Berlim, antes do muro e no início da Guerra Fria. Um comboio parte para Berlim com uma personalidade importante, que defende a reunificação da cidade depois da divisão inicial em quatro partes, cada uma controlada pelas potências vencedoras da II Guerra Mundial. Esta personagem, o Dr. Bernhardt, é cobiçada pela resistência que o tenta aniquilar e alterar os planos.
É este o centro da história de O Expresso de Berlim, filmado por Jacques Tourneur em cenários reais, que junta cidadãos dos quatro países que dividiram Berlim (França, União Soviética, EUA e Reino Unido) para proteger o Dr. Bernhardt. Um bom filme de espionagem, que ao ter a sorte de poder ser filmado em cenários reais de Berlim e Frankfurt numa época tão complicada, cidades na altura ainda completamente destruídas, acaba por se tornar também um documento histórico do que era a Alemanha no final da Guerra.
Em tempos como os do pós-Guerra, todo este caldeirão de personagens é bastante exemplificativo do que se passava naquele tempo. Todos desconfiavam de todos e a colaboração entre os quatro apenas foi possível porque se aperceberam do que estava em jogo. Até o soldado soviético, que tinha a certeza de que iria ser fuzilado se desobedecesse aos superiores, mas decidiu ajudar os seus camaradas de ocasião.
É curioso que, apesar das diferenças que envolvem cada um, esta é uma história que todos sabem que irão recordar, independentemente do politicamente correcto ou da posição dos seus governos. Com excepção de um, que não vou revelar para não estragar a surpresa de quem vir este filme, que está por detrás da conspiração.
De realçar que a revelação de quem é o cabecilha do grupo de resistência também está muito bem conseguida, pois ninguém suspeitava quem era e quase só no final, quando este se prepara para executar o plano, é que é identificado. Tal qual um romance policial.
Nota: 4/5
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