Se há cineasta que passou os anos 1980 imaculado tem de ser John Carpenter. Em 1983, quando filma «Christine» já tem no currículo oito filmes, dois dos quais filmados para televisão. E quase todos grandes filmes de culto, se pensarmos em obras como «O Assalto à 13ª Esquadra», «Halloween - O Regresso do Mal» ou «O Nevoeiro». E tal como este último, «Christine, O Carro Assassino» é baseado num conto de Stephen King, talvez o escritor que mais vezes foi adaptado ao cinema.
A Christine que dá nome ao filme não é uma mulher, mas um carro, como nos indica o título em português. Mas podia ser um carro normal, não fosse o facto de ter vida própria e proteger o seu dono contra todos os que lhe querem mal. Em simultâneo, ao sentir ciúmes dos amigos e da namorada do seu dono, o carro também reage. Neste caso, o dono é Arnie Cunningham (Keith Gordon), um nerd vítima de bullying na escola que se apaixona, literalmente, por Christine quando vê o carro completamente destruído e à venda. Apesar dos avisos de que não deveria comprar o carro, a partir do momento em que Arnie recupera o automóvel a sua vida altera-se. E aquela personagem frágil acaba por formar com o carro uma dupla inseparável para o bem e para o mal.
Com este filme John Carpenter fez mais um grande clássico do cinema de terror dos anos 1980, sem cair nos facilitismos das séries da época, em que um personagem chega para matar todos os que lhe aparecem à frente. Aqui falo de filmes como o já citado «Halloween», «Sexta Feira 13» ou «Pesadelo em Elm Street», com as suas infindáveis sequelas. Aqui o mal está representado num simples carro, que ganha vida para proteger quem gosta dele. Quem não gosta, está em apuros. Além de ser um bom filme de terror, Carpenter consegue filmar como os clássicos que tanto aprecia. Para quem gosta de bom rock and roll, a banda sonora está excelente, apesar de as músicas aparecerem mais nas cenas de suspense, quando o rádio de Christine começa a tocar sozinho. E é pena não haver mais carros, pois os fãs das quatro rodas poderiam deliciar-se ainda mais.
Nota: 4/5
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