segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Em Plena Selva, de Tod Browning (1928)

Tod Browning e Lon Chaney, não há que enganar, formaram uma das grandes duplas do cinema mudo. O primeiro como realizador e o segundo como actor, fizeram 10 filmes em conjunto durante os anos 1920 e a parceria só não deu mais frutos, inclusive na versão de «Drácula» assinada por Browning, que queria ter Chaney no papel do conde, devido à morte precoce do actor aos 47 anos. O azar de uns, abriu portas a outros e a mítica adaptação do romance de Bram Stoker feita por Tod Browning para a Universal acabou por dar à Sétima Arte uma outra lenda dos filmes de terror: Bela Lugosi.

«Em Plena Selva» («West of Zanzibar», no original) foi o nono dos dez filmes de Browning protagonizado por Chaney e uma vez mais somos transportados para ambientes à margem da sociedade e de certa forma com tons onde reina o macabro e o estranho. Tudo começa quando o mágico Phroso (Lon Chaney) descobre que a sua esposa e companheira de palco Anna (Jacqueline Gadsden) vai fugir com o amante Crane (Lionel Barrymore, outro actor conhecido dos fãs do realizador). Antes da fuga propriamente dita e numa luta entre os dois Phroso cai de uma altura elevada e fica paralítico.

É nesta condição que o encontramos passados alguns anos, em plena selva a Oeste de Zanzibar como refere o título original do filme, onde se tornou líder de uma tribo local. E é neste cenário que planeia a sua vingança contra o homem que lhe destruiu a vida e a da sua antiga esposa. Tal como em «O Homem Sem Braços», também de Browning, Chaney mostra aqui uma vez mais alguma versatilidade em encarnar um personagem que tem de se adaptar à falta de condições físicas para conseguir sobreviver e levar a cabo os seus planos. O resultado é um excelente filme de terror do período mudo, onde Chaney e Browning provam porque foram uma dupla de sucesso: o primeiro por ter criado uma nova personagem que consegue impressionar o espectador, apesar de no fundo ainda ter alguma réstia de humanidade, como se vê no final do filme, e o segundo a criar um ambiente fantástico, que nos leva a mundos reais, mas que muitas vezes são escondidos à generalidade das pessoas. Mundos que foram a base do cinema de Browning, um cineasta que merece ser descoberto para além do bastante conhecido «A Parada de Monstros». À falta de trailer no YouTube, deixo-vos a sequência inicial.

Nota:4/5

Site do filme no IMDB

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