sábado, 5 de fevereiro de 2011

Biutiful, de Alejandro González Iñárritu (2010)

Alejandro González Iñárritu já teve melhores dias. Depois de uma excelente estreia com «Amor Cão» e de uma segunda boa obra, «21 Gramas», os filmes do cineasta mexicano têm vindo a perder qualidade. O problema talvez seja do afastamento de Guillermo Arriaga, que assinou os argumentos dos dois primeiros filmes. A sua assinatura também se nota em «Babel», o filme anterior a «Biutiful», mas foi com esse filme que a dupla se desfez.

Em «Biutiful» também se notam algumas características da obra inicial de Iñarritu, nomeadamente as três histórias separadas que convergem a determinada altura. Só que desta vez o realizador optou por focar-se apenas numa delas e deixou as outras duas para segundo plano, não dando muito espaço para outras andanças. O resultado é um filme onde praticamente só vemos Javier Bardem, do princípio ao fim, a deambular por uma Barcelona mais suja e diferente da que estamos habituados.

«Biutiful» é uma tragédia. Uxbal (Javier Bardem) é um homem que se dedica a negócios pouco claros que envolvem a exploração de imigrantes ilegais: tanto chineses, que trabalham numa fábrica clandestina, como africanos, que escoam a produção da fábrica e ao mesmo tempo traficam droga. Quando Uxbal descobre que tem um cancro e lhe restam poucos meses de vida, resolve tentar redimir-se e ajudar os que lhe são próximos antes de partir. Mas todos os planos, ou praticamente todos, lhe saem furados.

A interpretação de Bardem está muito boa, ao nível do que nos tem vindo a habituar, mas já o vimos em melhores papéis, pois por vezes parece que o actor parece que não se sente dentro da personagem. O mesmo se pode dizer da realização de Iñarritu, que opta, e bem, por recorrer à câmara na mão, acompanhando Uxbal como se fossemos ao lado dele. O problema de «Biutiful» é mesmo a história, que não nos agarra. E por muito humana que seja, é difícil criar empatia com a personagem principal.

Nota: 3/5

Site oficial do filme

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