Johnnie To é um daqueles realizadores que não se percebe porque nunca teve direito a uma simples estreia em sala. Com mais de 50 filmes realizados em três décadas de carreira, foi preciso surgir o festival IndieLisboa para merecer algum destaque. Mesmo assim não foi suficiente para que começassem a estrear os seus filmes. O díptico «Eleição», de 2005 e 2006, chegou a estar comprado, mas a distribuidora resolveu lançá-lo em DVD duplo. Mesmo não sendo do melhor que To tem feito, merecia ter uma maior visibilidade.
O primeiro capítulo relata a eleição do novo líder da tríade Wo Shing, uma das mais poderosas de Hong Kong. Apesar de a escolha dos membros do grupo ter incidido em Lok (Simon Yam), um gangster mais calmo e que não levanta muitas ondas, o seu rival Big D (Tony Leung Ka Fai), que fez todos os esforços para tentar comprar os votos que lhe dariam a liderança da tríade, não gosta do resultado e começa uma guerra entre as duas facções. No centro desta guerra está também um bastão, que simboliza a liderança dos Wo Shing, e vai ser procurado pelos dois grupos de gangsters.
Tal como muitos dos filmes de Johnnie To, apesar de serem filmes de gangsters, não são filmes de acção típicos de Hong Kong. E «Eleição» encaixa na perfeição neste género muito próprio do realizador. Quem vier à procura de tiros e cenas de acção com mirabolantes, sai desiludido. Apesar de as haver noutros filmes de To, como no fantástico «Exiled», neste caso não isso não sucede. O enfoque dá-se nos jogos de bastidores e na eliminação de adversários entre os dois rivais, que acaba quase sempre num banho de sangue. Apesar de ser um bom retrato das tríades e das relações entre os diferentes grupos que nascem neste universo, poderia ter ido um bocado mais longe. Mas «Eleição» é um bom filme de um realizador que vale a pena descobrir, para quem não conhece, ou para aprofundar, quem conhece. Sobretudo porque é um dos realizadores contemporâneos que melhores planos consegue apresentar.
Nota: 3/5
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