sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Fonte da Virgem, de Ingmar Bergman (1960)

(crítica com spoilers)

As décadas de 1950 e 1960 foram as melhores da carreira de Ingmar Bergman. Não só foram as duas décadas mais proliferas do cineasta, como também foram as que nos trouxeram alguns dos seus filmes mais emblemáticos. «A Fonte da Virgem» é sem sombra de dúvida um dos melhores filmes deste período e da obra de Bergman. Desde 1957, quando realiza «O Sétimo Selo», o filme onde Max von Sydow enfrenta cara a cara a Morte num jogo de xadrez com repercussões fora do tabuleiro, que este actor fazia parte da família de actores do cineasta sueco.

Aqui volta a ser uma das peças centrais, interpretando Töre, um homem bastante religioso cuja filha Karin (Birgitta Pettersson) é violada e morta por três assaltantes. Quando descobre acaba por vingar-se dos criminosos, matando-os também. A partir de uma lenda local da Idade Média, Bergman apresenta em «A Fonte da Virgem» mais uma reflexão sobre a relação entre Deus e o Homem. O final, quando Töre questiona Deus sobre o que se passou - a morte de uma inocente e a consequente vingança por parte de alguém que devia saber perdoar - é arrepiante.

Além de Töre, praticamente todas as outras personagens têm características bem vincadas, o que faz com que este seja um filme perfeito em todos os sentidos. A dualidade entre Karin, a loira virginal, e a empregada grávida de cabelos negros Ingeri (Gunnel Lindblom), que faz com que a última deseje o mal à primeira e depois acabe por se considerar culpada pelo sucedido é outro dos exemplos. O plano final, quando os pais de Karin levantam o seu corpo e surge uma nascente, a tal fonte da virgem que dá o título ao filme, é dos mais belos de sempre. Curiosamente, é Ingeri a primeira a lavar-se naquela água, como que se estivesse a lavar os seus pecados. Todos estes elementos fazem de «A Fonte da Virgem» um dos melhores filmes de Ingmar Bergman.

Nota: 5/5

Site do filme no IMDB

2 comentários:

  1. Também só o vi ontem à noite pela primeira vez. Passou a ser mais um dos meus favoritos do Bergman, um dos meus realizadores preferidos.

    ResponderEliminar