Um dos realizadores norte-americanos da actualidade que mais aprecio, como já aqui tive oportunidade de referir quando escrevi sobre «O Fantástico Sr. Raposo», é Wes Anderson. E o grande culpado é este grande (para não dizer enorme) filme, realizado no início da década passada e que deve ser, muito provavelmente, o filme que mais vezes vi e há-de ser sempre um dos meus favoritos. Não só é um grande filme sobre uma família disfuncional, cujo 'chefe de família' Royal Tenenbaum é um dos melhores personagens a quem Gene Hackman deu vida (apenas uma no historial deste actor que tem andado um pouco afastado da ribalta), mas também porque todo o filme faz parte de um universo muito bem criado. Esta capacidade de criar universos bastante peculiares é precisamente uma das características que mais me agrada na obra de Wes Anderson.
Falando particularmente de «Os Tenenbaums - Uma Comédia Genial», esta é a história de uma família meio estranha cujos alicerces começam a ruir quando Royal decide separar-se da esposa Etheline (Angelica Huston), decisão que vai ter grande influência negativa no crescimento dos três filhos prodígio do casal: Chas (Ben Stiller), um génio da alta finança, Richie (Luke Wilson), um ás precoce do ténis, e Margot (Gwyneth Paltrow), filha adoptiva do casal e autora de diversas peças de teatro. Depois de um genial início onde a história da família é contada como se fosse o prólogo de um livro (aliás o filme está precisamente separado por capítulos como se fosse mesmo um livro que estamos a ver em vez de ler), regressamos ao presente, quando Royal descobre que a sua esposa (o casal nunca se chegou a divorciar de facto) está prestes a receber uma proposta de casamento de Henry Sherman (Danny Glover), o contabilista da família. Royal planeia então regressar a casa e tentar redimir-se e recuperar o tempo perdido, inventando um cancro que lhe daria poucos dias de vida.
É este regresso do pai 'pródigo' que espoleta um conjunto de reacções em cadeia que mexe com todos os três filhos e faz deste filme um daqueles momentos mágicos de cinema onde tudo está no lugar certo. A história, os personagens, a fotografia, a banda sonora e por aí fora. Até Owen Wilson, actor que não consigo ser grande fã, a não ser precisamente nos filmes filmes de Wes Anderson, e que aqui assina também o argumento (o que não é inédito na obra do realizador), consegue estar à altura do filme. E tem um dos finais que mesmo sendo triste consegue ser ao mesmo tempo belo e irónico (e não são todos os filmes de Anderson um pouco irónicos?) como poucos conseguem ser. Que nos deixa com uma lágrima no canto do olho e com um sorriso nos lábios. Este é mesmo um daqueles filmes para ver e rever, vezes sem conta.
Nota: 5/5
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Há 16 horas
Apesar de ser querido pela crítica, não gostei tanto deste filme.
ResponderEliminarPrefiro outros trabalhos de Wes Anderson, como "The Darjeeling Limited" e principalmente o ótimo "Rushmore".
Abraço
Eu gostei, pois marcou-me bastante quando o vi pela primeira vez e até hoje foi dos poucos filmes que voltei ao cinema para rever. E continua a marcar-me, assim como a restante obra do Anderson. Esses dois tenho de os rever, sobretudo o «Rushmore» que já vi há bastante tempo.
ResponderEliminarAbraço
Para este filme vou citar uma frase que li do João Palhares mas que abordava outro filme: "uma comédia, comédia e não um filme que faz rir, porque isso cada vez é mais fácil".
ResponderEliminarE muito bem citado. Já é muito difícil encontrarmos boas comédias hoje em dia e esta é uma enorme excepção.
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