terça-feira, 5 de outubro de 2010

Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder (1950)

Se uma imagem vale mais do que mil palavras, filmes como «Crepúsculo dos Deuses» são indescritíveis e são quase obrigatórios para quem gosta de Cinema com C maiúsculo. Realizado por Billy Wilder em 1950 é uma das obras de arte do cinema norte-americano que se debruçam sobre a própria história de Hollywood, nomeadamente abordando os efeitos da transição do período mudo para o sonoro.

O papel principal cabe inteiramente a Gloria Swanson que interpreta Norma Desmond, uma antiga estrela de filmes mudos que prepara o seu regresso, com a ajuda de um jovem argumentista (William Holden) a braços com várias dívidas. E é precisamente Joe Gillis que narra o filme, apresentando um mundo que antes foi feito de sucesso e agora apenas vive do passado. É um retrato brutal da fama e dos efeitos que provoca em quem deixa de estar no topo do mundo. Até outras estrelas do mudo aparecem por breves instantes, num jogo de bridge. E estamos a falar de grandes nomes do cinema, como Buster Keaton ou Hedda Hopper, que são tratadas como figuras de cera pelo jovem argumentista, o que prova a imagem que este mundo em decadência acabou por ter depois do enorme sucesso alcançado no arranque do cinema.

Gloria Swanson tem uma interpretação excelente, ao retratar a louca vedeta em que Norma se tornou. Não conhecendo a verdadeira história da actriz, quase se poderia dizer que estava a interpretar-se a si própria. A última cena, quando desce as escadas em frente às câmaras que pensa serem do seu filme é um dos melhores e mais fortes momentos do filme. No campo da interpretação destaque ainda para um outro papel, o do mordomo Max, que mais não é do que Erich von Stroheim, um dos maiores realizadores do cinema mudo e em simultâneo um actor que participou em mais de 70 filmes. «Crepúsculo dos Deuses» é um grande filme, de um grande realizador.

Nota: 5/5

Site do filme no IMDB

6 comentários:

  1. Passou precisamente esta manhã, no Hollywood creio :)

    Visita e comenta http://febre7arte.blogspot.com/

    abç

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  2. Bem-vindo.

    Exactamente, foi aí que o vi, quase por acaso. Estava a ligar a tv quando estava prestes a começar.

    Vou dar uma vista de olhos ao blogue.

    Cumprimentos

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  3. faz tanto tempo que procuro por esta obra-prima, mas aqui aonde moro está meio difícil, mas vou continuar tentando, quem sabe uma hora eu acho, hehehe. enquanto isso, apenas fico na vontade ...

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  4. Clássico absoluto do Cinema que nenhum cinéfilo deve deixar de ter em sua videoteca.O mais impressionante é que Billy Wilder (1906-2002) faz uma crítica do sistema hollywoodiano e da decadência de seus astros. Ele demonstrou ousadia e coragem em apresentar para o mundo uma outra faceta da meca cinematográfica.

    Só quem não gostou muito foi o chefão da MGM, Louis B. Mayer (1884-1962), que declarou que Wilder deveria ser linchado em praça pública e expulso de Hollywood, por falar mal da indústria que lhe sustenta. Bem, este é um dos muitos "causos" entres tantos mais da velha Hollywood.

    Saúde e Paz

    Paulo Néry

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  5. Alan, é bastante recomendável. Assim como outras obras do mesmo realizador.

    Paulo, não conhecia essa história. Tenho estado a conhecer aos poucos a obra de Billy Wilder e até agora ainda não me desiludi. Do que tenho visto já está entre os meus favoritos.

    Cumprimentos.

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  6. Saudações Projecionista

    É um caso que soube num documentário que tenho em dvd, cujo o assunto é sobre os primeiros 50 anos da História do Oscar, agora se é verdade, não posso afirmar. Entretanto, tendo em vista a personalidade de Mayer conforme muitos de seus biógrafos, não duvidaria.

    Billy Wilder sem dúvida era um ótimo diretor e nos legou grandes obras, e digo que foi um cineasta a frente de seu próprio tempo, na minha humilde opinião. Também nunca me desiludi.

    Saúde e Paz

    Paulo Néry

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