(Crítica com spoilers)
Despachemos já a coisa: «Cópia Certificada» é um dos melhores filmes que vi estrear durante este ano. O mais recente filme do iraniano Abbas Kiarostami tem tanto de belo como de simples e é daqueles que por muito que escreva nunca hei-de conseguir dizer quão bom é. Esta é a história de um escritor (William Shimell) que vai a Itália apresentar o seu mais recente livro. No dia seguinte à apresentação vai ter com uma mulher, dona de uma loja de antiguidades (Juliette Binoche), e juntos vão dar um passeio por uma pequena vila da Toscana. (o spoiler vem a seguir)
Durante este passeio vamos descobrindo que afinal os dois não são apenas dois desconhecidos que nutrem uma admiração mútua pelo respectivo trabalho mas antes um casal que atravessa uma fase bastante complicada. O que começa por ser uma reflexão sobre a arte e o que é original e uma cópia, transforma-se numa discussão sobre o amor e como segurar um casamento à beira da ruína. Quase que podemos ver neste «Cópia Certificada» uma 'cópia' de outro belo filme: «Viagem em Itália», de Roberto Rossellini. E até o próprio título roça o genial, de tão perfeito que é.
Praticamente apenas com dois actores, sem descurar o papel dos inúmeros secundários que em certos casos ajudam ao desenrolar da história, Abbas Kiarostami faz um excelente retrato daquela relação complicada, que acabamos por não saber se vai ou acabar bem. Os dois actores principais estão magistrais. Binoche já não é surpresa nenhuma, pois assegura mais uma bela interpretação, mas William Shimell é uma boa surpresa, sobretudo sabendo que não é um actor de raiz, antes um barítono. Um grande filme que merece bem ser visto em sala.
Nota: 5/5
Site do filme no IMDB
domingo, 21 de novembro de 2010
Cópia Certificada, de Abbas Kiarostami (2010)
Etiquetas:
Abbas Kiarostami,
Crítica,
Juliette Binoche,
William Shimell
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Este filme está recebendo tantas críticas positivas que é impossível não ficar super curioso em conferir ... Estou ansiando pela estreia [brasil..].
ResponderEliminarabs,
sebosaukerl.blogspot.com
É imperdível, respira beleza e cinema em cada fotograma que passa. Espero que chegue aí em breve
ResponderEliminarÉ fabuloso, como dizes, um dos melhores do ano. E um dos melhores do realizador.
ResponderEliminarSó não acho que eles sejam mesmo um casal - são desconhecidos que se tornam uma cópia de um casal. Mas sim, é extraordinária a forma como passamos de uma discussão fabulosa sobre arte para outra talvez melhor sobre a vida e as relações ... Que mestre.
Já tem um lugar na minha lista dos melhores do ano. Dele só conheço o Ten e também é muito bom, por isso até agora ainda não me desiludiu.
ResponderEliminarEssa questão de eles serem ou não um casal é que é mais complicada. Eu também fiquei um bocado a pensar que seriam uma cópia de casal, mas em algumas partes eles parecem conhecer pormenores que se fossem desconhecidos não podiam saber, como quando ele lhe fala do episódio em que ela adormeceu ao volante. É demasiado ambíguo para sabermos ao certo, mas continuo a achar que são de facto um casal perto da separação.