O livro: No início da década de 1920 a escritora norte-americana Edith Wharton já tinha uma boa carreira atrás. Foi precisamente em 1920 que escreve «A Idade da Inocência», um retrato da alta sociedade nova-iorquina do final do século XIX, com os seus defeitos e feitios, que pode ser comparada ao que hoje designamos de jet set. A personagem principal do romance é Newland Archer, um advogado em início de carreira, oriundo de boas famílias, que prestes a casar-se com May Welland, uma jovem mulher do mesmo meio. Tudo se altera com a chegada da condessa Ellen Olenska, uma prima de May, mais velha, que regressa Nova Iorque depois de um divórcio escandaloso para os padrões da época. Esta personagem feminina, de certa forma, acaba por levar Newland a apaixonar-se e a começar a duvidar do seu amor pela esposa.
Edith Wharton aproveita esta relação e as dúvidas do jovem advogado para escrutinar a moralidade de uma sociedade que abominava o comportamento de uma certa nobreza europeia, que representa o Velho Mundo, mas que no fundo acaba por se comportar da mesma maneira, mas com outras ideias. O resultado é sublime, um autêntico fresco da sociedade daquela altura que acabou por levar a escritora a receber um Prémio Pulitzer, tornando-se a primeira mulher da História a receber tal distinção.
O(s) Filme(s): Apesar de a adaptação de Martin Scorcese ser talvez a mais conhecida, pelo menos do grande público, «A Idade da Inocência» foi levada ao grande ecrã pelo menos mais duas vezes: em 1924, num filme dirigido por Wesley Ruggles, e dez anos mais tarde, numa obra realizada por Philip Moeller, baseada no próprio livro e numa peça teatral de 1928. Em 1993 foi a vez de Martin Scorcese meter as mãos na massa para levar de novo «A Idade da Inocência» ao Cinema.
Na obra do cineasta este é um filme diferente de tudo o que tinha feito até então e desde então apenas se aventurou a filmar a mesma época histórica quando realizou «Gangues de Nova Iorque», filme que pode ser visto como um negativo de «A Idade da Inocência». Se o primeiro mostra o que se passa nas ruas pobres da Big Apple do final do século XIX, o último entra para dentro das casas e mansões dos banqueiros e ricos da cidade. Com um elenco de luxo encabeçado por Daniel Day-Lewis (Newland), Michelle Pfeiffer (Condessa Olenska) e Winona Ryder (May) o filme teve uma recepção fria e continua a não ser um dos filmes preferidos dos grandes fãs da obra de Scorcese. O que não quer dizer que não seja um grande filme. Prova disso são as cinco nomeações para os Óscares, que apenas resultaram numa estatueta: Melhor Guarda-Roupa.
(Nota: o último vídeo é a última cena do filme, por isso não aconselho quem não viu o filme a ver)
A Filha Americana
Há 9 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário