terça-feira, 8 de maio de 2012

A angústia do blogger no momento do bloqueio

Como diz a cantiga, tudo o que tem um fim teve um começo. Há cerca de dois anos e meio resolvi criar este blogue para complementar duas paixões minhas: a escrita e o Cinema. Neste espaço partilhei textos sobre filmes que gostei de ver, outros nem por isso, imagens, vídeos e tudo o mais sobre a Sétima Arte. Através deste blogue conheci pessoas que me marcaram pela positiva (algumas sei que são pessoas com quem irei continuar a falar e partilhar esta minha paixão, pelo menos uma sei que será para sempre uma das minhas melhores amigas) outras que bem podiam ter ficado no buraco de onde saíram (lamento a franqueza, mas também ninguém disse que as despedidas eram agradáveis). Tive a oportunidade de ver o meu trabalho reconhecido (apesar de ainda hoje continuar sem perceber muito bem porquê) por duas vezes nos TCN.

Ultimamente, como devem ter reparado, este espaço andou vazio, como se fosse um fantasma. A paixão pelo Cinema não morreu, mas a falta de tempo e motivação para manter este blogue tomaram de assalto o seu autor. E estes dois factores foram essenciais para tomar esta decisão de encerrar de vez, ao contrário do que aconteceu nos últimos abandonos, «A Última Sessão». Foi bom enquanto durou e agradeço a todos os que passaram por aqui nos últimos dois anos e meio, comentaram, me convidaram para participar em iniciativas com os seus blogues e interagiram com o blogue através da conta no Facebook. Essa conta irá continuar activa, pelo menos durante mais algum tempo. Ainda não decidi se vai durar muito tempo, pois também tenho uma certa pena de desistir dos visitantes que me acompanharam por aí. O mesmo vai acontecer com o endereço de e-mail (oprojeccionista@gmail.com) que vai continuar activo para quem pretender entrar em contacto comigo para participar em iniciativas ou outros projectos onde eventualmente possa contribuir com algo.

Para já é tempo de partir para novas aventuras e pensar noutros projectos. Podem apagar as luzes da sala, o projeccionista abandonou de vez a cabine de projecção. A todos (e neste caso não excluo ninguém, pois não sou de guardar rancores) um muito obrigado.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Banda Sonora: Tonight the Streets Are Ours, de Richard Hawley

«Tonight the Streets Are Ours», de Richard Hawley - Banda Sonora de «Banksy - Pinta a Parede!», de Banksy

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Recordações do IndieLisboa: 2005

Um ano depois o IndieLisboa cresceu. De uma sala (o Cinema São Jorge, que encerrou para obras logo a seguir à primeira edição do Indie), o festival passou a ocupar o King e o Fórum Lisboa. Em 2005 foi também a primeira vez que a organização escolheu um país convidado como herói independente, honra que coube à Argentina. A propósito desta homenagem ao cinema que se faz no país sul-americano, esteve presente em Lisboa o realizador Lisando Alonso, que apresentou alguns dos seus filmes e integrou o júri da competição principal. Deste cineasta, hoje considerado de culto, tive a oportunidade de assistir ao filme «La Libertad».

As restantes memórias desta segunda edição do Indie, organizada um pouco em cima do joelho dado o curto espaço temporal entre as duas primeiras edições, vão para o outro herói independente, o chinês Jia Zhangke, que foi alvo de um ciclo integral durante o festival, e para um dos filmes que continua a ser um dos meus preferidos de todas as edições do certame: «Aaltra», a genial estreia da dupla Gustave de Kervern e Benoît Delépine.


Infiltrados e Infernal Affairs II, de Wai-keung Lau e Alan Mak - o meu primeiro contacto com esta magnífica trilogia, que Martin Scorsese mais tarde iria utilizar como base para «Entre Inimigos», não se deu no Indie, pois o primeiro (e melhor) capítulo teve estreia comercial. A ideia da organização do Indie era, a propósito da suposta distribuição em sala, fazer uma antestreia da trilogia, passando-a no festival em três sessões seguidas. A trilogia nunca chegou ao circuito comercial e porque a logística de um espectador de festival não é tarefa fácil, tive de deixar cair o terceiro episódio, que apenas veria mais tarde em DVD. Em substituição foi ver um outro filme, que acabaria por estrear, quando quase ninguém pensava que tal acontecesse. Mas a experiência de ver estes dois episódios em sala compensou.


Aaltra, de Gustave de Kervern e Benoît Delépine - quando referi ali em cima que tinha trocado o terceiro episódio da trilogia «Infernal Affairs» por um outro filme, os grandes responsáveis foram dois senhores belgas. Gustave de Kervern e Benoît Delépine trouxeram à segunda edição do Indie aquele que é para mim, ainda hoje, um dos meus filmes preferidos de todos os que tive oportunidade de conhecer no festival. Uma comédia negra, com toques de Kaurismaki (o realizador finlandês tem um pequeno e delicioso cameo no final), que pode muito bem ser definido como um road movie em cadeiras de rodas, como foi apresentado na altura. Com uma descrição destas, dificilmente seria de esperar ver Aaltra a chegar às salas. Acabou por chegar.


Plataforma, de Jia Zhangke - apesar de ser um dos homenageados e mesmo tendo sido alvo de uma retrospectiva integral no festival, foi difícil acompanhar o ciclo dedicado a Jia Zhangke. Tive a sorte de assistir a «Plataforma», filme que acabou por servir de porta de entrada para a obra deste cineasta chinês, cujas mais recentes longas metragens tenho vindo a acompanhar, pois é dos raros casos em que a distribuição portuguesa se lembra de estrear filmes de realizadores deste país.

Em Cartaz: Semana 19/04/2012

Capitães da Areia, de Cecília Amado e Guy Gonçalves
Batalha Naval, de Peter Berg
O Exótico Hotel Marigold, de John Madden
Terraferma, de Emanuele Crialese
Assim Assim, de Sérgio Graciano

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Recordações do IndieLisboa: 2004

Dentro de pouco mais de uma semana arranca uma nova edição do IndieLisboa. Ao longo dos últimos anos este foi um evento que me deu a mostrar cinematografias e obras que me marcaram, para o bem o para o mal, e foi uma montra para abrir os meus horizontes cinéfilos. Aproveito os próximos dias para fazer uma contagem decrescente e dar a conhecer alguns filmes que tive oportunidade de ver no festival e mais me marcaram. Alguns chegaram a ter estreia comercial, outros nem por isso e nunca mais ouvi falar. A 'viagem' começa pela primeira edição, em 2004. (nota: vão reparar que nos posts relativos às primeiras edições do festival há menos filmes em destaque do que as mais recentes. Não significa que não tenham passado pelas primeiras edições do festival mais filmes interessantes. Tal deve-se ao facto de apenas recentemente ter aproveitado para ver mais obras, devido a uma maior disponibilidade de tempo)

Depois de uma experiência bastante agradável no Cine-Estúdio 222, pelo menos para quem teve oportunidade de assistir aos excelentes ciclos que por lá passaram no início deste século, a associação Zero em Comportamento resolveu avançar para um festival de cinema independente. Nascia assim o IndieLisboa, cuja primeira edição teve lugar entre 24 de Setembro e 2 de Outubro. Organizada um pouco à pressa, a estreia do festival passou apenas pelo Cinema São Jorge. Nesse ano apenas tivemos direito a duas secções (Observatório e Competição) e um herói independente, nem mais, nem menos do que o 'Pai' dos festivais de cinema independente: Sundance.

Foi nesta edição que travei conhecimento com um dos meus realizadores favoritos (Johnnie To) e com obras de outras latitudes, como o uruguaio Whisky, de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, que mais tarde se iria tornar num daqueles casos surreais que aparentemente só acontecem na distribuição de filmes em Portugal: teve estreia comercial em 2010, seis anos depois de ter sido lançado e com uma passagem pelo IndieLisboa. Outro dos grandes destaques nesta primeira edição foi o filme «The Fog of War: Eleven Lessons from the Life of Robert S. McNamara», uma grande lição de História que me permitiu conhecer um excelente realizador na área do documentário: Errol Morris.


«Breaking News», de Johnnie To - foi com este filme que travei conhecimento com a obra de Johnnie To, realizador que passou a ser presença frequente no IndieLisboa nas edições seguintes do festival e chegou a ser Herói Independente. Esta magnífica sequência inicial é assombrosa e ainda hoje, quando a revejo, não deixa de me surpreender. Incrivelmente, apesar da enorme quantidade de obras que realizou, é um cineasta que nunca teve direito a estreia comercial em Portugal, apesar de alguns dos seus filmes terem sido comprados.


«Whisky», de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll - Uma obra simples, através da qual comecei a olhar com outros olhos o Cinema que se faz na América Latina.


«The Fog of War: Eleven Lessons from the Life of Robert S. McNamara», de Errol Morris - São raros os documentários que me captam a atenção. Este é um deles. Realizado por Errol Morris, nome grande dentro do género, dá voz a uma das personalidades norte-americanas mais fascinantes do século XX, Robert S. McNamara, para nos dar uma enorme lição de História que nos ajuda a compreender alguns acontecimentos marcantes dos EUA no século passado. Uma daquelas obras obrigatórias para quem quer conhecer aquele período. Se procurarem, encontram-no inteiro no YouTube. E vale bem a pena

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Banda Sonora: Born To Be Wild, de Steppenwolf

«Born To Be Wild», de Steppenwolf - Banda Sonora de «Easy Rider», de Dennis Hopper

quinta-feira, 12 de abril de 2012

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Banda Sonora: Baby, I love you, de Ramones

«Baby, I love you», de Ramones (original de The Ronettes) - Banda Sonora de «Tabu», de Miguel Gomes

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Títulos de filmes que não lembram a ninguém #2

«O Herói do Ano 2000», título português de «Sleeper», de Woody Allen

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Em Cartaz: Semana 05/04/2012

Titanic 3D, de James Cameron
American Pie: O Reencontro, de Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg
Tabu, de Miguel Gomes
Na Terra de Sangue e Mel, de Angelina Jolie
ETs In da Bairro, de Joe Cornish

terça-feira, 3 de abril de 2012

A Última Sessão fora de portas

«A Última Sessão» voltou a sair de portas para participar em mais uma iniciativa promovida por um outro blogue. Desta vez o convite partiu do blogue Blockbusters, do André Marques, que resolveu antecipar a estreia do filme «Os Vingadores» com um pedido à blogosfera cinéfila: um top 10 com as melhores adaptações de banda desenhada estreadas na década passada. A minha proposta, que não inclui necessariamente filmes protagonizados ou baseados em super-heróis, pode ser vista aqui.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Duetos cinéfilos: Radiohead + Wes Anderson



Mais uma nova rubrica do blogue. De vez em quando vão surgir por aqui alguns vídeos onde a Música e o Cinema andam de mãos dadas. Alguns existiram de facto na Sétima Arte, outros nem por isso. Este é um exemplo de um que não aconteceu, mas podia ter acontecido, fazendo uma pequena adaptação do slogan do Inimigo Público.

Banda Sonora: Kool Thing, de Sonic Youth

«Kool Thing», de Sonic Youth - Banda Sonora de «Homens Simples», de Hal Hartley

sábado, 31 de março de 2012

Títulos de filmes que não lembram a ninguém #1

«Com a Maldade na Alma», título português de «Hush...Hush, Sweet Charlotte», de Robert Aldrich

quinta-feira, 29 de março de 2012

segunda-feira, 26 de março de 2012

Banda Sonora: New York, New York, de Liza Minnelli

«New York, New York», de Liza Minnelli - Banda Sonora de «New York, New York», de Martin Scorsese

quinta-feira, 22 de março de 2012

Em Cartaz: Semana 22/03/2012

Swans, de Hugo Vieira da Silva e Heidi Wilm
Coriolano, de Ralph Fiennes
Amor ao Acaso, de Bart Freundlich
Lorax, de Chris Renaud e Kyle Balda
Os Jogos da Fome, de Gary Ross
Um Amor de Juventude, de Mia Hansen-Løve

quarta-feira, 21 de março de 2012

Zelig, de Woody Allen (1983)

Quem é (ou foi) Leonard Zelig? É esta a pergunta que Woody Allen nos faz em «Zelig». Protagonizado pelo próprio cineasta, como é habitual na maior parte das suas obras, este é um falso documentário sobre uma figura bastante peculiar: um estranho homem que tem a capacidade de se transformar consoante as pessoas com quem está. Ou seja, se Leonard estiver ao lado de um grupo de índios, transforma-se aos poucos em índio, se estiver num grupo de pessoas gordas, sucede o mesmo. No fundo é apenas uma forma de Zelig se adaptar ao ambiente onde se encontra.

O filme de Woody Allen tenta descobrir um pouco mais sobre esta personagem misteriosa, aparentemente descoberta por Scott Fitzgerald, um dos primeiros a encontrá-lo numa festa de alta sociedade nos idos anos 1920, através de filmagens de arquivo que traçam a sua história. E esta inclui não só a sua história familiar como uma investigação científica desenvolvida pela psiquiatra Eudora Nesbitt Fletcher (Mia Farrow), que tenta descobrir porque razão Zelig tem o problema que tem.

Não sendo o primeiro falso documentário realizador por Allen, território que já tinha sido abordado pelo realizador no início da carreira em «O Inimigo Público», esta não é contudo uma das melhores obras do nova-iorquino, apesar de conter alguns bons achados humorísticos, sobretudo nas poucas cenas em que há diálogos, como é o caso das sessões entre Zelig e Eudora, ou na recriação de um suposto filme sobre a vida de Leonard Zelig. «Zelig» apenas falha na parte narrada, que apesar de contar bem a história da personagem peca por ser demasiado abreviada e em partes parece que o argumento está um pouco desequilibrado. O que acaba por prejudicar a obra de um cineasta cujos filmes vivem sobretudo do argumento.

Nota: 3/5

Site do filme no IMDB

segunda-feira, 19 de março de 2012

Banda Sonora: DVNO, de Justice featuring Mehdi Faveris-Essadi

«DVNO», de Justice featuring Mehdi Faveris-Essadi - Banda Sonora de «Hitman - Agente 47», de Xavier Gens

domingo, 18 de março de 2012

Viagem Alucinante, de Gaspar Noé (2009)

Há precisamente 10 anos um realizador apresentou um filme no Festival de Cannes que fez chocar as audiências e os relatos de pessoas a abandonar as sessões repetiram-se um pouco por todo o lado, tal era a violência da história retratada e a forma como foi apresentada, sem grandes rodeios. O realizador chamava-se Gaspar Noé e o filme «Irreversível». Foi preciso esperar sete anos e quatro curtas para o cineasta francês voltar a realizar uma longa-metragem, que chega às salas portuguesas com um atraso de três anos, depois de muito se ter falado nele e já poucos acreditarem na sua estreia neste canto da Europa. Mais um dos milagres da distribuição lusa.

O resultado final é «Viagem Alucinante», uma enorme trip passada em Tóquio onde a personagem principal, o traficante de droga e toxicodependente Oscar (Nathaniel Brown), vive e acaba por morrer com um tiro. A viagem de Oscar surge quando o jovem morre e o seu espírito sai do corpo e começa a deambular pelos céus da capital japonesa para acompanhar as restantes personagens, nomeadamente a sua irmã mais nova Linda (Paz de la Huerta), com quem tem uma ligação bastante peculiar. Pelo meio deste percurso, com base numa teoria budista da reencarnação, Oscar recupera os principais momentos do seu passado e procura um novo corpo para prosseguir a sua vida terrena.

Não sendo tão violento como «Irreversível», apesar de uma ou outra cena poder provocar algum aperto no estômago dos mais sensíveis, «Viagem Alucinante» vinca o estilo de filmar que Gaspar Noé tinha proposto no seu filme mais conhecido e que lhe deu nome e fama, sobretudo numa certa forma de utilizar movimentos de câmara bastante bruscos. Outra das características deste filme é o facto de a câmara mostrar apenas e só o que Oscar vê, o que faz de «Viagem Alucinante» uma experiência da qual não é possível sair do ponto de vista da personagem principal.

E, tal como «Irreversível», ver este filme em sala é uma verdadeira experiência, sobretudo graças aos efeitos e luzes que atravessam o ecrã ao longo do filme. Peca contudo pela história, que não é nada de especial e apenas parece que lá está para ajudar Noé a mostrar um certo virtuosismo no manejo da câmara, o que até certo ponto acaba por enjoar, pois a mistura de luzes psicadélicas e movimentos bruscos não é de todo a melhor combinação para duas horas e meia de filme sem parar. É este o grande ponto fraco de «Viagem Alucinante», filme que irá de certo dividir opiniões mas não deixa de ser uma experiência curiosa.

Nota: 3/5

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sexta-feira, 16 de março de 2012

Vergonha, de Steve McQueen (2011)

Quem viu «Fome», a obra de estreia de Steve McQueen realizada em 2008, sabe que este cineasta oriundo do universo das artes plásticas não filma como a maioria dos realizadores actuais. Naquele caso Steve McQueen conseguiu transformar a história da greve de fome de um grupo de prisioneiros do IRA numa daquelas experiência que quem vê em sala dificilmente esquece, tal é o murro no estômago que nos é dado. «Vergonha» é mais uma dessas experiências, apesar de o resultado final ser um bocado inferior.

Tal como em «Fome» o realizador volta a trabalhar com Michael Fassbender, cimentando o que já tinha sido uma dupla de sucesso no filme anterior. Neste caso o filme retrata a história de Brandon Sullivan (Michael Fassbender), um homem bem sucedido que vive em Nova Iorque mas tem problemas por ser viciado em sexo. Algo que acaba por influenciar tudo o que o rodeia, sobretudo quando a sua irmã Sissy Sullivan (Carey Mulligan) resolve aparecer de surpresa para passar uns dias em sua casa.

«Vergonha» é um filme sobre a forma como alguém vive com os seus vícios, reconhecendo os seus problemas, mas sabendo que ao mesmo tempo não consegue fazer nada para fugir deles, por mais que tente. Esses problemas acabam por tornar Brandon cada vez mais centrado em si e afastado dos outros. E é isso que nos mostra também McQueen, ao tornar «Vergonha», tal como «Fome», em mais uma boa experiência cinematográfica que não se vê de ânimo leve e nos leva a questionar vários aspectos da natureza humana. Algo que o realizador consegue com a ajuda de uma banda sonora de excepção e de uma fotografia bastante sóbria, que apenas ganha tons mais pesados em algumas das sequências de sexo finais, quando pensamos que Brandon se apercebe verdadeiramente dos seus problemas. Mas o final é demasiado ambíguo para sabermos se realmente a personagem conseguiu ou não ultrapassar o problema. Mais um ponto favorável nesta segunda obra de McQueen.

Nota: 4/5

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quinta-feira, 15 de março de 2012

Em Cartaz: Semana 15/03/2012

O Outro Mundo, de Gilles Marchand
A Presa, de Joe Carnahan
Amor e Outras Cenas, de David Wain
Viagem Alucinante, de Gaspar Noé
John Carter, de Andrew Stanton

terça-feira, 13 de março de 2012

A Mulher de Negro, de James Watkins (2012)

A saga de Harry Potter já lá vai e Daniel Radcliffe começa agora a libertar-se da série que lhe trouxe fama. Num dos seus primeiros filmes pós-Harry Potter o actor continua ligado ao universo do fantástico, mas mais no género do terror, algo um pouco diferente da série criada por JK Rowling, dirigida para um público mais juvenil. Em «A Mulher de Negro» Radcliffe interpreta o papel de Arthur Kipps, um advogado viúvo em dificuldades financeiras que parte para uma aldeia inglesa isolada onde tem de tratar da venda da mansão de uma estranha mulher entretanto falecida. Apesar dos avisos da população para se afastar da mansão Arthur acaba por ir mesmo à mansão e apercebe-se aos poucos que as superstições locais se calhar até têm alguma razão de ser.

Nesta sua segunda longa-metragem James Watkins leva-nos ao típico filme da casa assombrada e o resultado é bastante bom, com bons sustos que nos fazem saltar da cadeira sem terem de nos chocar necessariamente com cenas gore. Que, aliás, praticamente não existem, pois «A Mulher de Negro» é daqueles filmes de terror que joga bastante bem com a poder da sugestão, o que faz dele uma boa surpresa no campo do cinema de terror da actualidade. O filme apenas peca um pouco por um final mais fraquinho, mas que ao mesmo tempo não desilude.

O que também não desilude é a interpretação de Daniel Raddcliffe, que apesar de não ser nada de extraordinária, mostra que o jovem actor tem muito para dar à Sétima Arte se conseguir libertar-se do passado enquanto Harry Potter. E a primeira grande prova de ferro foi passada com distinção.

Nota: 4/5

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segunda-feira, 12 de março de 2012

Banda Sonora: Love is the Drug, de Roxy Music

«Love Is The Drug», de Roxy Music - Banda Sonora de «Casino», de Martin Scorsese

sábado, 10 de março de 2012

Caçadores de Vampiras Lésbicas, de Phil Claydon (2009)

Apesar do que o título pode aparentar, este não é um filme para adultos. «Caçadores de Vampiras Lésbicas» é a segunda e bastante sofrível longa-metragem de Phil Claydon, muito provavelmente um daqueles filmes que os razzies adoram distinguir e que nós pensamos no final: porque raio é que eu estive a perder tempo com isto. Tudo começa com uma lenda britânica em torno de Carmilla, a rainha das vampiras lésbicas que antes de ser morta às mãos de Wolfgang MacLaren lança uma maldição sobre a localidade de Cragwich e os descendentes do barão. O último descendente da linhagem MacLaren é Jimmy (Mathew Horne), um jovem dos dias de hoje que acaba de ser deixado mais uma vez pela namorada e resolve partir numa caminhada com o seu melhor amigo Fletch (James Corden), um palhaço que foi despedido por bater numa criança. O local escolhido é precisamente Cragwich, onde vão travar conhecimento com um grupo de estudantes alemãs e com as célebres vampiras lésbicas do título.

Com um título daqueles só poderíamos esperar duas coisas. Ou Phil Claydon quis fazer um filme de terror ou uma paródia a esse género. O resultado final parece ser uma paródia ao género de terror mas acaba por não ser uma coisa nem outra, pois falha a todos os níveis e mais algum. E acaba também por ser um dos piores filmes vistos nos últimos tempos aqui por estes lados. Um argumento sem ponta por onde se lhe pegue, interpretações de bradar aos céus, enfim, um rol de coisas que poderiam colocar «Os Caçadores de Vampiras Lésbicas» num manual sobre como não fazer um filme. E esperar que Phil Claydon tão depressa não volte a tentar realizar um filme.

Nota: 1/5

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sexta-feira, 9 de março de 2012

Declaração de Guerra, de Valérie Donzelli (2011)

Romeo (Jérémie Elkaïm) conhece Julliete (Valérie Donzelli) numa festa. Uma troca de olhares e apaixonam-se perdidamente. Assim que ela diz o seu nome ele graceja com o facto e diz que sabe que aquela história não vai acabar da melhor forma. E de repente acabámos de assistir a uma das mais belas cenas que tive a oportunidade de ver numa estreia recente. Mas esta não é uma história de amor destinada a ser uma tragédia, como acontece na peça de William Shakespeare. Meses depois nasce o pequeno Adam que começa a sofrer alguns problemas de saúde e cujo diagnóstico não é o melhor: um tumor raro no cérebro. É esta doença que vai marcar a vida do casal para sempre.

E é esta a história de «Declaração de Guerra», filme que retrata a vida daquele casal baseado na experiência dos dois actores principais, que em tempos formaram um casal e também tiveram de lutar contra uma doença semelhante que afectou o seu filho. Além de serem os protagonistas, os dois acumulam a posição de realizador (ela) e de argumentistas (ambos), tarefas que executam bastante bem, pois este filme é uma agradável surpresa, que apesar de um certo sufoco que nos leva a entrar nesta guerra ao lado do casal nunca deixa de mostrar uma certa esperança. E é uma daquelas provas de ferro de como nos conseguimos adaptar a certas situações que o destino nos coloca no caminho.

Um dos grandes destaques de «Declaração de Guerra» é o facto de não ser um daqueles grandes dramalhões sobre um acontecimento tão trágico como a forma como um casal lida com a doença do filho, potencialmente fatal, e que bem poderia ter sido um desses filmes. «Declaração de Guerra» é um filme simples que não segue por vias demasiado complicadas para mostrar a montanha russa de emoções que o casal tem de enfrentar. E a juntar a duas grandes interpretações, não podia deixar passar em claro a excelente banda sonora que encaixa na perfeição à realização de Valérie Donzelli.

Nota: 4/5

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quinta-feira, 8 de março de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

A Invenção de Hugo, de Martin Scorsese (2011)

Martin Scorsese fez um filme para um público mais jovem. E em 3D. Ditas desta forma, assim simples, as duas frases anteriores poderiam parecer mentira há alguns anos. Mas hoje, neste ano da graça de 2012, não são. Martin Scorsese, o realizador de «Taxi Driver», «Tudo Bons Rapazes» ou o mais recente «The Departed - Entre Inimigos», conseguiu a proeza de juntar num só filme aquelas duas características que lhe desconhecíamos, criando uma obra singular no seu percurso, que só não é de todo estranha aos seus fãs devido à homenagem que faz aos primórdios do Cinema e a um dos grandes nomes dos primeiros anos da Sétima Arte, que levou a magia a entrar directamente no grande ecrã: George Mélies.

Baseado num livro de Brian Selznick, «A Invenção de Hugo» narra as aventuras de Hugo Cabret (Asa Butterfield), uma criança órfã que vive numa estação de comboios de Paris nos anos 1930, onde trata da manutenção dos relógios, métier que lhe foi ensinado pelo tio alcoólico. Durante as suas divagações diárias trava conhecimento com o dono de uma loja de brinquedos, a quem rouba peças para reconstruir um autómato que o pai de Hugo tinha encontrado antes de morrer. É durante esta tentativa de reconstrução do autómato que Hugo conhece Isabelle (Chloë Grace Moretz), filha do dono do loja, que mais tarde as duas crianças descobrem ser George Mélies (Ben Kingsley).

Este filme não podia ser mais diferente das obras anteriores de Martin Scorsese. Aqui não há gangsters nem mafiosos (o mais próximo que temos disso é um Sacha Baron Cohen a fazer de guarda da estação, mau como as cobras, mas mesmo assim, longe de ser um grande vilão), apenas uma história simples que nos leva a conhecer um pouco mais a magia da Sétima Arte, com a ajuda de um dos pioneiros dos efeitos especiais. E a descoberta do Cinema pelos dois jovens protagonistas é das mais belas sequências de «A Invenção de Hugo». Talvez seja precisamente devido à presença de Mélies (e alguns dos seus filmes e a sua filmagem são recriados no filme de Scorsese) que este filme tenha sido feito em 3D, actualmente a técnica que mais aproximará a Sétima Arte da magia. Não tive oportunidade de ver esta versão, mas diz quem viu que está bastante bem conseguida e Scorsese já admitiu ter ficado fascinado com as potencialidades da tecnologia.

Apesar de alguns bons momentos, o grande defeito de «A Invenção de Hugo» é que não parece ser um filme realizado por Martin Scorsese, mas antes por Steven Spielberg. Que por acaso até tem um filme novo nas salas por estes dias e recentemente lançou uma adaptação de Tintim em 3D. O fascínio da descoberta do Cinema está lá, mas aparentemente falta ali um rasgo de génio do realizador nova-iorquino. O que não significa que «A Invenção de Hugo» não deixa de ser um belo filme, apesar de ser uma 'carta fora do baralho' no conjunto da obra de Martin Scorsese.

Nota: 3/5

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segunda-feira, 5 de março de 2012

Banda Sonora: Rectangle, de Jacno

«Rectangle», de Jacno - Banda Sonora de «Declaração de Guerra», de Valérie Donzelli

quinta-feira, 1 de março de 2012

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nada de novo debaixo do Sol de Hollywood. Eis a lista dos vencedores dos Óscares

Tal como previsto «O Artista», de Michel Hazanavicius venceu as principais categorias na edição deste ano dos Óscares. O filme francês levou para casa cinco estatuetas (Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor Principal, Melhor Guarda Roupa e Melhor Banda Sonora), o mesmo número que «A Invenção de Hugo», o mais recente filme de Martin Scorsese, que desta vez teve de se contentar com as categorias técnicas (Melhor Fotografia, Melhor Direcção Artística, Melhores Efeitos Sonoros, Melhor Montagem Sonora e Melhores Efeitos Especiais). Nada de novo, em mais uma edição da cerimónia mais glamourosa da Sétima Arte, que, diz quem viu, foi demasiado fraquinha. Aparentemente nem o regresso de Billy Crystall se safou. Eis então a lista dos vencedores (nota: os vencedores estão a negrito):

Melhor Filme:
O Artista
Os Descendentes
Extremamente Alto, Incrivelmente Perto
As Serviçais
A Invenção de Hugo
Meia-Noite em Paris
Moneyball - Jogada de Risco
A Árvore da Vida
Cavalo de Guerra

Melhor Realizador:
Michel Hazanavicius por O Artista
Woody Allen por Meia-Noite em Paris
Terrence Malick por A Árvore da Vida
Alexander Payne por Os Descendentes
Martin Scorsese por A Invenção de Hugo

Melhor Actriz:
Meryl Streep por A Dama de Ferro
Glenn Close por Albert Nobbs
Viola Davis por As Serviçais
Rooney Mara por Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
Michelle Williams por A Minha Semana Com Marilyn

Melhor Actor:
Jean Dujardin por O Artista
Demián Bichir por A Better Life
George Clooney por Os Descendentes
Gary Oldman por A Toupeira
Brad Pitt por Moneyball - Jogada de Risco

Melhor Actriz Secundária:
Octavia Spencer por As Serviçais
Bérénice Bejo por O Artista
Jessica Chastain por As Serviçais
Melissa McCarthy por A Melhor Despedida de Solteira
Janet McTeer por Albert Nobbs

Melhor Actor Secundário:
Christopher Plummer por Assim é o Amor
Kenneth Branagh por A Minha Semana Com Marilyn
Jonah Hill por Moneyball - Jogada de Risco
Nick Nolte por Warrior - Combate Entre Irmãos
Max von Sydow por Extremamente Alto, Incrivelmente Perto

Melhor Argumento Original:
Meia-Noite em Paris
O Artista
A Melhor Despedida de Solteira
O Dia Antes do Fim
Uma Separação

Melhor Argumento Adaptado:
Os Descendentes
A Invenção de Hugo
Nos Idos de Março
Moneyball - Jogada de Risco
A Toupeira

Melhor Filme de Animação:
Rango
Une vie de chat
Chico & Rita
O Panda do Kung Fu 2
O Gato das Botas

Melhor Filme Estrangeiro:
Uma Separação
Rundskop
Hearat Shulayim
In Darkness
Monsieur Lazhar

Melhor Fotografia:
A Invenção de Hugo
O Artista
Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
A Árvore da Vida
Cavalo de Guerra

Melhor Montagem:
Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
O Artista
Os Descendentes
A Invenção de Hugo
Moneyball - Jogada de Risco

Melhor Direcção Artística:
A Invenção de Hugo
O Artista
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2
Meia-Noite em Paris
Cavalo de Guerra

Melhor Guarda-Roupa:
O Artista
Anónimo
A Invenção de Hugo
Jane Eyre
W.E.

Melhor Caracterização:
A Dama de Ferro
Albert Nobbs
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2

Melhor Banda-Sonora:
O Artista
As Aventuras de Tintin - O Segredo do Licorne
A Invenção de Hugo
A Toupeira
Cavalo de Guerra

Melhor Canção Original:
"Man or Muppet" - Os Marretas
"Real in Rio" - Rio

Melhores Efeitos Sonoros:
A Invenção de Hugo
Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
Moneyball - Jogada de Risco
Transformers 3
Cavalo de Guerra

Melhor Montagem Sonora:
A Invenção de Hugo
Drive - Risco Duplo
Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres
Transformers 3
Cavalo de Guerra

Melhores Efeitos Especiais:
A Invenção de Hugo
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2
Puro Aço
Planeta dos Macacos: A Origem
Transformers 3

Melhor Documentário:
Undefeated
Hell and Back Again
If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front
Paradise Lost 3: Purgatory
Pina

Melhor Documentário (curta-metragem):
Saving Face
The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement
God Is the Bigger Elvis
Incident in New Baghdad
The Tsunami and the Cherry Blossom

Melhor Curta-metragem (Animação):
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
Dimanche/Sunday
La Luna
A Morning Stroll
Wild Life

Melhor Curta-Metragem:
The Shore
Pentecost
Raju
Time Freak
Tuba Atlantic

Banda Sonora: Please, Please, Please, Let Me Get What I Want, de The Smiths

«Please, Please, Please, Let Me Get What I Want», de The Smiths - Banda Sonora de «(500) Dias com Summer», de Marc Webb

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Última Sessão fora de portas: CCOP e Pecadilhos das Horas Vagas

De vez em quando sou convidado a participar em iniciativas promovidas por outros blogues e gosto também de as promover por aqui. Não só porque acho que merecem ser divulgadas, para serem conhecidas por mais pessoas, mas também porque é uma forma de dar a mostrar o meu trabalho fora de «A Última Sessão» e mesmo os outros blogues. A mais recente foi promovida pelo blogue especializado em cinema asiático «Not a Film Critic», da FilmPuff, que me pediu para escrever um texto sobre um guilty pleasure meu. A escolha recaiu sobre «Fantasmas de Marte», de John Carpenter, e o texto pode ser lido aqui.

A outra iniciativa é promovida por Tiago Ramos, criador do blogue «Split Screen», que resolveu adaptar a iniciativa brasileira Liga dos Blogues Cinematográficos à blogosfera cinéfila portuguesa e convidou um conjunto de bloggers de cinema para o arranque do Círculo de Críticos Online Portugueses (CCOP), entre os quais o autor deste blogue. Além de mim e do Tiago Ramos, o CCOP conta com a participação de Pedro Ponte e Gonçalo Trindade (Ante-Cinema), Nuno Reis (Antestreia), Samuel Andrade (Keyzer Soze's Place), Catarina D'Oliveira (Close-Up), Inês Moreira Santos (Espalha Factos), João Pinto (Portal Cinema), Jorge Rodrigues e João Samuel Neves (Dial P For Popcorn). Mais informações sobre esta iniciativa podem ser encontradas no site oficial do CCOP.

Hoje há Óscares, mas como nem todos ganham...há que prestar homenagem aos vencidos

E como o autor deste blogue nunca teve jeito para previsões, sobretudo quando nem sempre são os melhores a ganhar, deixo-vos uma lista dedicada aos filmes que deveriam ter ganho o galardão máximo da Academia na primeira década deste século. Pelo menos na minha modesta opinião. Nota: os filmes escolhidos partiram da lista de nomeados no ano em que perderam.

«Traffic», de Steven Soderbergh
perdeu o Óscar para
«Gladiador», de Ridley Scott

«Vidas Privadas», de Todd Field
perdeu o Óscar para
«Uma Mente Brilhante», de Ron Howard

«O Pianista», de Roman Polanski
perdeu o Óscar para
«Chicago», de Rob Marshall

«Mystic River», de Clint Eastwood
perdeu o Óscar para
«O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei», de Peter Jackson

«Sideways», de Alexander Payne
perdeu o Óscar para
«Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos», de Clint Eastwood

«Boa Noite, e Boa Sorte», de George Clooney
perdeu o Óscar para
«Colisão», de Paul Haggis

«Cartas de Iwo Jima», de Clint Eastwood
perdeu o Óscar para
«The Departed - Entre Inimigos», de Martin Scorsese
«Haverá Sangue», de Paul Thomas Anderson
perdeu o Óscar para
«Este País Não É Para Velhos», de Ethan e Joel Coen
«O Estranho Caso de Benjamin Button», de David Fincher
perdeu o Óscar para
«Quem Quer Ser Bilionário?», de Danny Boyle

«Up - Altamente», de Pete Docter e Bob Peterson
perdeu o Óscar para
«Estado de Guerra», de Kathryn Bigelow

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Em Cartaz: Semana 23/02/2012

Declaração de Guerra, de Valérie Donzelli
Guerra é Guerra, de McG
Bel Ami, de Declan Donnellan e Nick Ormerod
Cavalo de Guerra, de Steven Spielberg
Albert Nobbs, de Rodrigo García

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

(500) Dias com Summer, de Marc Webb (2009)

De vez em quando surgem filmes que, por uma espécie de conjugação mística dos astros (se é que essa coisa existe), parece que nasceram para ser perfeitos. E quando começamos a ver um filme e nos apaixonamos por ele quando apenas passou pouco mais de um minuto desde que começou, sabemos que estamos perante um daqueles filmes que nunca mais nos vamos esquecer. Ou pelo menos durante algum tempo. É esse o caso de «(500) Dias com Summer», a longa de estreia de Marc Webb, um filme indie sobre a relação entre Tom (Joseph Gordon-Levitt), um jovem que acredita no amor eterno mas que não tem grande sorte neste campo, e Summer (Zooey Deschanel), uma jovem que não acredita nas relações amorosas e por quem Tom se apaixona e com quem acaba por ter uma relação que é um meio termo entre namoro e amizade.

Esta relação um pouco confusa deixa Tom meio abananado com tanta mudança e sentimentos contraditórios, que vamos conhecendo aos poucos, através de uma montagem bem conseguida que vai alternando entre os momentos iniciais da relação e os momentos finais, sem nunca nos deixar perdidos pelo meio. Joseph Gordon-Levitt tem aqui (mais) uma grande interpretação, provando ser um dos jovens actores com maior talento (e ao mesmo tempo menos reconhecido, parece-me) na Hollywood actual.

«(500) Dias com Summer» consegue assim ser um filme tão simples sobre um tema tão sério, que nos deixa a pensar como é que às vezes se complicam certas coisas. É ao mesmo tempo mais um daqueles exemplos descarados de como é possível não ter chegado às salas portuguesas. Com uma banda sonora de excepção para os adeptos das sonoridades mais alternativas, não fosse o par conhecedor e fã de grandes bandas, esta é talvez uma das melhores comédias românticas do universo indie dos últimos anos. Depois disto, será curioso ver o que fará Marc Webb no seu próximo filme, que por estranho que pareça depois desta estreia, é «O Fantástico Homem-Aranha», a nova versão das aventuras do Homem-Aranha.

Nota: 5/5

Site do filme no IMDB

Site oficial do filme

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Casino, de Martin Scorsese (1995)

Cinco anos depois do magnífico «Tudo Bons Rapazes», Martin Scorsese regressou ao universo da máfia para realizar «Casino», filme que pode não ser tão bom como o anterior, mas também não lhe fica muito atrás. Protagonizado por dois actores que tinham entrado em «Tudo Bons Rapazes» (o sempre cúmplice Robert De Niro, quando ainda fazia papéis de jeito mais regularmente, e o actualmente 'desaparecido' Joe Pesci, que volta a brilhar no papel de um vilão como só ele conseguia interpretar, não muito diferente do Tommy DeVito), «Casino» conta a história de Sam 'Ace' Rothstein (De Niro) e como este foi contratado pelas famílias mafiosas para controlar um dos principais casinos de Las Vegas, antes da cidade do pecado se tornar num parque de diversões, como é hoje e como Sam nos explica no final do filme.

Pelo meio temos a chegada de Nicky Santoro (Pesci), um dos melhores amigos de Sam, que inicialmente apenas tinha de tratar da segurança do casino, mas aos poucos quer também ter a sua influência e espaço em Las Vegas. E a bela Ginger McKenna (Sharon Stone, provavelmente num dos seus melhores papéis de sempre), uma batoteira com quem Sam se apaixona e casa, mas com alguns problemas para resolver. Praticamente sempre narrado pelos dois principais protagonistas, apesar de de vez em quando outras personagens também participarem na narração, «Casino» aguenta bem esta técnica, sobretudo graças à banda sonora. Se por vezes o recurso à voz off parece que tira força à acção que vamos assistindo (no fundo, nem sempre ouvimos o que dizem as personagens e nem é preciso), as excelentes escolhas musicais feitas por Scorsese (um verdadeiro regalo para os ouvidos de quem gosta de música) tratam disso. E a música é uma das partes tão importantes deste filme como a própria narração.

«Casino» podia ter ficado um pouco na sombra de «Tudo Bons Rapazes» e talvez na altura da estreia até tenha ficado, por ter repetido o tema e dois dos actores principais desse filme. Mas tal não se justifica. Vendo-o à distância e como filme independente que é, este é um daqueles filmes de Martin Scorsese onde uma boa história bem filmada é o que basta para tornar «Casino» um grande filme. E se juntarmos a isto grandes interpretações, onde os actores parece que são mesmo as personagens que encarnam (e voltando uma vez mais a De Niro, em que filme recente o vimos tão bem como neste filme, por exemplo?), «Casino» será talvez um dos filmes de Scorsese mais subvalorizados aquando da estreia, mas que o tempo irá dar-lhe o reconhecimento merecido.

Nota: 4/5

Site do filme no IMDB

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Banda Sonora: While My Guitar Gently Weeps, de George Harrison

«While My Guitar Gently Weeps», de George Harrison - Banda Sonora de «George Harrison: Living in the Material World», de Martin Scorsese

domingo, 19 de fevereiro de 2012

George Harrison: Living in the Material World, de Martin Scorsese (2011)

Martin Scorsese é mais conhecido pelas suas obras de ficção, mas na já longa obra do realizador nova-iorquino também podemos encontrar um bom punhado de incursões no universo dos documentários, que se debruçam tanto pelo Cinema como pela Música. É esse o caso de «George Harrison: Living in the Material World», filme do ano passado dedicado à vida de George Harrison, um dos quatro membros dos Beatles. Ao contrário de filmes como «A Letter to Elia» ou as duas viagens cinematográficas de Scorsese (ao Cinema clássico italiano e norte-americano), desta vez o realizador não apresenta o documentário na primeira pessoa, optando pelo modelo de colocar os intervenientes a falar sobre George Harrison.

Dividido em duas partes, na primeira acompanhamos a vida de Harrison no seio dos Fab Four, desde que foi convidado por Paul McCartney para entrar na banda até à separação do grupo. Numa segunda parte, Scorsese aborda o fim dos Beatles e a vida de George Harrison na sua carreira a solo e projectos onde esteve envolvido, assim como alguns aspectos da sua personalidade. Como não podia deixar de ser, a música está bastante presente em «George Harrison: Living in the Material World». Mas é o retrato de Harrison enquanto pessoa, para além do artista e músico, o que mais fascina neste documentário, onde ficamos a conhecer um pouco mais sobre aquele que foi o mais reservado dos quatro Beatles. Sobretudo por descobrirmos uma personalidade fantástica, que tinha uma forma muito particular de estar na vida e de conviver com os outros.

E é um belo retrato, contado por aqueles que conviveram de perto com Harrison, desde os dois companheiros de banda sobreviventes a pessoas das mais variadas áreas que se cruzaram com o autor de «While My Guitar Gently Weeps» e, como é o caso do antigo piloto de Fórmula 1 de Jackie Stewart, são capazes de admitir que mesmo não sendo os melhores amigos, sentiram a sua morte como a perda de alguém especial. A juntar a estes relatos temos várias imagens de arquivo do próprio George Harrison em discurso directo onde aborda alguns episódios. Um bom documento, obrigatório para os fãs dos Beatles e de Harrison, assim como para todos os que gostam de conhecer um pouco mais sobre a história da cultura popular.

Nota: 4/5

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

La Escopeta Nacional, de Luis García Berlanga (1978)

Ninguém escapa ileso de «La Escopeta Nacional», o filme realizado por Luis García Berlanga após «Tamanho Natural», onde o cineasta espanhol regressa às comédias negras. Este filme é uma sátira à sociedade burguesa, das aparências e dos favorzinhos pedidos aos amigos que conhecem alguém supostamente bem posicionado. Reza a lenda que a história de «La Escopeta Nacional» nasceu da leitura de crónicas da revista Hola (para quem não conhece, trata-se de uma espécie de versão espanhola da Caras) sobre o jet set de Espanha. Se tal é verdade, ninguém sai bem na fotografia mordaz tirada por Berlanga.

Tudo começa com a chegada de um casal a uma quinta pertencente a um marquês para participar numa casa. E logo aí começam os jogos de aparências: nem o casal é legítimo, nem a caçada foi organizada pelo dono da propriedade. Foi precisamente o forasteiro, um 'honrado' industrial catalão, que pagou e organizou a caçada para travar conhecimento com a nata da sociedade e tentar vender um negócio seu a quem o possa ajudar, sendo o principal alvo um ministro que está presente no evento. Para tal Jaime Canivell (José Sazatornil) começa a fazer favores a torto e a direito para conseguir atrair sócios para o projecto. E quanto mais peripécias são relatadas, mais podres desta sociedade são destapados. Não há ninguém que que o nosso industrial não tente convencer, nem favor que não faça, inclusive mudar de ramo de actividade (o mais estranho possível).

Como disse no início deste texto, ninguém sai ileso deste filme, uma excelente sátira que bem podia ter sido realizada nos dias de hoje, tal é a actualidade da obra de Berlanga. Padres, marqueses, empresários, governantes...comem todos por tabela num filme onde, mais uma vez, é possível encontrar ecos do cinema buñueliano. E a moral final, que nos surge numa pequena legenda, é simplesmente deliciosa. Mais uma vez, na falta de um trailer oficial no YouTube, o vídeo abaixo mostra apenas uma pequena cena do filme.

Nota: 5/5

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Em Cartaz: Semana 16/02/2012

O Último Vôo, Karim Dridi
Jack e Jill, de Dennis Dugan
Le Havre, de Aki Kaurismäki
A Invenção de Hugo, de Martin Scorsese

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Os Marretas, de James Bobin (2011)

O autor deste blogue não é bem do tempo dos Marretas, mas tem uma vaga ideia de ter travado conhecimento com personagens como o sapo Cocas, Gonzo ou Miss Piggy algures durante a infância, quando o programa passava na televisão. Por isso, ver o filme «Os Marretas» foi quase uma mistura de descoberta e viagem ao passado, sem grandes compromissos ou sentimentos de nostalgia. O novo filme dos Marretas quase que pode ser visto como uma apresentação deste universo às novas gerações. E seria curioso ver como é que as criança de hoje reagem a estas personagens, autênticos ícones da cultura popular do século XX.

E esta apresentação é feita da melhor forma. Walter, um grande fã dos Marretas, aproveita o convite do irmão Gary (Jason Segel), que vai de viagem a Los Angeles com a namorada Mary (Amy Adams) para celebrar o 10º aniversário de namoro, para visitar o mítico estúdio dos Marretas. Ao chegar lá descobre que um lugar em ruínas, prestes a ser comprado por um milionário (Chris Cooper) que apenas quer o terreno para explorar o petróleo ali existente. Walter decide então ir à procura do sapo Cocas para, em conjunto com a restante trupe dos Marretas, tentar salvar os estúdios.

«Os Marretas» vale mesmo pelas fantásticas personagens que nos garantem bons momentos de divertimento, um pouco diferentes do que se vê hoje em dia. Dispensáveis eram os momentos protagonizados apenas pelos actores de carne e osso (com a óbvia excepção dos diversos cameos, que nada influenciam o resto do filme), que de tão maus roçam a idiotice pura, sobretudo nas sequências musicais, com coreografias onde os sorrisos são tão falsos que por pouco não caem. E nestas cenas incluo esse triste momento na carreira de Chris Cooper onde o actor canta hip hop. Sim, é verdade. Fora isso, ver «Os Marretas» sem grandes preconceitos é capaz de se revelar uma experiência engraçada e bem disposta.

Nota: 4/5

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Artista, de Michel Hazanavicius (2011)

Li algures que «O Artista» é um daqueles filmes para dividir opiniões. E pelo que me tinha apercebido, antes de o ver, foi essa a sensação com que fiquei. Há quem tenha gostado muito e há quem não tenha gostado nada. Eu tendo a inclinar-me para o segundo campo. Apesar de reconhecer que em alguns casos até nem seja um mau filme, acho que ao mesmo tempo «O Artista» é um filme que oferece diferentes leituras consoante quem o vê. Quem não conhece (ou pelo menos não está tão habituado a ver) muito cinema mudo, achará que estamos perante um grande filme. E daí este ser mesmo um daqueles filmes que está a amealhar nomeações e prémios um pouco por toda a parte, o que só ajuda a criar o hype (ai o hype...) que as nomeações para os Óscares apenas vieram ajudar. Pelo contrário, a maioria dos conhecedores e amantes do cinema mudo poderão ver «O Artista» apenas como um mero simulacro de um filme mudo. O que no fundo é disto que se trata.

Em «O Artista» Michel Hazanavicius leva-nos ao final dos anos 1920 para contar a história de George Valentin (Jean Dujardin), um galã do período do mundo cuja popularidade é ameaçada pela chegada do som à Sétima Arte. O que é visto por muitos como o futuro do Cinema, para George não é mais do que um falhanço, pois acredita que as pessoas vão ao cinema para ver os actores como ele e não para os ouvir falar. Em paralelo, o filme acompanha a ascensão de Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma jovem mulher que começa como figurante num filme de George, empurrada pelo próprio, e acaba por se tornar uma das maiores estrelas do sonoro.

Além de uma história pouco original, «O Artista» falha em vários aspectos. Tem alguns bons pormenores, sobretudo a nível da banda sonora, mas pouco mais. Não servirá para trazer novos públicos para o mudo (e seria esse o objectivo do filme?), nem irá provocar um certo sentimento de nostalgia junto dos fãs deste período do cinema, pois não passa da rama.

Com muitas mais limitações os realizadores da altura fizeram um trabalho muito melhor, os exemplos de grandes filmes mudos são mais que muitos. E sobre este tema um senhor chamado Billy Wilder já tinha feito em 1950 uma das grandes obras-primas do cinema («O Crepúsculo dos Deuses»), que basta para remeter «O Artista» para não mais do que uma nota de rodapé na História do Cinema. Mesmo que, como não será de estranhar, venha a receber uma mão cheia de estatuetas douradas na próxima cerimónia dos Óscares.

Nota: 2/5

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Banda Sonora: Satisfaction, de The Rolling Stones

«Satisfaction», de The Rolling Stones - Banda Sonora de «O Homem das Estrelas», de John Carpenter

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Homem das Estrelas, de John Carpenter (1984)

Quem conhece a obra de John Carpenter poderá achar «O Homem das Estrelas» um filme um pouco estranho, pois na altura o realizador norte-americano apenas se tinha aventurado em filmes de terror ou acção. Ainda hoje, dando uma vista de olhos pelo conjunto da cinematografia de Carpenter, à primeira vista este «O Homem das Estrelas» pode ser considerado quase como uma carta fora do baralho. O único ponto em comum é o facto de ser um filme de ficção científica, território que já tinha sido visitado pelo cineasta na excelente estreia («Estrela Negra») e em «Veio do Outro Mundo», um dos seus melhores filmes.

Mas se calhar até nem será assim tão estranho, se atentarmos a alguns pormenores, como a crítica a uma certa autoridade, patente em vários filmes de Carpenter. O homem das estrelas que dá título ao filme é um extra-terrestre (Jeff Bridges) que vem ter à Terra depois de o seu planeta ter recebido uma sonda espacial com mensagens terrestres em várias línguas e com algumas músicas que representam a nossa cultura. A premissa não é nada de especial, este tipo de sondas foram mesmo lançadas para o espaço e este foi o pretexto utilizado para o filme. À chegada à Terra o extra-terrestre assume a forma do falecido marido de Jenny Hayden (Karen Allen) e quando o governo dos EUA começa uma perseguição ao homem das estrelas, ela acaba por ajudá-lo a ir ter com os seus companheiros. Esta fuga vai decorrer ao longo de todo o filme.

Não sendo uma obra típica dentro do universo carpenteriano, e talvez muitos dos fãs do realizador não gostem tanto dele como de outras obras, «O Homem das Estrelas» é um belo filme sobre alguém inadaptado em fuga. A crítica ao comportamento das autoridades, que basicamente não sabem o que fazer perante algo estranho a não ser tentar destruí-lo, é um dos aspectos que podemos ver noutros filmes do cineasta. Mas ao contrário de «Veio do Outro Mundo», por exemplo, este ser alienígena não vem para causar nada de mal, antes em descoberta, tal como os humanos fizeram ao lançar a sonda, o que faz com que a decisão do exército seja ainda mais incompreensível.

Além de uma história de amor que acaba por nascer entre as duas personagens principais, «O Homem das Estrelas» conta com duas grandes interpretações, sobretudo a de Jeff Bridges, que lhe garantiu a terceira nomeação para os Óscares. Outro dos destaques do filme são os efeitos especiais, que curiosamente, quase 30 anos depois da estreia, parece que não envelheceram. Este é um daqueles filmes que poderá não agradar assim tanto aos fãs de Carpenter, mas de certeza que quem não gosta das principais obras do realizador é capaz de gostar.

Nota: 4/5

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