domingo, 28 de novembro de 2010

Machete, de Robert Rodriguez e Ethan Maniquis (2010)

Filmes bons a imitar os que são maus às vezes irritam-me. «Machete», que chegou esta semana às salas de cinema, é um deles. Não que o filme seja mau, até gostei. Está muito bem feito para o objectivo que pretende ser (homenagear um género que o realizador gosta) e é bom entretenimento que não deixa os fãs do género desiludidos. Tem bons personagens, daqueles que não lembram a ninguém de tão bons que são, tiros, facadas e explosões a rodos (a cena dos intestinos no hospital é um mimo), mulheres giras e diálogos geniais. Mas espremendo o sumo daquilo, por muito bom que seja o resultado, soa a falso. Já me tinha acontecido o mesmo quando vi «À Prova de Morte», para mim o filme mais fraco de Quentin Tarantino.

O Machete (Danny Trejo) que dá nome ao filme é um ex-Federale incorruptível que se mete com quem não deve: o terrível traficante Torrez (Steven Seagal). Aqui os papéis inverteram-se, pois normalmente Seagal costuma interpretar o herói de serviço e Trejo é um secundário habituado a papéis de mau. Um dos problemas de «Machete» é que esta dupla é composta por dois maus actores, que não conseguem aproveitar boas personagens por muito que tentem. Especialmente Seagal. Aquela cena final é do mais mauzinho que tenho visto, mas uma vez mais, talvez tenha sido o objectivo de Rodriguez ter uma dupla de maus actores.

A história é o habitual neste tipo de filmes. Depois de quase ser morto às mãos de Torrez, que pelo caminho matou a família do Federale, Machete tem uma oportunidade de se vingar quando é contratado por Michael Booth (Jeff Fahey) para matar o Senador John McLaughlin (Robert DeNiro), que defende políticas anti-migração mas tem uma agenda escondida, que envolve Torrez.

Como já referi não há nada que falte a esta imitação de filme chunga, que é tão perfeito que acaba por perder a piada. Confesso que prefiro mil vezes o velhinho e original El Mariachi. «Machete» vale pelo entretenimento que garante e pelos inúmeros e bons secundários, muito bem interpretados. Não só Jeff Fahey e DeNiro, mas também o elenco feminino (de Jessica Alba a Michelle Rodriguez, passando por Lindsay Lohan) e Cheech Marin, que interpreta um padre muito original.

No fundo este é o filme que fariam os realizadores preferidos de Rodriguez e Tarantino se tivessem meios para fazer uma coisa como deve ser. Mas se calhar se o tivessem feito, hoje ninguém falava neles. Ou parafraseando o anúncio, não era a mesma coisa.

Nota: 3/5

Site oficial do filme

Para recordar fica o trailer que saiu com Grindhouse:

5 comentários:

  1. Compreendo a tua crítica e tenho a maior consideração pelos argumentos que apresentas. No entanto, eu achei hilariante, achei as personagens brutais (especialmente as enfermeiras sexies que aparecem a disparar), achei que houve cenas de partir tudo (escalada com intestino) e acho que foram voltas muito bem dadas aos clichês. Gostei muito.

    Agora, não é um Dogtooth, nunca :p

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  2. Exacto e eu gostei disso tudo e fartei-me de rir. Só que me parece tudo um bocado falso e não convence.

    Quanto ao Dogtooth é outra conversa, não tem nada a ver. Também o vi e não gostei porque é demasiado desconfortável, desta vez por ser também demasiado real e que podem acontecer. Faz lembrar aquelas histórias de gente como o Fritzl e outros do género. Agora ver um tipo a fazer de um intestino corda dá para rir de tão irreal que é.

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  3. Eu sinceramente não gosto do cinema feito por Rodriguez, violencia gratuita e excessiva, mulheres fatais. A mim parece-me que há muito pouco de arte.

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  4. Também não é dos meus realizadores preferidos, mas confesso que admiro bastante o Sin City. O problema é que é cinema chunga formatado para as massas. O Mariachi vê-se, agora o resto deixa um pouco a desejar porque não acrescenta muito.

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  5. Todo o cinema é arte, na minha opinião x)

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