Diz quem sabe que «Tamanho Natural» foi um filme atípico na carreira de Luis García Berlanga, apesar de o realizador espanhol o ter considerado como um dos seus filmes mais pessoais. Não conheço a obra do cineasta a não ser uma comédia (e que grande comédia, bastante recomendável, sobretudo nos dias de hoje com uma tal troika a pairar por aí) chamada «Benvindo, Mister Marshall», por isso é-me difícil julgar esse aspecto. Mas este filme não é uma comédia, apesar de em algumas sequências a vontade rir face ao caricato da situação de repente vem ao de cima.
Tudo começa com Michel (Michel Piccoli) a receber uma grande encomenda vinda do Japão, de algo que apenas sabemos que é um objecto com tamanho real. Assim que a encomenda é aberta, sai de dentro de uma enorme caixa uma boneca de borracha que Michel transforma na sua nova amante. Mas o que começa por ser um aparente fetiche, acaba por se tornar uma obsessão e a vida de Michel transforma-se completamente com esta nova relação, onde nem sequer faltam ciúmes.
Apesar de começar por parecer uma comédia e em alguns casos ser mesmo um filme que roça o surreal, bem ao estilo de Luís Buñuel (se calhar não é à toa que encontramos no grupo de argumentistas o nome de Jean-Claude Carrière, colaborador de Buñuel), «Tamanho Natural» é um filme que vai muito para além da simples história de um homem que se apaixona por uma boneca. Acaba também por ser um filme sobre a obsessão e o amor, pois é isso que acaba por acontecer a Michel, e que o leva no final a tomar a decisão que toma, completamente imprevisível e que nos deixa com um amargo de boca e a pensar como é que ele chegou aquele ponto. Um bom filme, bem diferente do realizador que tive oportunidade de conhecer com «Benvindo, Mister Marshall».
(Nota: não encontrando trailer no YouTube, deixo-vos um pequeno trecho do filme)
Nota: 4/5
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