Quem viu «Fome», a obra de estreia de Steve McQueen realizada em 2008, sabe que este cineasta oriundo do universo das artes plásticas não filma como a maioria dos realizadores actuais. Naquele caso Steve McQueen conseguiu transformar a história da greve de fome de um grupo de prisioneiros do IRA numa daquelas experiência que quem vê em sala dificilmente esquece, tal é o murro no estômago que nos é dado. «Vergonha» é mais uma dessas experiências, apesar de o resultado final ser um bocado inferior.
Tal como em «Fome» o realizador volta a trabalhar com Michael Fassbender, cimentando o que já tinha sido uma dupla de sucesso no filme anterior. Neste caso o filme retrata a história de Brandon Sullivan (Michael Fassbender), um homem bem sucedido que vive em Nova Iorque mas tem problemas por ser viciado em sexo. Algo que acaba por influenciar tudo o que o rodeia, sobretudo quando a sua irmã Sissy Sullivan (Carey Mulligan) resolve aparecer de surpresa para passar uns dias em sua casa.
«Vergonha» é um filme sobre a forma como alguém vive com os seus vícios, reconhecendo os seus problemas, mas sabendo que ao mesmo tempo não consegue fazer nada para fugir deles, por mais que tente. Esses problemas acabam por tornar Brandon cada vez mais centrado em si e afastado dos outros. E é isso que nos mostra também McQueen, ao tornar «Vergonha», tal como «Fome», em mais uma boa experiência cinematográfica que não se vê de ânimo leve e nos leva a questionar vários aspectos da natureza humana. Algo que o realizador consegue com a ajuda de uma banda sonora de excepção e de uma fotografia bastante sóbria, que apenas ganha tons mais pesados em algumas das sequências de sexo finais, quando pensamos que Brandon se apercebe verdadeiramente dos seus problemas. Mas o final é demasiado ambíguo para sabermos se realmente a personagem conseguiu ou não ultrapassar o problema. Mais um ponto favorável nesta segunda obra de McQueen.
Nota: 4/5
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Há 17 horas
Acho que o Mcqueen ainda se está a descobrir enquanto realizador e tem sido um processo muito interessante. Eu pelo menos gosto das suas ideias e estética.
ResponderEliminarHá ali pormenores muito bons. Fassbender é o génio da representação que é. Nada a assinalar.
abraço
A grande vantagem do McQueen e de ele ser um bocado mais original do que a maioria dos realizadores actuais, pelo menos na minha opinião, é o facto de vir de um universo completamente diferente do Cinema. E nota-se que os dois filmes dele não são facilmente digeríveis. O Fassbender é um senhor actor, então a trabalhar com o McQueen não falha. Não sei como é que não foi nomeado para os Óscares...
ResponderEliminarAbraço
Excelente blogue! 5*
ResponderEliminarObrigado, volte sempre.
ResponderEliminarCumprimentos e bons filmes
depois de ver o filme, não se justifica. Deve te sido pelo tema. Fassbender mais um nome a juntar ao de Robert nos injustiçados deste ano.
ResponderEliminarPois não. É mais um daqueles mistérios da Academia
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