«A Última Sessão» deseja a todos os seus leitores um excelente 2012 e com grandes filmes como este. («O Grande Salto», dos Irmãos Coen)
Tierra de Nadie
Há 2 horas
Na semana passada revelei aqui uma lista dos melhores filmes, recentes ou nem por isso, que tive de oportunidade de ver pela primeira vez este ano. Hoje é a vez de desvendar a lista dos filmes estreados em sala, independentemente do ano, que mais gostei de ver. Faltaram ver alguns 'obrigatórios' («48», «Banksy - Pinta a Parede», «Pequenas Mentiras Entre Amigos», «Eu Vi o Diabo», «Um Dia», «O Barão», «Fora de Jogo», «Isto Não é um Filme», «Histórias de Xangai», «Temos Papa», «Uma Separação», «A Toupeira» e «Diário a Rum», foram os filmes que mais pena tive de não ter visto em sala), que decerto poderiam ter um lugar nesta lista que, como qualquer uma, não é absoluta. É apenas uma lista pessoal e não tem como objectivo ser consensual. Ei-la então:
No final dos anos 1990 e início dos anos 2000 Edward Norton chegou a ser considerado por muitos como um dos melhores actores da sua geração. Apesar de nos últimos anos ter escolhido papéis de menos relevo, é inegável o talento que colocou num bom punhado de interpretações naquela altura. Voltando a essa época, foi no ano 2000 que Edward Norton assinou aquele que é, até à data, o seu único filme enquanto realizador. E o resultado não é o melhor, apesar de uma boa premissa inicial.
Este não é propriamente um filme para a temporada natalícia, se é que existem filmes adequados para diferentes épocas do ano. Fruto da imaginação da tripla ZAZ (David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker), «Aonde É Que Pára a Polícia» foi a primeira de três adaptações cinematográficas de uma série de televisão do início dos anos 1980 chamada «Police Squad», uma sátira às séries e filmes policiais da altura, que apesar de ter tido algum sucesso apenas teve direito a seis episódios. O que a ajudou a tornar uma daquelas séries de culto.
Esta é a primeira de duas listas dedicadas aos filmes que mais gostei de ver em 2011. Começo com a lista dos filmes mais antigos (ou nem por isso) que vi pela primeira vez em 2011 e que mais gostei. Para a semana será divulgada a lista com os filmes estreados ao longo dos últimos meses e que considerei ser os melhores. Espero que gostem de ambas. Neste caso, é uma boa oportunidade para conhecerem aqueles que não conhecem.
Pelo que tenho lido nos últimos dias, este parece ser um daqueles filmes que irá gerar ódios e paixões. No meu caso, fico-me pelo meio termo, pois «Drive - Risco Duplo» é um filme que não aquece nem arrefece. Tal como já tinha acontecido quando vi a anterior obra de Nicolas Winding Refn (aqui). Vendo os dois filmes em pouco tempo encontramos alguns aspectos que fazem com que os dois sejam um pouco semelhantes: o excesso de violência estilizada, poucos diálogos, uma bela fotografia e uma grande banda sonora.
Se Quentin Tarantino é um dos realizadores mais aclamados nos dias de hoje, tal deve-se sobretudo a «Pulp Fiction», filme que lhe abriu as portas da Sétima Arte em 1994 quando conquistou a Palma de Ouro em Cannes e três nomeações para os Óscares (Melhor Filme, Realizador e Argumento Original, assinado a meias com Roger Avary), das quais ganharia uma estatueta. Mas foi dois anos antes que o ex-empregado de um videoclube que afirma nunca ter estudado Cinema (assim reza a lenda) começou a dar nas vistas no Festival de Sundance, a Meca do cinema independente, onde apresentou «Cães Danados».
Há obras que têm de ser vistas em conjunto, mesmo quando são feitas por episódios. É esse o caso de «Azul», «Branco» e «Vermelho», a chamada trilogia 3 Cores realizada por Krzysztof Kieslowski no início dos anos 1990 e que acabariam por ser os últimos filmes do realizador polaco. A trilogia partiu, simplificando um pouco esta parte, de uma premissa simples: fazer três filmes dedicados a um tema correspondente às três cores da bandeira de França. Os filmes foram precisamente Azul (Liberdade), Branco (Igualdade) e Vermelho (Fraternidade), que apesar de poderem ser vistos de forma independente, devem ser vistos de seguida pois têm alguns pontos de contacto, pequenos pormenores é certo, mas que acabam por se juntar todos no último filme «Vermelho».
Lars Von Trier é um realizador ambíguo e como poucos é capaz de gerar ódios e amores como quem muda de camisa. Basta ver a recente polémica do Festival de Cannes quando apresentou precisamente «Melancolia». Polémicas à parte, goste-se ou não do enfant terrible dinamarquês, o que é certo é que estamos perante um dos grandes filmes deste final de ano. Uma vez mais não é um filme de digestão fácil aquele que Von Trier nos apresenta, esta história de duas irmãs que se aproximam quando o mundo está perto do fim.
Em 1999 a dupla Spike Jonze e Charlie Kaufman juntou esforços, o primeiro enquanto realizador e o segundo como argumentista, para nos dar um genial filme chamado «Queres Ser John Malkovich?». O filme acabou também por marcar a estreia de ambos na Sétima Arte. Três anos depois regressaram ao trabalho e o resultado não poderia ter sido melhor. «Inadaptado» conta a história de um argumentista, o próprio Kaufman, interpretado por Nicholas Cage, no rescaldo de «Queres Ser John Malkovich?» com dificuldade em escrever um novo argumento, devido a um bloqueio criativo. O tema do novo argumento, uma história sobre um caçador de orquídeas, não ajuda muito e a pressão em cima de Kaufman, que vem de todos os lados, desde o estúdio que não vê resultados ao gémeo Donald que tem mais sucesso do que Charlie apesar de não levar as coisas tão a sério, apenas pioram a situação.
Quando revemos filmes que gostávamos bastante quando éramos mais novos por vezes corremos o risco de ficar desiludidos. Acabou de me acontecer isto ao rever «Drácula de Bram Stoker», a adaptação do romance gótico de Bram Stoker assinada por Francis Ford Coppola, realizador que admiro bastante. Não quero com isto dizer que o filme seja mau. Antes pelo contrário, é um grande filme de terror e faz justiça à obra que pretende adaptar. Mas vinte anos depois pareceu-me um filme que envelheceu mal, perdoem-me os fãs do filme.
Já aqui referi a estreia de «Inquietos», a mais recente longa-metragem de Gus van Sant, a propósito de «50/50». O tema é semelhante, mas a forma como é tratado nos dois casos não podia ser mais distante. Se o último é uma comédia dramática, sobre um jovem que enfrenta o cancro como uma luta, tentando ser positivo com a ajuda dos que lhe são próximos, «Inquietos» é o completo oposto, apesar de mesmo assim as personagens não verem o cancro como uma fatalidade, mas algo que infelizmente acontece. Como se se resignassem ao facto de uma das personagens poder morrer devido à doença e não ter muito a fazer se não aguardar a morte.
Quando realizou «Il Divo - A Vida Espectacular de Giulio Andreotti» em 2008, um retrato do ex-presidente italiano Giulio Andreotti movido a anfetaminas, o realizador Paolo Sorrentino tornou-se um dos nomes mais conhecidos da cinematografia italiana recente. Mas foi com a sua segunda obra «As Consequências do Amor», realizado quatro anos antes, que começou a cimentar o seu espaço na Sétima Arte. Em comum a ambos os filmes encontramos pelo menos dois aspectos: Toni Servillo como actor principal e um modo de filmar bastante peculiar, com movimentos de câmara que por vezes parecem estranhos mas que se adequam perfeitamente à narrativa e à banda sonora, em tons de electrónica.
Um dos realizadores norte-americanos da actualidade que mais aprecio, como já aqui tive oportunidade de referir quando escrevi sobre «O Fantástico Sr. Raposo», é Wes Anderson. E o grande culpado é este grande (para não dizer enorme) filme, realizado no início da década passada e que deve ser, muito provavelmente, o filme que mais vezes vi e há-de ser sempre um dos meus favoritos. Não só é um grande filme sobre uma família disfuncional, cujo 'chefe de família' Royal Tenenbaum é um dos melhores personagens a quem Gene Hackman deu vida (apenas uma no historial deste actor que tem andado um pouco afastado da ribalta), mas também porque todo o filme faz parte de um universo muito bem criado. Esta capacidade de criar universos bastante peculiares é precisamente uma das características que mais me agrada na obra de Wes Anderson.
(crítica com spoilers)
Seis anos depois de «Boa Noite, e Boa Sorte», um dos melhores filmes dos últimos dez anos vindos dos lados de Hollywood, George Clooney volta a realizar um filme político. Infelizmente, o resultado fica bastante longe do título protagonizado por David Strathairn sobre o 'confronto' entre o jornalista Edward R. Murrow e o senador Joseph McCarthy, em plena época da caça às bruxas (comunistas). Mas há alguns pontos de contacto entre os dois: um grande elenco, sobretudo a nível de secundários (Marisa Tomei, Paul Giamatti, Philip Seymour Hoffman ou o próprio Clooney), a temática política e até, apesar de ser um aspecto pouco abordado, um certo olhar sobre os Media.
«Jovem e Inocente» foi o penúltimo filme de Alfred Hitchcock feito no Reino Unido e já nessa altura o realizador mostrava azo de vir a ser um dos mestres do suspense. Este filme, de 1937, não foge à regra ao contar a história de Robert Tisdall (Derrick De Marney), um homem que se vê acusado do homicídio de uma célebre actriz, que apenas vemos no início do filme: quando tem uma discussão com o seu marido e mais tarde numa excelente sequência onde Hitchcock nos baralha com um braço que parece pertencer a um banhista a nadar, até que acabamos por nos aperceber que o braço pertence ao cadáver da actriz a dar à costa.
Acabam de ser conhecidos os nomeados da edição deste ano dos TCN Blog Awards, iniciativa promovida pelo blogue Cinema Notebook que visa distinguir o que de melhor se faz na blogosfera portuguesa dedicada ao Cinema e Televisão. Tal como no ano passado, quando este cantinho recebeu uma nomeação, que confesso que muito me orgulhou, na categoria de Melhor Novo Blogue, «A Última Sessão» volta a estar no lote dos nomeados, desta vez na categoria de Melhor Artigo, pelo texto «Para onde vão os espectadores do Cinema português?». A concorrência é demasiado forte, e tal como no ano passado, não conto ganhar. De qualquer forma, as votações arrancam amanhã no Cinema Notebook e convido-vos a conhecer os restantes candidatos, alguns muito mais fortes do que o meu texto, e a votar. Aproveito também para dar os parabéns aos restantes candidatos em todas as categorias, que merecem tanto ou mais do que eu. Os vencedores vão ser conhecidos no próximo dia 7 de Janeiro.
Tod Browning e Lon Chaney, não há que enganar, formaram uma das grandes duplas do cinema mudo. O primeiro como realizador e o segundo como actor, fizeram 10 filmes em conjunto durante os anos 1920 e a parceria só não deu mais frutos, inclusive na versão de «Drácula» assinada por Browning, que queria ter Chaney no papel do conde, devido à morte precoce do actor aos 47 anos. O azar de uns, abriu portas a outros e a mítica adaptação do romance de Bram Stoker feita por Tod Browning para a Universal acabou por dar à Sétima Arte uma outra lenda dos filmes de terror: Bela Lugosi.
Declaração de interesses: o autor deste blogue é um grande fã da obra de Wes Anderson. Há mistérios na distribuição em Portugal que não se percebem. Um dos maiores dos últimos tempos foi como é que este filme não teve direito a chegar às salas de cinema. Isto apesar de ter sido realizado por um dos grandes cineastas norte-americanos da actualidade, na sua estreia no mundo da animação, de ter sido nomeado para o Óscar de Melhor Filme de Animação (o que nos dias que correm até nem é grande justificação, mas sempre podia ser um chamariz para as bilheteiras), de contar com um elenco de luxo encabeçado por George Clooney e Meryl Streep e, finalmente, por ser um grande filme, que, como a maior parte dos filmes de animação recentes, tanto atrai um público infantil como um público mais adulto.
Durante os primeiros dez anos deste século se houve alguém que conseguiu levar o cinema fantástico às massas esse nome foi Peter Jackson, autor da brilhante adaptação da trilogia «O Senhor dos Anéis» ao grande ecrã. Mas dentro deste género houve um outro nome, talvez não tão conhecido, mas que também pode ser considerado um mestre nesta área, chamado Guillermo del Toro, que nos trouxe uma grande obra. Trata-se de «O Labirinto do Fauno» e é um filme extraordinário que mistura o fantástico, alguns pozinhos de horror e até traços de filme de época, pois a acção decorre durante a Guerra Civil de Espanha. Cenário que já tinha sido palco de outro excelente filme do mexicano, este um pouco mais de terror, mas também com alguns aspectos do género fantástico, chamado «Nas Costas do Diabo».
A Ukbar Filmes acaba de colocar on-line o primeiro teaser para «Florbela», o segundo filme de Vicente Alves do Ó, realizador de «Quinze Pontos da Alma». Com estreia prevista para Fevereiro de 2012 e protagonizado por Dalila Carmo, Albano Jerónimo e Ivo Canelas, o filme é apresentado como um retrato íntimo de Florbela Espanca, uma das maiores poetisas portuguesas do século XX.
Outro dos nomes que está a ser homenageado na presente edição do Estoril & Lisbon Film Festival é Leos Carax, cineasta francês com escassa obra (quatro longas e cinco curtas em 30 anos de carreira, desde «Strangulation Blues», a primeira curta, realizada em 1980) mas com um enorme culto. Razão mais do que suficiente para aproveitar e ver um ou outro título seu.
Longe vão os dias de ouro da carreira de William Friedkin, autor de dois grandes clássicos dos anos 1970: «Os Incorruptíveis Contra a Droga» e «O Exorcista», este um filme que apesar de ter influenciado bastante cineastas da área do terror acabou por ficar datado. A última vez que um filme de Friedkin chegou ao cinema foi em 2006, com o estranho «Bug». Este ano regressou com «Killer Joe», que, tal como o anterior, é baseado numa peça de teatro da autoria de Tracy Letts. Mas desta vez o resultado final é mais acessível.
Quando «Eragon» chegou às salas de cinema, já a versão da trilogia «O Senhor dos Anéis» filmada por Peter Jackson tinha alguns aninhos. Curiosamente, o livro que serve de base a este filme foi publicado pelo então jovem Christopher Paolini no ano em que estreou o terceiro capítulo daquela saga. Mas o único ponto de contacto entre as duas obras é apenas o facto de decorrerem num universo fantástico. A história é um pouco diferente. Eragon é um jovem camponês que encontra um misterioso objecto numa das suas idas à floresta. Passados alguns dias descobre que esse objecto é um ovo de dragão e começam aqui as suas aventuras.
Passam bastante depressa. E cá estou eu a comemorar o segundo aniversário do blogue. Não sei bem como é que cheguei aqui, nem se vou continuar. Como devem ter reparado, nas últimas semanas as actualizações foram escassas. A falta de tempo, um pouco de preguiça e dúvidas em manter ou não este espaço têm sido os principais responsáveis por esta paragem. Já tinha acontecido no passado e provavelmente esta fase irá ser ultrapassada, mais dia, menos dia. Até porque não tenho estado necessariamente parado na blogosfera. Criei um outro blogue (aqui), um pouco mais pessoal e onde falo de tudo, incluindo cinema.