domingo, 26 de dezembro de 2010

O Grande Silêncio, de Philip Gröning (2005)

Tenho de confessar que este era um daqueles filmes que me metia medo. Não devido ao tema, mas à duração: 2h30 foi o resultado deste projecto do realizador alemão Philip Gröning, que nos apresenta o dia-a-dia dos membros da Grande Chartreuse, a 'sede', se assim se pode chamar, da Ordem dos Cartuxos, uma das ordens religiosas cristãs mais ascetas do mundo. Tal como a vida daqueles monges, dedicada à meditação e a Deus, o filme acaba por servir de meditação para quem está de fora e por vezes não compreende como é possível viver em completa reclusão, com a mente numa entidade superior. Apesar de o ter visto em DVD, acredito que vê-lo no cinema (na altura não quis vê-lo, devido ao tal medo que referi no início do post) servirá melhor o propósito de Philip Gröning.

Em «O Grande Silêncio» não há diálogos, nem narração. Apenas a câmara nos mostra o quotidiano dos membros da Ordem, com algumas citações religiosas pelo meio, no estado mais puro do documentário. Ou seja, acabamos por ficar totalmente concentrados no que os monges fazem. A única excepção é a parte final, quando um monge cego fala para a câmara. E o que ele nos diz é uma grande mensagem, pelo menos para quem acredita nos princípios da fé cristã. Além do que se passa no interior do mosteiro, as imagens do exterior são belíssimas, sobretudo as que nos mostram o passar do tempo.

No final a única explicação que o realizador nos dá é o tempo que demorou a fazer o documentário. Começou por pedir autorização para filmar em 1984, mas apenas obteve a luz verde em 2000. Desde então até 2005 passou o tempo a filmar (vivendo no mosteiro, pois foi o único autorizado a entrar lá) e o resto do tempo a montar o que conseguiu juntar. Quem gostou do filme, recomendo uma passagem pelo site oficial, pois aí estão bem explicados os meandros deste grande projecto que nos mostra o Silêncio através de um meio que privilegia o Som e a Imagem. Quase que podemos comparar «O Grande Silêncio» aos 4 minutos e 33 segundos do compositor John Cage.

Nota: 4/5

Site oficial do filme

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