sábado, 19 de março de 2011

Roman Polanski: Procurado e Desejado, de Marina Zenovich (2008)

Roman Polanski continua a ser hoje em dia um dos grandes nomes do Cinema, com um talento inegável. Mas por detrás deste enorme talento está uma vida bastante polémica e conturbada. Sobrevivente do Holocausto, onde perdeu alguns membros da família, começou a realizar curtas-metragens na Polónia natal durante a década de 1950 e na década de 1960 desponta finalmente quando filma «Repulsa», com uma jovem Catherine Deneuve. A partir deste filme começa a ser reconhecido um pouco por toda a parte e acaba por seguir para os EUA onde prometia vir a iniciar uma grande carreira. Prova disso são filmes como «A Semente do Diabo» ou «Chinatown», os únicos que conseguiu filmar em território norte-americano. A trágica morte da sua esposa Sharon Tate, em avançado estado de gravidez, às mãos da seita de Charles Manson acaba por devastar a sua vida.

A sua estadia nos EUA muda abruptamente em 1977 quando é acusado de violação de uma rapariga de 13 anos. Esta acusação e a iminência de uma condenação levaram o realizador polaco a sair do país, onde ainda hoje não pode entrar. «Roman Polanski: Procurado e Desejado» é um documentário realizado por Marina Zenovich em 2008 sobre o julgamento, com entrevistas a todos os protagonistas no processo, incluindo os advogados e a jovem que esteve no centro do caso. Só não surgem o juiz, que já faleceu, e o próprio Polanski, apesar de surgirem várias imagens de arquivo onde o realizador aborda o assunto.

Sem ser um filme favorável ou contrário aos eventos passados na mansão de Jack Nicholson onde tudo se terá passado, (penso que fica bem clarificado com todos os depoimentos o que se passou durante a sessão fotográfica e não querendo condenar ninguém, penso que o comportamento de Polanski com uma menor naquele caso não terá sido o melhor) o documentário consegue analisar um julgamento bastante surreal, palavra que chega mesmo a ser utilizada por um dos advogados, onde o protagonista acaba por ser o juiz Rittenband, um magistrado com um certo gosto pelo estrelato, não estivesse ele na terra delas.

Paralelamente ao processo que vai decorrendo em tribunal, o filme aborda um pouco da carreira de Polanksi até aquela altura e foca a sua personalidade, o que acaba por ser um trunfo e um atractivo para os fãs do cineasta. Mas este filme pode ser visto não só como o relato de um episódio da cultura popular que fez correr muita tinta na altura (e ainda nos dias de hoje), o que se vê nos enormes batalhões de jornalistas que invadem o julgamento, mas também a forma como funciona (ou não) uma justiça que se não é surreal acaba por ser considerada no mínimo peculiar.

Nota: 4/5

Site do filme no IMDB

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