Se uma imagem vale mais do que mil palavras, filmes como «Crepúsculo dos Deuses» são indescritíveis e são quase obrigatórios para quem gosta de Cinema com C maiúsculo. Realizado por Billy Wilder em 1950 é uma das obras de arte do cinema norte-americano que se debruçam sobre a própria história de Hollywood, nomeadamente abordando os efeitos da transição do período mudo para o sonoro.
O papel principal cabe inteiramente a Gloria Swanson que interpreta Norma Desmond, uma antiga estrela de filmes mudos que prepara o seu regresso, com a ajuda de um jovem argumentista (William Holden) a braços com várias dívidas. E é precisamente Joe Gillis que narra o filme, apresentando um mundo que antes foi feito de sucesso e agora apenas vive do passado. É um retrato brutal da fama e dos efeitos que provoca em quem deixa de estar no topo do mundo. Até outras estrelas do mudo aparecem por breves instantes, num jogo de bridge. E estamos a falar de grandes nomes do cinema, como Buster Keaton ou Hedda Hopper, que são tratadas como figuras de cera pelo jovem argumentista, o que prova a imagem que este mundo em decadência acabou por ter depois do enorme sucesso alcançado no arranque do cinema.
Gloria Swanson tem uma interpretação excelente, ao retratar a louca vedeta em que Norma se tornou. Não conhecendo a verdadeira história da actriz, quase se poderia dizer que estava a interpretar-se a si própria. A última cena, quando desce as escadas em frente às câmaras que pensa serem do seu filme é um dos melhores e mais fortes momentos do filme. No campo da interpretação destaque ainda para um outro papel, o do mordomo Max, que mais não é do que Erich von Stroheim, um dos maiores realizadores do cinema mudo e em simultâneo um actor que participou em mais de 70 filmes. «Crepúsculo dos Deuses» é um grande filme, de um grande realizador.
Nota: 5/5
Site do filme no IMDB
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder (1950)
Etiquetas:
Billy Wilder,
Crítica,
Erich von Stroheim,
Gloria Swanson,
William Holden
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Passou precisamente esta manhã, no Hollywood creio :)
ResponderEliminarVisita e comenta http://febre7arte.blogspot.com/
abç
Bem-vindo.
ResponderEliminarExactamente, foi aí que o vi, quase por acaso. Estava a ligar a tv quando estava prestes a começar.
Vou dar uma vista de olhos ao blogue.
Cumprimentos
faz tanto tempo que procuro por esta obra-prima, mas aqui aonde moro está meio difícil, mas vou continuar tentando, quem sabe uma hora eu acho, hehehe. enquanto isso, apenas fico na vontade ...
ResponderEliminarClássico absoluto do Cinema que nenhum cinéfilo deve deixar de ter em sua videoteca.O mais impressionante é que Billy Wilder (1906-2002) faz uma crítica do sistema hollywoodiano e da decadência de seus astros. Ele demonstrou ousadia e coragem em apresentar para o mundo uma outra faceta da meca cinematográfica.
ResponderEliminarSó quem não gostou muito foi o chefão da MGM, Louis B. Mayer (1884-1962), que declarou que Wilder deveria ser linchado em praça pública e expulso de Hollywood, por falar mal da indústria que lhe sustenta. Bem, este é um dos muitos "causos" entres tantos mais da velha Hollywood.
Saúde e Paz
Paulo Néry
Alan, é bastante recomendável. Assim como outras obras do mesmo realizador.
ResponderEliminarPaulo, não conhecia essa história. Tenho estado a conhecer aos poucos a obra de Billy Wilder e até agora ainda não me desiludi. Do que tenho visto já está entre os meus favoritos.
Cumprimentos.
Saudações Projecionista
ResponderEliminarÉ um caso que soube num documentário que tenho em dvd, cujo o assunto é sobre os primeiros 50 anos da História do Oscar, agora se é verdade, não posso afirmar. Entretanto, tendo em vista a personalidade de Mayer conforme muitos de seus biógrafos, não duvidaria.
Billy Wilder sem dúvida era um ótimo diretor e nos legou grandes obras, e digo que foi um cineasta a frente de seu próprio tempo, na minha humilde opinião. Também nunca me desiludi.
Saúde e Paz
Paulo Néry