em 1994 quando conquistou a Palma de Ouro em Cannes e três nomeações para os Óscares (Melhor Filme, Realizador e Argumento Original, assinado a meias com Roger Avary), das quais ganharia uma estatueta. Mas foi dois anos antes que o ex-empregado de um videoclube que afirma nunca ter estudado Cinema (assim reza a lenda) começou a dar nas vistas no Festival de Sundance, a Meca do cinema independente, onde apresentou «Cães Danados».

Tudo o que vemos nesta obra de estreia (oficialmente, pois há quem diga que Tarantino fez um outro filme nos anos 1980 mas que é hoje renegado por ele próprio) vamos encontrar mais tarde na restante obra do realizador. Em primeiro lugar temos uma homenagem a um género específico. Neste caso trata-se de um policial de série B que retrata o rescaldo de um assalto a uma joalharia que corre mal, pois um dos elementos do grupo de assaltantes traiu o golpe avisando a polícia. Outro dos aspectos reconhecíveis na filmografia de Tarantino são os diálogos, escritos de forma imaculada e quase perfeitos. Logo o primeiro, quando os assaltantes falam sobre «Like a Virgin», de Madonna, indicia mais um dos amores de Tarantino: as grandes bandas sonoras de autores meio perdidos no tempo, mas que ficam no ouvido. É também através destes diálogos que o realizador homenageia os seus ídolos. Para os mais atentos, em «Cães Danados» encontramos um diálogo sobre Pam Grier, actriz que mais tarde foi escolhida para interpretar «Jackie Brown».

A forma como a história é contada, através de inúmeros flashbacks que servem para apresentar as personagens, é outra das imagens de marca do realizador, que irá ser aprofundada mais tarde nos filmes seguintes. Por fim, temos as personagens sui generis e os actores escolhidos para as interpretar. Neste primeiro filme ainda não temos grandes estrelas, mas encontramos nomes com algum estatuto: Harvey Keitel, Chris Penn, Michael Madsen, Steve Buscemi ou Tim Roth, por exemplo. «Cães Danados» não é um filme perfeito, mas está lá perto. Foi a primeira grande homenagem que Tarantino fez a um certo tipo de Cinema que o realizador gosta e que continuaria a fazer ao longo da sua carreira quando abordou filmes Blaxploitation («Jackie Brown»), filmes de ninjas (o díptico «Kill Bill»), grindhouse («À Prova de Morte») ou um certo tipo de western spaghetti adaptado à II Guerra Mundial («Sacanas Sem Lei»). E este é um daqueles filmes que quase pode ser visto como uma declaração de interesses de um realizador estreante, que resolve mostrar as cartas e ao que vai logo na primeira obra.

Nota: 4/5

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Em Cartaz: Semana 08/12/2012

Uma Casa Para o Natal, de Hjelm til Jul
Transgressão, de Joel Schumacher
Os Olhos da Guerra, de Danis Tanovic
O Menino Nicolau, de Laurent Tirard
Drive - Risco Duplo, de Nicolas Winding Refn
Happy Feet 2, de George Miller

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Banda Sonora: Happy Together, de The Turtles

«Happy Together», de The Turtles - Banda Sonora de «Inadaptado», de Spike Jonze

domingo, 4 de dezembro de 2011

Trilogia 3 Cores, de Krzysztof Kieslowski (1993-1994)

Há obras que têm de ser vistas em conjunto, mesmo quando são feitas por episódios. É esse o caso de «Azul», «Branco» e «Vermelho», a chamada trilogia 3 Cores realizada por Krzysztof Kieslowski no início dos anos 1990 e que acabariam por ser os últimos filmes do realizador polaco. A trilogia partiu, simplificando um pouco esta parte, de uma premissa simples: fazer três filmes dedicados a um tema correspondente às três cores da bandeira de França. Os filmes foram precisamente Azul (Liberdade), Branco (Igualdade) e Vermelho (Fraternidade), que apesar de poderem ser vistos de forma independente, devem ser vistos de seguida pois têm alguns pontos de contacto, pequenos pormenores é certo, mas que acabam por se juntar todos no último filme «Vermelho».

E se a ideia inicial parece ser algo de muito complicado, o resultado acaba por ser um conjunto de filmes tão simples, como belos, cada um à sua maneira específica. Começa com «Azul», a história de Julie (Juliette Binoche, muito bem, como é hábito), a esposa de um famoso compositor que perde o marido e o filho logo no início do filme. Depois de um período em que não sabe como reagir à morte dos seus familiares, o regresso à normalidade, desta vez sozinha, e a descoberta de alguns factos do passado do marido, fazem-na renascer, de uma certa forma.

No episódio do meio, «Branco», a história centra-se em Karol Karol (Zbigniew Zamachowski), um polaco que regressa à Polónia depois de se divorciar da esposa Dominique (Julie Delpy). Completamente de rastos Karol engendra um plano para enriquecer, imitando os pequenos criminosos locais e com a ajuda do companheiro que o ajudou a regressar a casa. No final descobrimos o verdadeiro objectivo de Karol e aquele plano final do filme é qualquer coisa para nos deixar arrebatados.

Tudo termina em «Vermelho», dos três filmes o que tem aspectos um pouco mais bizarros, se assim se pode dizer, mas sem contudo deixar de ser um grande filme. Tudo devido à relação que surge entre Valentine (Irène Jacob), uma jovem modelo que vive uma relação à distância por telefone, e um juiz reformado (Jean-Louis Trintignant) que vive perto de si. Os dois conhecem-se quando a jovem atropela a cadela do juiz e ao ir a casa do ancião descobre que ele escuta as conversas das pessoas. De início fica irritada com aquela atitude, mas à medida que os dois se vão conhecendo a relação evolui e ambos percebem as razões que os levam a ter determinadas atitudes.

Escolher dos três filmes qual é o melhor ou mesmo o preferido é bastante complicado, pois cada uma das cores tem as suas peculiaridades e todos os três filmes foram feitos de forma diferente, mas ao mesmo tempo complementar. Não há uma forma idêntica de filmar, as histórias podem até ter uma base comum (as relações entre as pessoas) e um tema específico, mas todos estão feitos de forma a conseguir uma daquelas obras que funcionam como um somatório das partes. Um dos aspectos que mais se nota na diferenciação entre os três filmes, além da forma de filmar em si, é a fotografia, que difere um pouco entre cada um dos episódios. E, para concluir, a Trilogia 3 Cores de Krzysztof Kieslowski é uma das obras fundamentais do Cinema europeu dos anos 1990.

Nota: 4/5





sábado, 3 de dezembro de 2011

Melancolia, de Lars Von Trier (2011)

Lars Von Trier é um realizador ambíguo e como poucos é capaz de gerar ódios e amores como quem muda de camisa. Basta ver a recente polémica do Festival de Cannes quando apresentou precisamente «Melancolia». Polémicas à parte, goste-se ou não do enfant terrible dinamarquês, o que é certo é que estamos perante um dos grandes filmes deste final de ano. Uma vez mais não é um filme de digestão fácil aquele que Von Trier nos apresenta, esta história de duas irmãs que se aproximam quando o mundo está perto do fim.

Dividido em duas partes, com o nome de cada uma das irmãs (Justine: Kirsten Dunst; Claire: Charlotte Gainsbourg), «Melancolia» começa por relatar o dia de casamento de Justine que acaba da pior forma possível, quando durante o copo de água a noiva se apercebe que se calhar não tem estômago para uma vida a dois. As pressões são tantas e vêm de tantos lados que Justine acaba por colapsar e entra em depressão, deixando partir todos os que gostavam dela. Esta primeira parte é toda de Dunst, que consegue ter uma das suas melhores interpretações.

Na segunda parte, Justine é convidada por Claire para passar uns dias em sua casa para recuperar do estado depressivo em que se encontra. Este período coincide com a aproximação do planeta Melancolia, que está em rota de colisão com a Terra e caso isso aconteça será o fim do mundo. Desta vez Justine é relegada para segundo plano e o filme passa a centrar-se em Claire, que não consegue lidar com a possibilidade do fim do mundo, apesar de o seu marido, um cientista com conhecimentos de astronomia, a tentar convencer que não se passa nada.

«Melancolia» não é um grande filme devido à história, que é simples: a relação entre duas irmãs antes do fim do mundo. O novo Von Trier é um grande filme devido à forma como consegue captar a essência e os sentimentos das personagens num período complexo. E tem uma fotografia belíssima que aproveita os cenários, a acção decorre praticamente sempre no castelo do marido de Claire, para nos levar para aquele ambiente. O único aspecto negativo para mim, mas isso é mais a nível de gosto pessoal, é uma certa forma como a primeira parte é filmada: muita câmara à mão que por vezes nos deixa um pouco tontos com tantas mudanças bruscas de direcção. Fora isso, «Melancolia» é mesmo um dos melhores filmes que estrearam nos últimos tempos e vai muito em linha com o que Von Trier já tinha feito no anterior «Anticristo».

Nota: 4/5

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Inadaptado, de Spike Jonze (2002)

Em 1999 a dupla Spike Jonze e Charlie Kaufman juntou esforços, o primeiro enquanto realizador e o segundo como argumentista, para nos dar um genial filme chamado «Queres Ser John Malkovich?». O filme acabou também por marcar a estreia de ambos na Sétima Arte. Três anos depois regressaram ao trabalho e o resultado não poderia ter sido melhor. «Inadaptado» conta a história de um argumentista, o próprio Kaufman, interpretado por Nicholas Cage, no rescaldo de «Queres Ser John Malkovich?» com dificuldade em escrever um novo argumento, devido a um bloqueio criativo. O tema do novo argumento, uma história sobre um caçador de orquídeas, não ajuda muito e a pressão em cima de Kaufman, que vem de todos os lados, desde o estúdio que não vê resultados ao gémeo Donald que tem mais sucesso do que Charlie apesar de não levar as coisas tão a sério, apenas pioram a situação.

«Inadaptado» é um daqueles grandes filmes, um dos melhores da última década, que nos faz pensar e puxar pela cabeça, tal como o anterior filme desta dupla já tinha feito bastante bem. E o filme não é mais do que um jogo entre o Kaufman e o espectador, algo que o argumentista é especialista (basta ver a sua estreia na realização «Sinédoque, Nova Iorque», também bastante recomendável, ou os argumentos que escreveu para Michel Gondry), criando labirintos e narrativas cruzadas que às tantas não conseguimos destrinçar se aquele bloqueio existiu de facto ou não. O que é certo é que perto do final a história avança por caminhos que poderiam ter sido escritos por Donald Kaufman, personagem que não existe na realidade a não ser no filme. Isto apesar de o filme ser assinado por Charlie e Donald Kaufman, em mais um jogo de espelhos magnífico.

A cereja no topo do bolo é mesmo a interpretação de Nicholas Cage, no papel dos dois gémeos, que nos faz lembrar que o sobrinho de Copppola quando quer até consegue ser um bom actor. Pena que esta faceta nos últimos anos esteja cada vez mais desaparecida. Junto de Cage encontramos ainda uma genial dupla (Meryl Streep e Chris Cooper) que uma vez mais está à altura do que lhes é pedido, e que ajudam «Inadaptado» a ser não só um dos grandes filmes da primeira década do século XX, como um daqueles filmes que dá gosto ver e rever, pois descobrimos sempre algo de novo.

Nota: 5/5

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Em Cartaz: Semana 01/12/2011

Anónimo, de Roland Emmerich
A Dívida, de John Madden
O Gato das Botas, de Chris Miller
Melancolia, de Lars von Trier

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Drácula de Bram Stoker, de Francis Ford Coppola (1992)

Quando revemos filmes que gostávamos bastante quando éramos mais novos por vezes corremos o risco de ficar desiludidos. Acabou de me acontecer isto ao rever «Drácula de Bram Stoker», a adaptação do romance gótico de Bram Stoker assinada por Francis Ford Coppola, realizador que admiro bastante. Não quero com isto dizer que o filme seja mau. Antes pelo contrário, é um grande filme de terror e faz justiça à obra que pretende adaptar. Mas vinte anos depois pareceu-me um filme que envelheceu mal, perdoem-me os fãs do filme.

Drácula é uma daquelas personagens que já chegou ao cinema através de inúmeros olhares. Dos mais clássicos «Nosferatu» ou «Drácula», realizados por F. W. Murnau e Tod Browning, respectivamente, aos mais recentes «Drácula 2000» (Patrick Lussier) ou «Lust for Dracula» (Tony Marsiglia). Em 1992 foi a vez de Francis Ford Coppola pegar na obra de Bram Stoker e filmar a história do vampiro, interpretado magistralmente por Gary Oldman, um dos melhores actores a interpretar vilões (o que neste caso até pode ser discutível). Os acontecimentos do filme centram-se na ida de Drácula a Inglaterra para ir ao encontro de Mina (Winona Ryder), a noiva do advogado Jonathan Harker (Keanu Reeves), que foi à Transilvânia levar um contrato de compra de propriedades em Londres a Drácula. As semelhanças de Mina com a esposa do conde, cujo trágico destino ficamos a conhecer no início do filme e que fez com que Drácula se torna-se no que é, levam o vampiro a seguir para Londres para a tentar conquistar. O resto é conhecido, com a perseguição levada a cabo por Van Helsing (Anthony Hopkins) para apanhar o seu inimigo.

Um dos grandes pontos fortes desta adaptação do romance de Bram Stoker é a recriação da época e do ambiente gótico, que se nota em inúmeros pormenores: desde o castelo de Drácula às ruas de Londres, passando pelo hospício onde está internado o louco Reinfeld (Tom Waits), servo de Drácula, e até na caracterização dos actores. O que acaba por desiludir são alguns efeitos especiais, que apesar de não serem maus, ficaram datados e ofuscam um bocado os pormenores góticos tão bem conseguidos. E a própria forma de filmar é um pouco distante do melhor Coppola, que no início dos anos 1990 era um realizador um pouco à deriva. Mesmo assim este é capaz de ser um dos seus melhores filmes, senão mesmo o melhor, desta fase.

Nota: 3/5

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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Inquietos, de Gus Van Sant (2011)

Já aqui referi a estreia de «Inquietos», a mais recente longa-metragem de Gus van Sant, a propósito de «50/50». O tema é semelhante, mas a forma como é tratado nos dois casos não podia ser mais distante. Se o último é uma comédia dramática, sobre um jovem que enfrenta o cancro como uma luta, tentando ser positivo com a ajuda dos que lhe são próximos, «Inquietos» é o completo oposto, apesar de mesmo assim as personagens não verem o cancro como uma fatalidade, mas algo que infelizmente acontece. Como se se resignassem ao facto de uma das personagens poder morrer devido à doença e não ter muito a fazer se não aguardar a morte.

E é um grande filme. Arriscaria mesmo dizer que a história de amor entre Enoch (Henry Hopper, filho de Dennis Hopper, a quem este filme é dedicado) e Annabel (Mia Wasikowska, cada vez mais um talento em crescendo) captada por Gus van Sant é um dos mais belos filmes do ano. Ambos os protagonistas são jovens que vivem uma fase complicada da vida e o encontro entre os dois vai dar-lhes uma oportunidade para ultrapassarem os seus problemas juntos. Mesmo sabendo que alguns são inultrapassáveis. Enoch tenta afastar o luto pela morte dos pais e Annabel a doença que sabe ser fatal. Durante aqueles poucos meses em que ambos se apaixonam e vivem uma relação intensa tudo parece ser possível.

Com uma bela fotografia e uma bem conseguida banda sonora assinada por Danny Elfman, «Inquietos» não é um dos filmes mais experimentalistas de Van Sant, como «Elephant», «Gerry» ou «Last Days», mas antes um filme mais simples quando comparado com algumas obras recentes do cineasta. No campo da interpretação, é bom ver que Dennis Hopper deixou descendência à altura, apesar de se notar que Henry ainda precisa de evoluir mais. Mas neste primeiro papel já fez lembrar um pouco o pai quando era mais novo. Quanto a Mia Wasikowska, nada a apontar, a não ser que esta é uma das melhores jovens actrizes que tem surgido nos últimos anos. A versatilidade das suas interpretações volta a ser posta à prova neste filme onde, uma vez mais, consegue brilhar.

Nota: 4/5

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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Banda Sonora: Two of Us, de The Beatles

«Two of Us», de The Beatles - Banda Sonora de «Inquietos», de Gus van Sant

sábado, 26 de novembro de 2011

As Consequências do Amor, de Paolo Sorrentino (2004)

Quando realizou «Il Divo - A Vida Espectacular de Giulio Andreotti» em 2008, um retrato do ex-presidente italiano Giulio Andreotti movido a anfetaminas, o realizador Paolo Sorrentino tornou-se um dos nomes mais conhecidos da cinematografia italiana recente. Mas foi com a sua segunda obra «As Consequências do Amor», realizado quatro anos antes, que começou a cimentar o seu espaço na Sétima Arte. Em comum a ambos os filmes encontramos pelo menos dois aspectos: Toni Servillo como actor principal e um modo de filmar bastante peculiar, com movimentos de câmara que por vezes parecem estranhos mas que se adequam perfeitamente à narrativa e à banda sonora, em tons de electrónica.

Em «As Consequências do Amor» travamos conhecimento com Titta di Girolamo (Toni Servillo), um homem com perto de 50 anos que vive sozinho num hotel situado na Suíça. Homem de poucas palavras e com uma maneira um pouco distante de ver o mundo e de lidar com todos os que o rodeiam, Titta acaba por se apaixonar por Sofia (Olivia Magnani), a empregada do bar do hotel onde vive, e o castelo que pensava ter erigido começa a desmoronar-se. Tal como ele já tinha previsto ao escrever uma nota, num dos momentos onde tenta evitar contacto com Sofia para não se ligar a ela, onde diz para não subestimar as consequências do amor.

É a história deste homem solitário, filmada através da tal forma peculiar de Sorrentino, estilo que será aprofundado mais tarde em «Il Divo...», que faz de «As Consequências do Amor» um filme que mesmo não sendo um dos grandes filmes italianos dos últimos anos, merece uma vista de olhos. Quem gostou do já citado «Il Divo...» vai de certo gostar de ver o início de carreira do realizador e pode contar com mais uma grande interpretação de Toni Servillo.

Nota: 3/5

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Os Tenenbaums - Uma Comédia Genial, de Wes Anderson (2001)

Um dos realizadores norte-americanos da actualidade que mais aprecio, como já aqui tive oportunidade de referir quando escrevi sobre «O Fantástico Sr. Raposo», é Wes Anderson. E o grande culpado é este grande (para não dizer enorme) filme, realizado no início da década passada e que deve ser, muito provavelmente, o filme que mais vezes vi e há-de ser sempre um dos meus favoritos. Não só é um grande filme sobre uma família disfuncional, cujo 'chefe de família' Royal Tenenbaum é um dos melhores personagens a quem Gene Hackman deu vida (apenas uma no historial deste actor que tem andado um pouco afastado da ribalta), mas também porque todo o filme faz parte de um universo muito bem criado. Esta capacidade de criar universos bastante peculiares é precisamente uma das características que mais me agrada na obra de Wes Anderson.

Falando particularmente de «Os Tenenbaums - Uma Comédia Genial», esta é a história de uma família meio estranha cujos alicerces começam a ruir quando Royal decide separar-se da esposa Etheline (Angelica Huston), decisão que vai ter grande influência negativa no crescimento dos três filhos prodígio do casal: Chas (Ben Stiller), um génio da alta finança, Richie (Luke Wilson), um ás precoce do ténis, e Margot (Gwyneth Paltrow), filha adoptiva do casal e autora de diversas peças de teatro. Depois de um genial início onde a história da família é contada como se fosse o prólogo de um livro (aliás o filme está precisamente separado por capítulos como se fosse mesmo um livro que estamos a ver em vez de ler), regressamos ao presente, quando Royal descobre que a sua esposa (o casal nunca se chegou a divorciar de facto) está prestes a receber uma proposta de casamento de Henry Sherman (Danny Glover), o contabilista da família. Royal planeia então regressar a casa e tentar redimir-se e recuperar o tempo perdido, inventando um cancro que lhe daria poucos dias de vida.

É este regresso do pai 'pródigo' que espoleta um conjunto de reacções em cadeia que mexe com todos os três filhos e faz deste filme um daqueles momentos mágicos de cinema onde tudo está no lugar certo. A história, os personagens, a fotografia, a banda sonora e por aí fora. Até Owen Wilson, actor que não consigo ser grande fã, a não ser precisamente nos filmes filmes de Wes Anderson, e que aqui assina também o argumento (o que não é inédito na obra do realizador), consegue estar à altura do filme. E tem um dos finais que mesmo sendo triste consegue ser ao mesmo tempo belo e irónico (e não são todos os filmes de Anderson um pouco irónicos?) como poucos conseguem ser. Que nos deixa com uma lágrima no canto do olho e com um sorriso nos lábios. Este é mesmo um daqueles filmes para ver e rever, vezes sem conta.

Nota: 5/5

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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

50/50, de Jonathan Levine (2011)

(crítica com spoilers)
Abordar um tema como o cancro não é fácil. Curiosamente estrearam recentemente dois filmes com esta temática: «Inquietos», de Gus van Sant, e «50/50», de Jonathan Levine. Se o primeiro tem um teor mais dramático (não posso abordá-lo demasiado por ainda não o ter visto, algo que deverá estar para breve), o segundo é uma comédia dramática sobre a luta pela vida de um jovem de 27 anos que descobre ter um cancro bastante raro e cujas hipóteses de sobrevivência são 50/50.

Protagonizado por Joseph Gordon-Levitt, com uma interpretação à altura do que nos tem vindo a habituar, o terceiro filme de Jonathan Levine vai um bocado no caminho do anterior «Wackness - À Deriva», ao ser um daqueles filmes indie feel good com uma boa história que acaba por se perder no caminho. «50/50» falha sobretudo por ter demasiados clichés que o tornam bastante previsível e infelizmente não traz muito de novo. Já sabemos por quem a personagem principal se vai apaixonar, que os seus companheiros de quimioterapia mais velhos são levados da breca, etc., etc.

A interpretação de Gordon-Levitt está fabulosa, como já referi dentro do registo normal deste grande actor que tem conseguido gerir uma boa carreira entre o cinema independente e um cinema mais popular, e a presença de Seth Rogen como melhor amigo de Adam (Joseph Gordon-Levitt) foi uma boa escolha, pois nota-se mesmo uma grande empatia entre os dois actores. E não nos podemos esquecer que a presença de Rogen é sempre garantia de bons momentos divertidos, que balançam com os períodos mais complicados da vida de Adam. O esforço de ambos merecia ter sido mais bem recompensado, num filme que acaba por não ser mais do que um feel good movie com muito potencial perdido. E Jonathan Levine volta a não convencer-me, apesar de ter o mérito de ter conseguido não cair num tom mais lamechas que o tipo de filme que «50/50» é facilmente poderia ter.

Nota: 3/5

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Em Cartaz: Semana 24/11/2011

Imortais, de Tarsem Singh
Um Método Perigoso, de David Cronenberg
Arthur Christmas, de Sarah Smith
Habemus Papam - Temos Papa, de Nanni Moretti

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Nos Idos de Março, de George Clooney (2011)

Seis anos depois de «Boa Noite, e Boa Sorte», um dos melhores filmes dos últimos dez anos vindos dos lados de Hollywood, George Clooney volta a realizar um filme político. Infelizmente, o resultado fica bastante longe do título protagonizado por David Strathairn sobre o 'confronto' entre o jornalista Edward R. Murrow e o senador Joseph McCarthy, em plena época da caça às bruxas (comunistas). Mas há alguns pontos de contacto entre os dois: um grande elenco, sobretudo a nível de secundários (Marisa Tomei, Paul Giamatti, Philip Seymour Hoffman ou o próprio Clooney), a temática política e até, apesar de ser um aspecto pouco abordado, um certo olhar sobre os Media.

«Nos Idos de Março» é a história de Stephen Meyers (Ryan Gosling, um dos melhores actores da actualidade, para mim, e que está a atravessar um período de estado de graça), um homem com cerca de 30 anos que é um dos principais responsáveis pela campanha eleitoral do governador Mike Morris (George Clooney), um dos candidatos democratas à Casa Branca. O filme relata um período específico que remonta às primárias do partido realizadas no estado do Ohio, considerado fundamental para as aspirações dos dois candidatos.

Mas não é a campanha em si que está no centro do filme, antes os meandros dessa mesma campanha e os jogos de bastidores, nem sempre muito claros, que acabam por colocar Stephen no olho do furacão: quando surgem várias pequenos incidentes que podem pôr em causa a campanha de Morris ou mesmo a carreira de Stephen, todos se começam a mexer para aproveitar a situação. Uns melhor do que os outros, como sempre, e com mais ou menos escrúpulos. Esta faceta está muito bem representada e talvez «Nos Idos de Março» possa ser visto como um certo olhar desiludido sobre a política norte-americana e os tais jogos de bastidores um pouco obscuros.

Tudo o resto peca por ser pouco explorado. As várias histórias que vão ocorrendo acabam por ser despachadas à velocidade da luz, sobretudo à medida que o filme se vai aproximando do filme, e dois dos principais secundários (Giamatti e Seymour Hoffman) estão um pouco mal aproveitados, quase como que para encher um buraco. Resta uma boa interpretação de Gosling e um ou outro achado, mas não chega para fazer um bom filme.

Nota: 3/5

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Jovem e Inocente, de Alfred Hitchcock (1937)

«Jovem e Inocente» foi o penúltimo filme de Alfred Hitchcock feito no Reino Unido e já nessa altura o realizador mostrava azo de vir a ser um dos mestres do suspense. Este filme, de 1937, não foge à regra ao contar a história de Robert Tisdall (Derrick De Marney), um homem que se vê acusado do homicídio de uma célebre actriz, que apenas vemos no início do filme: quando tem uma discussão com o seu marido e mais tarde numa excelente sequência onde Hitchcock nos baralha com um braço que parece pertencer a um banhista a nadar, até que acabamos por nos aperceber que o braço pertence ao cadáver da actriz a dar à costa.

Uma pequena confusão provocada por duas jovens que acusam Robert de ter fugido do local do crime, quando apenas pretendia alertar as autoridades, faz avançar uma trama bem conhecida dos fãs dos filmes de Hitchcock: a fuga de um inocente enquanto tenta provar a sua inocência com a ajuda de uma companheira. Neste caso trata-se da filha de um dos chefes da polícia que está no encalço de Robert, o que acaba por causar problemas a todos. E, uma vez mais, o que acaba por interessar a Hitchcock é a relação entre o par e não necessariamente o assassinato da actriz, que facilmente sabemos quem foi.

Dois grandes momentos de «Jovem e Inocente» dão também mostras do gosto que Hitchcock tinha em deixar a audiência em suspense: a cena da mina, quando Erica (Nova Pilbeam), a amada de Robert, está prestes a cair nas profundezas, e todo o final do filme, quando encontramos o assassino e o seu tique que acaba por ser a marca que nos ajuda a identificá-lo. A forma como esta sequência está feita mostra toda a genialidade do mestre Hitchcock.

Para os curiosos, o filme pode ser visto no YouTube, o link está aí em baixo.

Nota: 4/5

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Banda Sonora: Love Like A Sunset Part I, de Phoenix

«Love Like A Sunset Part I», de Phoenix - Banda Sonora de «Somewhere - Algures», de Sofia Coppola

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

TCN Blog Awards 2011: A Última Sessão nomeado na categoria de Melhor Artigo

Acabam de ser conhecidos os nomeados da edição deste ano dos TCN Blog Awards, iniciativa promovida pelo blogue Cinema Notebook que visa distinguir o que de melhor se faz na blogosfera portuguesa dedicada ao Cinema e Televisão. Tal como no ano passado, quando este cantinho recebeu uma nomeação, que confesso que muito me orgulhou, na categoria de Melhor Novo Blogue, «A Última Sessão» volta a estar no lote dos nomeados, desta vez na categoria de Melhor Artigo, pelo texto «Para onde vão os espectadores do Cinema português?». A concorrência é demasiado forte, e tal como no ano passado, não conto ganhar. De qualquer forma, as votações arrancam amanhã no Cinema Notebook e convido-vos a conhecer os restantes candidatos, alguns muito mais fortes do que o meu texto, e a votar. Aproveito também para dar os parabéns aos restantes candidatos em todas as categorias, que merecem tanto ou mais do que eu. Os vencedores vão ser conhecidos no próximo dia 7 de Janeiro.

Banda Sonora: Fantastic Mr. Fox aka Petey's Song, de Jarvis Cocker


«Fantastic Mr. Fox aka Petey's Song», de Jarvis Cocker - Banda Sonora de «O Fantástico Senhor Raposo», de Wes Anderson

Em Plena Selva, de Tod Browning (1928)

Tod Browning e Lon Chaney, não há que enganar, formaram uma das grandes duplas do cinema mudo. O primeiro como realizador e o segundo como actor, fizeram 10 filmes em conjunto durante os anos 1920 e a parceria só não deu mais frutos, inclusive na versão de «Drácula» assinada por Browning, que queria ter Chaney no papel do conde, devido à morte precoce do actor aos 47 anos. O azar de uns, abriu portas a outros e a mítica adaptação do romance de Bram Stoker feita por Tod Browning para a Universal acabou por dar à Sétima Arte uma outra lenda dos filmes de terror: Bela Lugosi.

«Em Plena Selva» («West of Zanzibar», no original) foi o nono dos dez filmes de Browning protagonizado por Chaney e uma vez mais somos transportados para ambientes à margem da sociedade e de certa forma com tons onde reina o macabro e o estranho. Tudo começa quando o mágico Phroso (Lon Chaney) descobre que a sua esposa e companheira de palco Anna (Jacqueline Gadsden) vai fugir com o amante Crane (Lionel Barrymore, outro actor conhecido dos fãs do realizador). Antes da fuga propriamente dita e numa luta entre os dois Phroso cai de uma altura elevada e fica paralítico.

É nesta condição que o encontramos passados alguns anos, em plena selva a Oeste de Zanzibar como refere o título original do filme, onde se tornou líder de uma tribo local. E é neste cenário que planeia a sua vingança contra o homem que lhe destruiu a vida e a da sua antiga esposa. Tal como em «O Homem Sem Braços», também de Browning, Chaney mostra aqui uma vez mais alguma versatilidade em encarnar um personagem que tem de se adaptar à falta de condições físicas para conseguir sobreviver e levar a cabo os seus planos. O resultado é um excelente filme de terror do período mudo, onde Chaney e Browning provam porque foram uma dupla de sucesso: o primeiro por ter criado uma nova personagem que consegue impressionar o espectador, apesar de no fundo ainda ter alguma réstia de humanidade, como se vê no final do filme, e o segundo a criar um ambiente fantástico, que nos leva a mundos reais, mas que muitas vezes são escondidos à generalidade das pessoas. Mundos que foram a base do cinema de Browning, um cineasta que merece ser descoberto para além do bastante conhecido «A Parada de Monstros». À falta de trailer no YouTube, deixo-vos a sequência inicial.

Nota:4/5

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domingo, 13 de novembro de 2011

O Fantástico Senhor Raposo, de Wes Anderson (2009)

Declaração de interesses: o autor deste blogue é um grande fã da obra de Wes Anderson. Há mistérios na distribuição em Portugal que não se percebem. Um dos maiores dos últimos tempos foi como é que este filme não teve direito a chegar às salas de cinema. Isto apesar de ter sido realizado por um dos grandes cineastas norte-americanos da actualidade, na sua estreia no mundo da animação, de ter sido nomeado para o Óscar de Melhor Filme de Animação (o que nos dias que correm até nem é grande justificação, mas sempre podia ser um chamariz para as bilheteiras), de contar com um elenco de luxo encabeçado por George Clooney e Meryl Streep e, finalmente, por ser um grande filme, que, como a maior parte dos filmes de animação recentes, tanto atrai um público infantil como um público mais adulto.

«O Fantástico Senhor Raposo» é, até à data, o último filme de Wes Anderson, cineasta que foi homenageado pelo Estoril & Lisbon Film Festival deste ano com uma retrospectiva integral da sua obra. O realizador só não esteve presente no evento, apesar de ter feito pequenos vídeos de apresentação para cada um dos seus filmes projectados, por estar a finalizar a sua próxima longa-metragem. Baseado num livro de Roald Dahl, «O Fantástico Senhor Raposo» foi o primeiro filme de Anderson em animação, feito na técnica de stop motion. Nele assistimos à história do Senhor Raposo (George Clooney), uma raposa que acede ao pedido da sua companheira (Meryl Streep) de deixar uma carreira de sucesso como ladrão de galinheiros para se dedicar à família, numa altura em que a sua parceira anuncia estar grávida.

Alguns anos mais tarde, o senhor Raposo, farto da monotonia do seu trabalho de cronista num jornal local, resolve regressar ao activo para um último golpe: roubar três quintas, cada uma especializada em produtos diferentes. Depois de convencer o seu amigo Kylie (Wallace Wolodarsky), um dos personagens mais deliciosos do filme, ambos partem para novas aventuras, que acabam mal, com a retaliação dos donos das quintas que põe em causa toda a vida animal da região.

Além desta história, que mistura alguma acção, há também a relação do senhor Raposo com o filho e a família e com a restante comunidade de animais, cada um com as suas características próprias e com as vozes de actores que habitualmente encontramos nos filmes de Wes Anderson, que vem dar alguma moral ao filme. E findo o filme, ficamos agarrados e cativados por estas estranhas criaturas, que no fundo apenas querem sobreviver e se comportam como humanos. E continuamos sem perceber, como é que este filme não chegou às salas.

Nota: 4/5

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sábado, 12 de novembro de 2011

O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro (2006)

Durante os primeiros dez anos deste século se houve alguém que conseguiu levar o cinema fantástico às massas esse nome foi Peter Jackson, autor da brilhante adaptação da trilogia «O Senhor dos Anéis» ao grande ecrã. Mas dentro deste género houve um outro nome, talvez não tão conhecido, mas que também pode ser considerado um mestre nesta área, chamado Guillermo del Toro, que nos trouxe uma grande obra. Trata-se de «O Labirinto do Fauno» e é um filme extraordinário que mistura o fantástico, alguns pozinhos de horror e até traços de filme de época, pois a acção decorre durante a Guerra Civil de Espanha. Cenário que já tinha sido palco de outro excelente filme do mexicano, este um pouco mais de terror, mas também com alguns aspectos do género fantástico, chamado «Nas Costas do Diabo».

Mas centremo-nos em «O Labirinto do Fauno», filme que conta a história de Ofelia (Ivana Baquero), uma criança órfã de pai que vai com a mãe Carmen (Ariadna Gil), grávida em estado avançado, viver com o padrasto, o capitão Vidal (Sergi López) do exército franquista que foi destacado para uma região montanhosa para derrotar os rebeldes comunistas. Quando o filme arranca parece que estamos perante um drama de guerra, mas o livro que Ofelia leva consigo, onde ela lê uma estranha lenda, e o surgimento de um estranho insecto que a rapariga confunde com uma fada vai ser o ponto de partida para que uma outra lenda comece a ganhar forma e Ofelia se veja envolvida num conjunto de missões para fazer cumprir essa mesma lenda.

Não sendo um filme que possa agradar a todos, sobretudo os que não gostam de muita fantasia, «O Labirinto do Fauno» é sem dúvida uma das obras mais peculiares dos primeiros anos deste século. Não só a nível do próprio fantástico, que está bem presente numa grande história com ambientes e criaturas bastante bem conseguidas, que ainda hoje continuam a deliciar como há cinco anos (não foi à toa que o filme ganhou três Óscares em categorias técnicas nesse ano), mas também pela própria prestação dos actores. Aqui, o destaque vai para o capitão Vidal, um personagem bastante sádico interpretado de forma magistral por Sergi López, e também para Maribel Verdú, que interpreta uma das criadas do capitão que ajuda os rebeldes e se torna das poucas amigas de Ofelia num ambiente hostil para a criança, que vê na história do fauno um escape para a realidade. E com Guillermo del Toro vamos com Ofelia em busca de um mundo melhor.

Nota: 5/5

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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ukbar Filmes apresenta 1º teaser de «Florbela»

A Ukbar Filmes acaba de colocar on-line o primeiro teaser para «Florbela», o segundo filme de Vicente Alves do Ó, realizador de «Quinze Pontos da Alma». Com estreia prevista para Fevereiro de 2012 e protagonizado por Dalila Carmo, Albano Jerónimo e Ivo Canelas, o filme é apresentado como um retrato íntimo de Florbela Espanca, uma das maiores poetisas portuguesas do século XX.

Eis o teaser, para aguçar o apetite:

Em cartaz: Semana 10/11/2011

O Bom Coração, de Dagur Kari
Alta Golpada, de Brett Ratner
Inquietos, Gus Van Sant
Nos Idos de Março, de George Clooney
Sem Tempo, de Andrew Niccol
Histórias de Shanghai - Quem Me Dera Saber, de Jia Zhang-ke

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Os Amantes da Ponte Nova, de Leos Carax (1991)

Outro dos nomes que está a ser homenageado na presente edição do Estoril & Lisbon Film Festival é Leos Carax, cineasta francês com escassa obra (quatro longas e cinco curtas em 30 anos de carreira, desde «Strangulation Blues», a primeira curta, realizada em 1980) mas com um enorme culto. Razão mais do que suficiente para aproveitar e ver um ou outro título seu.

Protagonizado por Juliette Binoche e Denis Lavant, o filme retrata a história de Alex, um vagabundo que vive na Ponte Neuf de Paris durante as obras de restauração da ponte, que se apaixona por uma jovem pintora, também sem-abrigo, que um dia aparece na ponte e tem como particularidade sofrer de uma doença que poderá torná-la cega dentro de pouco tempo. Ao longo do filme vamos vivendo com esta dupla uma história de amor entre duas pessoas inadaptadas que acaba por ter um destino trágico quando Alex descobre um pouco mais sobre o passado da sua companheira e a separação está iminente.

Além de ser uma bela história, com duas grandes interpretações, «Os Amantes da Ponte Nova» tem alguns pontos de contacto com a longa de estreia de Leos Carax, «Boy Meets Girl»: a personagem principal é interpretada pelo mesmo actor, ambas têm o mesmo nome, toma medicamentos semelhantes e vive o amor de uma forma bastante forte. Denis Lavant é, aliás, presença constante na obra de Carax e volta a ter aqui uma grande presença neste caso.

Não conhecendo a restante obra do realizador, apenas assisti ao já referido «Boy Meets Girl» e a «Merde», um dos três episódios do filme colectivo «Tóquio!», deu para reparar que Carax gosta de filmar personagens à margem da sociedade. E em pelo menos dois dos filmes, histórias de amor complexas, com cenas muito belas. Na memória ficaram pelo menos duas, uma de «Boy Meets Girl» e outra de «Os Amantes da Ponte Nova»: no primeiro, quando Alex sai de casa com um antepassado dos velhinhos leitores de cassetes e enquanto ouve uma música de David Bowie («When I Live My Dream», banda sonora desta semana, ali ao lado) cruza-se com um casal que se beija numa ponte e em paralelo a personagem feminina dança no seu quarto (pode ser vista aqui); em «Os Amantes da Ponte Nova» é também uma cena passada numa ponte, quando o par dança pela primeira vez, durante um fogo de artifício que abrilhanta os céus de uma Paris nocturna (a cena pode ser vista aqui). Para quem não conhece, a obra de Leos Carax merece ser conhecida.

Nota: 4/5

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Banda Sonora: When I Live My Dream, de David Bowie

«When I Live My Dream», de David Bowie - Banda Sonora de «Boy Meets Girl», de Leos Carax

domingo, 6 de novembro de 2011

Killer Joe, de William Friedkin (2011)

Longe vão os dias de ouro da carreira de William Friedkin, autor de dois grandes clássicos dos anos 1970: «Os Incorruptíveis Contra a Droga» e «O Exorcista», este um filme que apesar de ter influenciado bastante cineastas da área do terror acabou por ficar datado. A última vez que um filme de Friedkin chegou ao cinema foi em 2006, com o estranho «Bug». Este ano regressou com «Killer Joe», que, tal como o anterior, é baseado numa peça de teatro da autoria de Tracy Letts. Mas desta vez o resultado final é mais acessível.

O filme conta a história de uma família do Texas que vive num parque de roulotes e cujo filho Chris (Emile Hirsch) convence o pai Ansel (Thomas Haden Church) a matar a sua mãe, que não vive com eles, para assim conseguirem ter direito a um seguro de vida que será entregue à filha mais nova do casal Dottie (Juno Temple). Para tratarem do assunto contratam Joe Cooper (Matthew McConaughey), também conhecido como Killer Joe, um polícia corrupto e com poucos escrúpulos que tem uma carreira de assassino profissional nas horas vagas. Mas, como seria de esperar, nem tudo corre como previsto e a falta de dinheiro para pagar o contrato coloca a jovem Dottie no meio da trama, como caução. A relação entre Dottie e Joe acaba por espoletar o resto do filme, que oscila entre a comédia e o drama para contar a história das relações bastante peculiares de uma família e um grupo de pessoas que não tem onde cair morta e faz tudo por dinheiro.

Sendo baseado numa peça de teatro, nota-se também alguma teatralidade em «Killer Joe», o filme, sobretudo quando se tratam de cenas passadas na casa da família. A principal diferença em relação a «Bug» é a presença de um maior número de personagens em cena. E, tal como no anterior filme de Friedkin, as interpretações são o ponto forte, com grande destaque para Matthew McConaughey, muito, mas mesmo muito longe daquilo que estamos habituados a ver, e Thomas Haden Church, num daqueles papéis que irá ficar para sempre na memória de quem vir «Killer Joe». Não será um dos melhores filmes de sempre, mas é muito provavelmente o melhor filme de William Friedkin, cineasta que está a ser alvo de uma homenagem na edição deste ano do Estoril & Lisbon Film Festival, em muitos anos.

Nota: 4/5

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sábado, 5 de novembro de 2011

Eragon, de Stefen Fangmeier (2006)

Quando «Eragon» chegou às salas de cinema, já a versão da trilogia «O Senhor dos Anéis» filmada por Peter Jackson tinha alguns aninhos. Curiosamente, o livro que serve de base a este filme foi publicado pelo então jovem Christopher Paolini no ano em que estreou o terceiro capítulo daquela saga. Mas o único ponto de contacto entre as duas obras é apenas o facto de decorrerem num universo fantástico. A história é um pouco diferente. Eragon é um jovem camponês que encontra um misterioso objecto numa das suas idas à floresta. Passados alguns dias descobre que esse objecto é um ovo de dragão e começam aqui as suas aventuras.

Encabeçado por um elenco com nomes sonantes (Jeremy Irons, Robert Carlyle, John Malkovich ou Djimon Hounsou), «Eragon» não é tão grandioso como a trilogia de Peter Jackson, mas acaba por ser um filme que até se vê bem. A história é chapa 4: o herói fica sem família e é o escolhido para levar a cabo uma missão onde tem de derrotar uma ameaça do passado na companhia de um grupo de guerreiros e mágicos. O principal defeito do filme, contudo, é a falta de espessura das personagens, pois o argumento de Peter Buchman não nos dá suficiente informação sobre o passado das mesmas. O que, com um elenco destes, é pena. Os actores quase não têm oportunidade de se expandir. Não sei se o objectivo seria aprofundá-las em sequelas, mas estas nunca chegaram a ser feitas e pelos vistos não há planos para o fazer, apesar do sucesso dos livros de Christopher Paolini. O próprio actor principal (Ed Speleers, no seu primeiro papel no cinema) ainda não demonstra muito à vontade neste papel.

Pelo contrário, onde Stefen Fangmeier marca pontos é no campo dos efeitos especiais, que não ficam atrás de outros filmes dentro deste género. O facto de a especialidade do realizador, que tem em «Eragon» o seu filme de estreia na cadeira de realizador, ser originário desta área talvez seja a justificação para que a melhor parte seja mesmo esta. A forma como o dragão interage com as restantes personagens e a batalha final estão muito bem conseguidos. Faltou o resto para que este fosse o primeiro filme de mais uma trilogia de sucesso.

Nota: 3/5


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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Dois anos

Passam bastante depressa. E cá estou eu a comemorar o segundo aniversário do blogue. Não sei bem como é que cheguei aqui, nem se vou continuar. Como devem ter reparado, nas últimas semanas as actualizações foram escassas. A falta de tempo, um pouco de preguiça e dúvidas em manter ou não este espaço têm sido os principais responsáveis por esta paragem. Já tinha acontecido no passado e provavelmente esta fase irá ser ultrapassada, mais dia, menos dia. Até porque não tenho estado necessariamente parado na blogosfera. Criei um outro blogue (aqui), um pouco mais pessoal e onde falo de tudo, incluindo cinema.

Lembro-me que quando criei «A Última Sessão» fi-lo por duas razões: porque gosto de Cinema e porque gosto de escrever. Estas duas paixões, felizmente, continuam vivas. Por isso, penso que vou voltar a actualizar o blogue com alguma regularidade, só ainda não sei em que moldes. Quero aproveitar esta data para agradecer aos meus seguidores (50, segundo o contador ali ao lado, número que me deixa bastante contente) e a todos os visitantes do blogue. Sem vocês, muito provavelmente já o tinha encerrado. Mas acho que passado algum tempo e quando vemos que temos pessoas que nos acompanham e gostam do nosso trabalho, temos a 'obrigação' de os respeitar. Mais uma razão para este espaço regressar em breve aos eixos.

Aproveito também para agradecer a quem me segue no Facebook, assim como a todas as pessoas que tenho conhecido por lá, nomeadamente no grupo dos bloggers cinéfilos, algumas das quais têm sido companheiras de sessões que combinamos regularmente. Penso que não vale a pena referir nomes, porque vocês sabem quem são. E como esta mensagem já está demasiado grande, resta-me acabar por desejar parabéns a mim e que venham mais aniversários para comemorarmos aqui. Obrigado a todos e até já!

domingo, 16 de outubro de 2011

Banda Sonora: Stuck On The Puzzle, de Alex Turner

«Stuck On The Puzzle», de Alex Turner - Banda Sonora de «Submarino», de Richard Ayoade

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Banda Sonora: It's A Long Way To The Top, de AC/DC

«It's A Long Way To The Top», de AC/DC - Banda Sonora de «Escola de Rock», de Richard Linklater