O cinema turco é muito pouco conhecido e o que tem chegado às nossas salas nos últimos anos é geralmente assinado por Fatih Akin ou Nuri Bilge Ceylan, o primeiro com algumas obras filmadas na Alemanha. Ambos são bastante recomendáveis. Por isso a estreia de «Mel», de Semih Kaplanoglu, que venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim em 2010, é muito bem-vinda. O filme é o terceiro episódio de uma trilogia contada ao contrário - «Yumurta» (2007), «Süt» (2008) e «Mel» (2010) - protagonizada por Yusuf, sendo que no primeiro capítulo a personagem é adulta e no último uma criança.
É então como criança que encontramos Yusuf, o filho de um apicultor que desaparece numa das suas idas à floresta para colocar as colmeias que lhe dão o ganha pão. O filme é um belo retrato da infância, bastante poético, que tanto mostra a relação entre o pai e o filho, como as aulas deste, traquina como qualquer miúdo, e a ausência do pai, uma figura bastante cúmplice com Yusuf. Sem recorrer a planos muito rebuscados, a câmara permanece praticamente parada na maioria do filme o que dá mesmo a ideia que este é apenas um retrato da personagem. E que belo retrato, que nos faz querer voltar à infância, quando tudo era simples.
Nota: 4/5
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