Monte Hellman esteve 21 anos sem realizar e passados todos estes anos volta com um grande filme. E ainda bem, dizemos nós, pois se a sua carreira tivesse ficado pelas duas últimas obras antes de «Road To Nowhere - Sem Destino», (a saber «Silent Night, Deadly Night III: Better Watch Out!» e «Iguana»), seria uma pena para este cineasta de culto, venerado por gente como Quentin Tarantino. De realçar que a estreia deste último foi produzida precisamente por Monte Hellman, que esteve para realizar «Cães Danados». Em boa hora passou a cadeira ao novato, que assinou uma das obras-primas dos anos 1990 se tornou um nome sonante da Sétima Arte.
Mas voltando a Monte Hellman e ao seu mais recente filme, que estreou esta semana nas salas. «Road To Nowhere» é um filme labiríntico, que sem cair no tom surrealista de «INLAND EMPIRE», pode ser comparado de longe com a mais recente obra de David Lynch. O filme conta a história de Mitchell Haven (Tygh Runyan), um realizador que está a fazer um filme, filme esse chamado «Road To Nowhere», que é baseado numa história verídica e cujas cenas vamos vendo ao longo do filme que estamos a ver. Nada de novo, é um filme, dentro de um filme, dentro de outro filme. Quase que parece uma boneca matrioska.
Apesar de ser um pouco confuso, temos de estar bastante atentos para não perder o fio à meada (nada que faça confusão a quem tenha visto «A Origem», de Christopher Nolan), o filme tem um bom argumento, que foca bem a dificuldade em fazer um filme, visto directamente a partir dos olhos do realizador. Este relata alguns episódios da rodagem em flashback, como acabamos por constatar no final, à argumentista. Além disso, o filme conta também uma história de amor entre o realizador e actriz principal, Laurel (Shannyn Sossamon), que acaba mal.
Para os cinéfilos que gostam de ir à cata de referências nos filmes, este «Road To Nowhere» é um paraíso. Há cartazes de filmes, entrevistas com nomes conhecidos do Cinema e até cenas de filmes vistos pelos personagens (mais filmes dentro do filme) para descobrir. Um grande regresso de um realizador que andou perdido durante mais de 30 anos, se contarmos a partir do último grande filme que realizou: «Cockfighter». Para quem quiser ficar a conhecer um pouco mais a obra de Monte Hellman pode clicar na etiqueta e encontrar alguns posts que escrevi aquando um ciclo passado na Cinemateca sobre o realizador.
Nota: 4/5
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