Quem já viu filmes de Tod Browning, sabe que o realizador gosta de chocar, apresentando ao espectador personagens pouco normais, com anões e outros seres humanos com deficiências. Já o tinha feito em «Parada de Monstros» e em «The Unholly Three», no primeiro tenta dar uma imagem de humanidade a estas pessoas e no segundo mostra-os como criminosos. No caso de «O Homem Sem Braços», Browning consegue ser ainda mais negro e de certa forma sádico.
Tendo como cenário um circo de ciganos, algo comum a «Parada de Monstros», este filme conta a história de Alonzo um homem que actua no espectáculo por não ter braços (Lon Chaney) e que se apaixona pela sua companheira de número Nanon(Joan Crawford). Esta jovem, filha do dono do circo, foge das investidas de um outro artista, Malabar (Norman Kerry), e refugia-se junto de Alonzo afirmando que tem medo das suas mãos.
Pouco depois ficamos a saber que Alonzo afinal tem braços e acaba por assassinar o pai de Nanon, o que provoca o desfecho deste filme. Para fazer com que Nanon case com ele Alonzo toma uma decisão terrível: cortar os braços, pois pensa que assim a jovem se apaixonará por ele. Só que durante a sua ausência Nanon acaba por ultrapassar os seus medos e apaixona-se por Malabar. É um volte-face sádico criado por Browning, um pouco semelhante ao que já tinha feito aos vilões de «Parada de Monstros».
«O Homem Sem Braços» é assim um filme típico de Tod Browning, um cineasta que ficou para história por filmar personagens com pouco de normal e quase que podemos dizer criadas para chocar. Mas no fundo são seres humanos, que vivem e sofrem como os outros, apenas tiveram o azar de nascerem com algumas imperfeições. De realçar que com esta obra Browning conseguiu apresentar um cenário bastante realista, nomeadamente a nível da caracterização, tanto das personagens como do próprio ambiente da história, passada em Madrid.
Nota: 3/5
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