
«Bad Girl», de Lee Moses - Banda Sonora de «Apollonide - Memórias de Um Bordel», de Bertrand Bonello
Cinco anos antes de nos levar até ao espaço, Danny Boyle trouxe uma espécie de apocalipse ao planeta Terra. Mais concretamente ao Reino Unido, onde tem origem uma estranha epidemia que se alastra rapidamente e tem como efeito transformar os humanos em zombies. 28 dias depois do início das primeiras infecções Jim (Cillian Murphy) acorda numa cama de hospital onde esteve em coma sem saber muito bem o que se passou. Ao andar por uma Londres completamente deserta acaba por descobrir que algo não está bem quando tem o primeiro encontro com os infectados. Com a ajuda de Selena (Naomie Harris) e Mark (Noah Huntley) consegue escapar e esta dupla de sobreviventes explica-lhe o que se passou ao longo das últimas semanas.
Goste-se ou não de Danny Boyle (e eu por acaso até nem sou grande fã, apesar do genial «Trainspotting»), se há coisa que o realizador britânico não pode ser acusado é de não arriscar, de vez em quando, fazer obras um pouco diferentes do normal. É esse o caso de «Missão Solar», um filme de ficção científica, que no conjunto da carreira de Boyle pode ser colocado ao lado do filme de terror «28 Dias Depois». Ambos os filmes contam com argumento de Alex Garland, o autor do romance «A Praia», que também foi adaptado pelo realizador em 2000 e cujo resultado não foi o melhor.
Apesar de apenas contar com seis longas metragens no currículo, Alexander Payne é um dos valores seguros do actual Cinema norte-americano. E «Os Descendentes», não sendo a sua melhor obra, não foge à regra. Tal como nos anteriores «As Confissões de Schmidt» e «Sideways», este é um drama simples, com algumas pitadas de comédia, que vive à conta de uma boa história e de boas interpretações, sobre alguém que chega a um certo ponto da sua vida e se apercebe que tem de se descobrir a si próprio.
A mania dos remakes em Hollywood é algo que não vem de hoje. Mas além de ser uma mania, quase tão irritante como a das sequelas desnecessárias, o pior é quando os remakes não vêm acrescentar nada de novo em relação ao original, que ainda está relativamente fresco na nossa memória (foi só em 2009 que Niels Arden Oplev adaptou o primeiro episódio da trilogia). A sensação que tive ao ver esta adaptação de David Fincher foi a mesma que tive há uns anos quando estreou «The Departed - Entre Inimigos», de Martin Scorsese, um remake de um dos meus filmes favoritos na altura («Infernal Affairs - Infiltrados», de Wai-keung Lau e Alan Mak). Não é um mau filme, mas desilude quem gostou do original. O tempo acabou por curar o meu problema em relação ao filme de Scorsese quando o voltei a ver mais tarde e provavelmente irá acontecer o mesmo com este filme quando o vir no futuro. A lição que retirei do filme que finalmente deu o Óscar ao realizador de «Taxi Driver» foi que para vermos um remake temos de esquecer o original.

Crítica com spoilers
João Paulo II morreu. No Vaticano, dezenas de cardeais reúnem-se em conclave para escolher o novo Santo Padre e a escolha recai sobre o cardeal Melville (Michel Piccoli). A princípio renitente o novo Papa, pressionado pelos outros cardeais que não queriam tal cargo a aceitar o posto, lá acaba por aceitar a tarefa de ser o líder da Igreja Católica. Mas quando chega a hora de enfrentar os fiéis e se apresentar ao mundo como o sucessor de João Paulo II, Melville sofre um ataque de pânico e desaparece nos corredores do Vaticano.
«O Deus da Carnificina» é um daqueles exemplos perfeitos de que não vale a pena complicar muito para fazer um grande filme. Em cena apenas quatro actores (e um grupo de garotos) que em menos de hora e meia (79 minutos, para ser mais preciso, é esse o tempo do filme) nos mostram como um grupo de pessoas vai de um estado dito civilizado à mais pura discussão, provando que as aparências iludem. E de que maneira.
Há filmes sobre os quais é difícil escrever, tal é a admiração que temos por eles. Daí há dias, depois de ter (re)visto «Manhattan», a primeira coisa que me lembrei de partilhar aqui sobre este filme foi um dos planos mais belos daqueles 96 minutos: Woody Allen e Diane Keaton debaixo da ponte de Brooklyn, depois de uma caminhada nocturna pelas ruas de Nova Iorque, numa belíssima fotografia a preto e branco. Estão ali duas das chaves do filme e, acrescentaria eu, de toda a obra do cineasta. Uma homenagem à cidade, local por onde Woody Allen tantas vezes nos levou, e as (sempre complicadas) relações entre casais.
Último filme de uma trilogia dedicada à vingança, cujo ponto alto foi o segundo tomo, o genial «Old Boy - Velho Amigo», «Vingança Planeada» («Sympathy For Lady Vengeance», no título inglês) encerra com chave de ouro o conjunto dos três filmes. Apesar de ser um pouco inferior ao segundo episódio, não deixa de ser um grande filme e uma boa experiência, pois não desagrada de todo a quem gostou de «Oldboy». Quanto mais não seja porque, uma vez mais, está bem filmado e consegue ligar as várias histórias sem se perder no caminho.


Há uns anos atrás, quando Guy Ritchie foi anunciado como realizador de mais uma adaptação de Sherlock Holmes ao Cinema, muitos terão pensado que o resultado final não seria o melhor. Apesar de essa primeira adaptação do universo da personagem criada por Sir Arthur Conan Doyle poder ser considerada pouco convencional para quem estava à espera de um regresso ao final do século XIX, o primeiro «Sherlock Holmes» não foi mau de todo. O resultado acabou por nos dar um novo olhar sobre uma personagem que talvez já tivesse demasiado agarrada a um cliché. Tal como noutros casos, e assim de repente lembro-me da recente do Tintim de Steven Spielberg, penso que este filme de ser visto como um olhar pessoal de um realizador sobre uma obra que está bastante enraizada na cultura popular.


Já aqui o disse em algumas ocasiões que nem sempre é boa ideia voltarmos aos filmes com os quais já fomos felizes quando os vimos pela primeira vez. Se há filmes que consigo ver dúzias de vezes sem cansar, há outros que acabam por desiludir quando os revejo, o que não significa necessariamente que sejam maus de todo. Voltou a acontecer com «24 Hour Party People», um dos filmes que me lembro de ter visto no velhinho Quarteto quando estreou e até gostei, mas agora me parece um objecto um tanto estranho.
Foram ontem conhecidos os vencedores da edição deste ano dos TCN Blog Awards, uma iniciativa do blogue Cinema Notebook e da revista Take, que tem como objectivo premiar o que de melhor se fez na blogosfera de Cinema e Televisão ao longo de 2011. Uma vez mais «A Última Sessão» esteve nomeado, na categoria de Melhor Artigo, e uma vez mais saiu de mãos a abanar. Valeu pelo convívio e pelo encontro com alguns bloggers conhecidos e para conhecer novas caras da blogosfera. No final do ano haverá mais. Eis então a lista completa dos vencedores, liderada claramente pelo TV Dependente, que conquistou quatro prémios em cinco nomeações:
«A Esquiva» não foi o primeiro filme de Abdellatif Kechiche, mas foi com ele que ficou conhecido. Isto apesar de na obra de estreia, «La faute à Voltaire», já ter conseguido amealhar alguns prémios e nomeações. Com «A Esquiva» o sucesso foi maior, nomeadamente nos Césares, os Óscares franceses, onde conquistou cinco galardões, entre os quais Melhor Filme, Realizador, Argumento e Jovem Actriz (Sara Forestier, uma grande descoberta). 
Ainda há dias publiquei aqui a lista daqueles que considerei os melhores filmes estreados em Portugal durante o ano passado e referi vários títulos que não tinha visto a tempo e poderiam lá estar. Pois, eis um que deveria lá estar e não entrou a tempo porque apenas o consegui ver ontem, bem antes dos festejos de fim de ano. O filme em causa é «Uma Separação», um grande filme do iraniano Asghar Farhadi. Numa altura em que vários cineastas são perseguidos pelo regime de Teerão, e o caso de Jafar Panahi será apenas um de muitos, a chegada de filmes como este prova que ainda há quem consiga fazer Cinema no Irão. Até quando? Não se sabe.