domingo, 28 de novembro de 2010

Sangue e Prata, de Raoul Walsh (1948)

Errol Flynn tornou-se popular a protagonizar heróis em filmes de aventuras. Robin Hood é apenas um dos exemplos. Não é isso que acontece em «Sangue e Prata» um western de Raoul Walsh realizado em 1948, onde interpreta Mike McComb, um capitão do exército federal que é afastado da carreira militar depois de optar por queimar um milhão de dólares que iriam parar às mãos do inimigo sulista. Este episódio leva-o a procurar outras paragens, já com uma personalidade mais obscura, e é em Silver City que resolve assentar arraiais com o objectivo de criar um casino.

Mas antes de chegar à pequena localidade, que depende fortemente das minas de prata, cruza-se com Georgia Moore (Ann Sheridan) a mulher do dono de uma das minas por quem acaba por se apaixonar. Esta paixão e as suas jogadas para conquistar tudo e todos (não só Georgia, mas também os terrenos que lhe darão cada vez mais dinheiro) acabam por nos mostrar uma personagem sem escrúpulos, a completa antítese do Errol Flynn mais popular. Foi por isso que o filme acabou por não ter grandes resultados na bilheteira, pois o público não estava habituado e não queria ver Flynn a fazer de vilão.

Além de ser um filme sobre a ambição e a busca de poder e com um vincado sentido político, «Sangue e Prata» remete também para uma história bíblica. O caso entre McComb e Georgia é uma variante da história do Rei David, que envia um general para a frente de batalha para ficar com a sua mulher. Esta é explicada por uma personagem secundária bastante importante para a história, o advogado John Plato Beck (uma excelente interpretação de Thomas Mitchell), que não deixa de atirá-la à cara de McComb sempre que pode.

(Spoiler) McComb acaba por se redimir no final do filme quando lidera a multidão de mineiros que vai expulsar os assassinos de John Plato Beck, que entretanto se tinha candidatado a senador. Esta é uma das cenas mais bem conseguidas do filme, com a enorme turba a entrar em Silver City por todos os lados, não deixando nenhuma abertura. Uma vez mais Raoul Walsh mostra aqui como consegue filmar de forma magistral multidões. Não nos podemos esquecer que nos anos 1940 ainda estávamos muito longe dos efeitos digitais de hoje, que conseguem criar uma multidão através de computador.

A banda sonora de Max Steiner também está muito boa, tanto nesta cena final referida anteriormente, como nas primeiras cenas do filme, quando são retratadas algumas batalhas da Guerra Civil americana ou mesmo na perseguição inicial que dá origem ao tal episódio da expulsão de McComb do exército.

Nota: 4/5

Site do filme no IMDB

2 comentários:

  1. As poucas referências que tenho de Walsh, é mesmo o High Sierra, ainda não conheço bem a sua obra. Vou ver se encontro este.

    Abç

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  2. Também conheço muito pouco, mas é um bom realizador do período clássico. Começou no mudo e conseguiu ir até aos anos 1960 com inúmeros filmes de aventuras e westerns. Pelo que vi vale a pena procurar.

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