Joe Dante foi uma das promessas dos anos 1980, mas como muitos da sua geração, acabou por não ter uma carreira tão forte quanto isso depois daquela década. Pelo menos no Cinema, pois desde 1990 o realizador apenas apresentou cinco filmes. O que não quer dizer que tenha estado parado, apenas esteve mais concentrado em projectos televisivos. Daí não ser de estranhar a sua presença na série «Masters of Horror», onde apresenta nesta primeira temporada «Regresso a Casa», um filme de zombies que mais não é do que uma sátira à política dos EUA. E é também o meu preferido entre os seis já vistos.
O regresso a casa a que o título diz respeito é o regresso dos soldados norte-americanos que morreram numa guerra. Não é dito qual a origem do conflito, mas tudo indica que será a Guerra do Iraque ou a Guerra no Afeganistão, pois o filme decorre durante a campanha presidencial que iria reeleger George W. Bush. Poucos dias depois de um analista do presidente Bush dizer num programa de televisão que o seu maior desejo era ver os soldados regressarem vivos aos EUA, estes começam de facto a regressar, mas sob a forma de zombies. O que poderia indicar o início de uma praga de mortos-vivos acaba por se tornar uma bênção para David Murch (Jon Tenney), ao descobrir que a única forma destes zombies morrerem é depois de votarem. E tudo estava a correr bem até estes zombies começarem a juntar-se aos opositores da guerra.
Subvertendo um pouco a lógica do género de filmes de zombies, em que estes representam uma ameaça para a espécie humana, Joe Dante conseguiu fazer uma brilhante sátira aos meandros da política. As sequências em que os analistas debatem se os mortos-vivos podem ou não votar são simplesmente delirantes. «Regresso a Casa» não é tanto um filme de terror, mas uma comédia em tons de terror, bastante sarcástica. Ao mesmo tempo que nos diverte, tem umas tiradas muito certeiras que nos fazem pensar sobre a forma como nos dominam.
Nota: 5/5
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