«Neds», a mais recente longa metragem realizada pelo actor escocês Peter Mullan, era um dos filmes mais aguardados desta edição do Indie. Tudo por causa do anterior «As Irmãs de Maria Madalena», um outro grande filme da sua autoria que foi estreado em 2002. E valeu a pena esperar, pois foi dos melhores filmes do festival. Tal como neste filme, que conta a história de três raparigas nos anos 1960 que vão parar a um convento na Irlanda para expiarem os seus pecados, «Neds» também remete para um passado recente nas ilhas britânicas, centrando-se num jovem de classe baixa, John McGill (Conor McCarron), que tudo faz para ser aceite na escola e pelos de classe superior, mas a sociedade não ajuda.
Em casa o panorama não é muito diferente, pois o seu irmão mais velho vive sempre metido em sarilhos e o pai alcoólico passa a vida a bater na mãe levam-no a procurar refúgio num gangue de jovens delinquentes. Aos poucos o miúdo promissor, com boas notas, começa a tornar-se num jovem violento. «Neds» não é um filme fácil de se ver, pois é um valente murro no estômago e é demasiado violento.
Mas é um grande filme, que pode ser inserido dentro do género conhecido como realismo britânico, que recriou bastante bem a época em que decorre a acção, desde a música aos cenários, e mesmo a fotografia ajuda a fazermos esta viagem ao passado, que segundo o realizador é bastante pessoal, mas não autobiográfica. Outro dos grandes destaques de «Neds» é que conseguiu arrancar excelentes interpretações, como é o caso do estreante Conor McCarron. O próprio Peter Mullan também participa, interpretando o pai de John, e é também uma interpretação notável. Se este filme chegar a estrear, está comprado pela Zon Lusomundo, será sem dúvida um dos melhores filmes a passar pelas salas portuguesas este ano.
Nota: 4/5
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