A segunda sessão de ontem foi «Tabloid», documentário realizado por Errol Morris, um dos grandes nomes deste género cinematográfico com pouca projecção em Portugal, onde a sua obra é praticamente desconhecida junto do grande público. Foi também a segunda vez que vi um filme do norte-americano, depois do excelente «Fog of War», que tive oportunidade de ver também no IndieLisboa, logo na primeira edição do festival, e continua a ser um dos melhores filmes que vi nas oito edições do evento.
Ao contrário de «Fog of War», uma enorme lição de História contada por Robert S. McNamara, um antigo Secretário de Defesa dos EUA nas presidências de John Kennedy e Lyndon Johnson, «Tabloid» aborda um tema mais 'leve', se assim se pode dizer. Aqui não são as grandes questões do mundo que interessam, mas as pequenas. O documentário foca a história de Joyce McKinney, ex-Miss Wyoming, que teve os seus 15 minutos de fama no final dos anos 1970 quando decidiu raptar o amor da sua vida: um mórmon com quem tinha namorado mas que desapareceu sem deixar rasto, até que Joyce descobriu, através de um detective privado, que ele tinha ido para Inglaterra. Com a ajuda de um amigo parte então para o Reino Unido onde eventualmente raptou o jovem.
Esta fantástica história, que mais parece saída de um filme, aconteceu mesmo e Joyce acabou presa e alvo de um enorme sucesso durante uns tempos. Em «Tabloid» Errol Morris entrevista a própria Joyce, que mais tarde acabou por se envolver numa outra história rocambolesca, dois jornalistas de tablóides britânicos que 'investigaram' a história na altura, cada um com as suas perspectivas, e um dos intervenientes no plano para raptar do jovem mórmon. Tal como a leitura deste tipo de jornais, o filme é uma peça de entretenimento que aborda este fenómeno da imprensa, que vende mais do que os jornais de referência, na maioria das vezes através de artigos sensacionalistas, como é este o caso. O recurso a imagens e ao tipo de fontes dos tablóides nos entre-títulos e durante as entrevistas é delicioso.
Ao mesmo tempo, é uma perspectiva diferente na obra de Errol Morris, que se tem especializado em temas mais 'sérios' e está a precisar de ser conhecido. Para quando uma retrospectiva desta obra, é a pergunta que gostaríamos de fazer aos responsáveis de festivais e ciclos por esse país fora.
Nota: 4/5
Site do filme no IMDB
Site oficial de Errol Morris (vale a pena dar uma vista de olhos)
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