Li algures que «O Artista» é um daqueles filmes para dividir opiniões. E pelo que me tinha apercebido, antes de o ver, foi essa a sensação com que fiquei. Há quem tenha gostado muito e há quem não tenha gostado nada. Eu tendo a inclinar-me para o segundo campo. Apesar de reconhecer que em alguns casos até nem seja um mau filme, acho que ao mesmo tempo «O Artista» é um filme que oferece diferentes leituras consoante quem o vê. Quem não conhece (ou pelo menos não está tão habituado a ver) muito cinema mudo, achará que estamos perante um grande filme. E daí este ser mesmo um daqueles filmes que está a amealhar nomeações e prémios um pouco por toda a parte, o que só ajuda a criar o hype (ai o hype...) que as nomeações para os Óscares apenas vieram ajudar. Pelo contrário, a maioria dos conhecedores e amantes do cinema mudo poderão ver «O Artista» apenas como um mero simulacro de um filme mudo. O que no fundo é disto que se trata.
Em «O Artista» Michel Hazanavicius leva-nos ao final dos anos 1920 para contar a história de George Valentin (Jean Dujardin), um galã do período do mundo cuja popularidade é ameaçada pela chegada do som à Sétima Arte. O que é visto por muitos como o futuro do Cinema, para George não é mais do que um falhanço, pois acredita que as pessoas vão ao cinema para ver os actores como ele e não para os ouvir falar. Em paralelo, o filme acompanha a ascensão de Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma jovem mulher que começa como figurante num filme de George, empurrada pelo próprio, e acaba por se tornar uma das maiores estrelas do sonoro.
Além de uma história pouco original, «O Artista» falha em vários aspectos. Tem alguns bons pormenores, sobretudo a nível da banda sonora, mas pouco mais. Não servirá para trazer novos públicos para o mudo (e seria esse o objectivo do filme?), nem irá provocar um certo sentimento de nostalgia junto dos fãs deste período do cinema, pois não passa da rama.
Com muitas mais limitações os realizadores da altura fizeram um trabalho muito melhor, os exemplos de grandes filmes mudos são mais que muitos. E sobre este tema um senhor chamado Billy Wilder já tinha feito em 1950 uma das grandes obras-primas do cinema («O Crepúsculo dos Deuses»), que basta para remeter «O Artista» para não mais do que uma nota de rodapé na História do Cinema. Mesmo que, como não será de estranhar, venha a receber uma mão cheia de estatuetas douradas na próxima cerimónia dos Óscares.
Nota: 2/5
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