Realizado em 1956, pouco antes da morte de Kenji Mizoguchi, «A Rua da Vergonha» seria o último filme de um dos nomes maiores do cinema nipónico. Passado no bairro de Yoshiwara, «Rua da Vergonha» conta a história de um grupo de prostitutas que trabalha num bordel, numa altura em que o Parlamento japonês debate uma lei para ilegalizar a profissão. Esta é a base do argumento, que atravessa todo o filme como pano de fundo, mas o que fica patente na derradeira obra de Mizoguchi é a história de cada uma das prostitutas e as suas dificuldades.
Todas elas têm os seus problemas e há de tudo um pouco: desde a mulher que tem de se prostituir para cuidar do marido doente e do filho recém-nascido à jovem que está a juntar dinheiro para sair da vida e abrir um negócio, não olhando a meios para atingir os seus fins. São estas histórias que fazem de «Rua da Vergonha» um grande retrato da vida nos bordéis a partir do olhar de quem lá trabalha. Mizoguchi consegue dar humanidade a estas personagens, algo que nem sempre acontece quando se fala das mulheres que devido às dificuldades da vida acabaram por ter de vender o corpo para sobreviver e ajudar as suas famílias.
As interpretações são fortíssimas e cada uma das histórias abordadas está muito bem contada, nenhum pormenor ou dilema ficou de fora. (spoiler) No final, quando a lei acaba por ser rejeitada, acabamos por ficar aliviados por aquelas mulheres poderem continuar a trabalhar. Isto porque apesar de terem aquela profissão e serem exploradas pelos donos do bordel, infelizmente é a única maneira de conseguirem ultrapassar as dificuldades das suas vidas. O plano final da jovem que acaba de entrar para a casa, ainda a medo, é belíssimo e agridoce. Vemos que está receosa, mas não tem como escapar aquela vida.
Aviso: esta última cena é a que está no vídeo de baixo. Foi a única que consegui encontrar no YouTube e infelizmente não tem legendas.
Nota: 4/5
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