sábado, 10 de setembro de 2011

Uma Mulher Sob Influência, de John Cassavetes (1974)

Como actor John Cassavetes nunca foi além da mediania, mas como realizador a sua marca ficou para sempre na história do Cinema, apesar de apenas ter realizado 12 filmes e alguns episódios de séries televisivas. Dez destes filmes contaram com a presença de Gena Rowlands, sua esposa, no elenco. E é esse o caso de «Uma Mulher Sob Influência», filme realizado em 1974 e uma obra-prima de John Cassavetes que apesar de não ser bastante acessível acabou por ser reconhecida pela Academia com duas nomeações aos Óscares: Melhor Realizador e Melhor Actriz Principal.

E neste caso Gena Rowlands toma completamente conta do filme, interpretando uma dona de casa com problemas mentais que não aguenta a sua vida e acaba por ser internada. Mesmo quando não está presente em cena, a sua presença paira como um fantasma. Basta ver a falta que ela faz quando vemos as dificuldades do seu marido Nick (Peter Falk) para cuidar dos três filhos do casal, durante o período de internamento da esposa. Mas se Peter Falk também está à altura, é a interpretação da esposa de Cassavetes que vale por todo o filme e é uma das melhores que tenho visto recentemente. Rowlands consegue alternar entre cenas calmas e a histeria completa como se fosse mesmo alguém que sofre de problemas mentais e a realidade dela vale mais do que a dos outros. Quase que poderíamos dizer que a sua interpretação é uma experiência da actriz a quem o realizador deu liberdade total e este limita-se apenas a segui-la com a câmara.

Esta experiência é, como referi no início do texto, pouco acessível para os padrões de Hollywood, mas «Uma Mulher Sob Influência» não deixa de ser por isso um excelente filme por isso. Mesmo que o argumento pareça simples, a complexidade das personagens fazem deste filme uma grande obra sobre a loucura, retratada de uma forma crua e normal, sem cair no facilitismo da coitadinha e do drama familiar de fazer chorar as pedras da calçada. As duas magistrais interpretações principais, de Gena Rowlands e Peter Falk, fazem o resto.

Nota: 5/5

Site do filme no IMDB

2 comentários:

  1. Uma experiência muito emotiva em termos de cinema vérité, interpretações incríveis, com uma liberdade e incerteza belas e raras.

    http://onarradorsubjectivo.blogspot.com/

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  2. Sim, as interpretações são fantásticas. Do pouco que conheço do Cassavetes ainda não me desiludi.

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