Ainda há dias publiquei aqui a lista daqueles que considerei os melhores filmes estreados em Portugal durante o ano passado e referi vários títulos que não tinha visto a tempo e poderiam lá estar. Pois, eis um que deveria lá estar e não entrou a tempo porque apenas o consegui ver ontem, bem antes dos festejos de fim de ano. O filme em causa é «Uma Separação», um grande filme do iraniano Asghar Farhadi. Numa altura em que vários cineastas são perseguidos pelo regime de Teerão, e o caso de Jafar Panahi será apenas um de muitos, a chegada de filmes como este prova que ainda há quem consiga fazer Cinema no Irão. Até quando? Não se sabe.
«Uma Separação» parte do caso de um divórcio de um casal, que se quer separar para dar uma vida melhor à filha adolescente, para criticar um sistema judicial completamente surreal, que por vezes parece saído da mente de Kafka. Logo a cena inicial, quando o casal Nader (Peyman Maadi) e Simin (Leila Hatami) esgrime argumentos perante o juiz, é um excelente exemplo disso. Mais tarde esta justiça volta ao centro do filme quando Nader se vê acusado de ter provocado um aborto espontâneo na ex-empregada que contratou para cuidar do seu pai, vítima de Alzheimer.
Com duas excelentes interpretações, sobretudo a de Peyman Maadi, que carrega literalmente o filme às costas, «Uma Separação» é mais um daqueles filmes vindos do Irão que nos permite dar uma espreitadela sobre um regime fechado. Ao mesmo tempo, a história do divórcio e da família em desagregação, assim como a abordagem à família que leva Nader a tribunal, vinda de uma camada inferior, tornam no filme um pouco universal, pois se não fosse aquela justiça retratada como é, «Uma Separação» poderia ser um filme criado em qualquer parte do mundo. Talvez seja esse um dos grandes pontos fortes do filme de Asghar Farhadi que conquistou em Berlim quatro galardões, incluindo o Urso de Ouro para Melhor Filme e o Urso de Prata que distingui quatro dos actores do filme.
Nota: 4/5
Site oficial do filme
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Há 17 horas
Um belo filme, uma grande surpresa para mim. Abraço, bom ano !
ResponderEliminarTambém gostei bastante, mas eu sou um pouco suspeito porque gosto muito de cinema iraniano. E tive mesmo pena de não ter visto a tempo de o incluir na lista de melhores do ano. Abraço e igualmente.
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