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Ao longo das suas mais de 500 páginas, «Sinais de Fogo» faz um retrato da sociedade da altura, focando dois aspectos: a História em si, quando aborda as questões políticas com o surgimento da oposição ao regime, nomeadamente no Antigo Regime, alguns episódios ligados à Guerra Civil de Espanha e mesmo algumas descrições do período antes da chegada de Salazar ao poder, vistas pelos olhos dos tios de Jorge e o despertar sexual de muitos dos jovens que passam férias na Figueira da Foz com Jorge. Uma dessas jovens é Mercedes, por quem o jovem se apaixona, e vai ser o centro de um amor proibido por estar noiva.
Outra das marcas fortes na obra são os devaneios de Jorge, narrados por Jorge de Sena através de inúmeros monólogos interiores, que nos mostram os dilemas da personagem em relação aos mais diversos aspectos: desde o amor à amizade, passando pelo sexo à política. Ao que tudo indica «Sinais de Fogo» deveria ter sido o primeiro de uma série de romances autobiográficos do escritor, projecto que ficou incompleto com a sua morte, aos 58 anos.
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O mesmo sucede com as personagens, que não são exploradas a fundo. Os devaneios de Jorge não surgem, o tio de Jorge, uma das personagens mais fortes e vincadas do romance, praticamente não tem espaço, e o mesmo sucede com muitas outras personagens. O resultado é um filme que fica aquém das expectativas de quem leu o original, pois parece demasiado simplista para atingir o objectivo do escritor. Safa-se a reconstituição histórica. Nos papéis principais temos Diogo Infante (Jorge), Ruth Gabriel (Mercedes), Marcantonio Del Carlo (Ramos), José Airosa (Rodrigues), Rogério Samora (Almeida) ou Henrique Viana (Tio de Jorge).
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