domingo, 3 de outubro de 2010

Lola, de Brillante Mendoza (2009)

Não é muito comum ver um filme das Filipinas chegar ao circuito comercial, daí causar alguma estranheza ver «Lola», de Brillante Mendoza, no grande ecrã. Tal como várias cinematografias asiáticas, não se trata de um filme fácil de apreender para quem não conhece a cultura local. Em «Lola» ficamos a conhecer a história de duas idosas cujo destino se cruza por uma tragédia. Uma é avó de um homem que foi esfaqueado durante o assalto e a outra é avó do autor do crime.

Filmado sempre com a câmara na mão, Brillante Mendoza leva-nos a percorrer as ruas de Manila com estas duas anciãs para cumprirem a sua, se assim se pode chamar, 'missão'. No caso da avó do falecido, vemo-la a tratar dos procedimentos do funeral, enquanto a outra idosa passa os dias a tratar da família e a visitar o seu neto na prisão. Em comum às duas histórias está o facto de ambas precisarem dinheiro, no segundo caso para arranjar um advogado ou chegar a acordo com a avó da vítima, para que o processo não avance em tribunal.

Sem recorrer a imagens muito fortes, o realizador de «Lola» acaba por aproveitar este drama para fazer também um retrato de uma sociedade, em grande parte empobrecida, de uma forma poética, algo que é comum ver em filmes desta região geográfica. Não ficamos fascinados com estas imagens, como numa das cenas em que dois realizadores que estão num comboio falam de belos planos sobre a miséria que os rodeia, mas entramos naquele cenário e acompanhamos o percurso das duas idosas, num mundo onde têm de sobreviver, custe o que custar.

Nota: 4/5

Site do filme no IMDB

2 comentários:

  1. Filme de origem filipina ? Ual, fiquei bastante curioso, a história é interessante e parece ser ótimo. vou tentar ver o filme...
    ótima análise!
    abs.

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  2. Bem vindo Alan.

    Vale bem a pena, não só para conhecer uma nova cinematografia, mas também um realizador que tem dado que falar em vários festivais de cinema. «Lola» foi muito bem recebido em Veneza, na edição de 2009, onde foi prémio especial do júri), depois do anterior «Kinatay» ter sido enxovalhado em Cannes, apenas seis meses antes, devido à sua excessiva violência.

    Cumprimentos e bons filmes.

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