Tierra de Nadie
Há 2 horas
Nos últimos anos a carreira de Nicholas Cage tem andado meio perdida num turbilhão de filmes de acção que nos deixam saudades dos seus bons velhos tempos. Contudo nem sempre os filmes que tem feito são de deitar fora. Pelo menos no que toca a sua interpretação. E «O Homem do Tempo», realizado por Gore Verbinski entre os dois primeiros episódios da saga «Piratas das Caraíbas», é um dos exemplos que mostram que Cage quando quer ainda consegue ser um bom actor.
«Delírio em Las Vegas», de Terry Gilliam, é a adaptação cinematográfica do livro homónimo escrito por Hunter S. Thompson, jornalista especializado num género jornalístico denominado Gonzo. O livro nasceu de duas reportagens escritas por Thompson, publicadas na Rolling Stone: a primeira sobre uma corrida de motas no deserto do Nevada, perto de Las Vegas, e a segunda sobre uma convenção de procuradores distritais sobre droga. E é droga o que alimenta as duas personagens de «Delírio em Las Vegas»: Raoul Duke (Johnny Depp), um alter-ego do jornalista, e Dr. Gonzo (Benicio del Toro), o seu advogado e companheiro de viagem.
Ben Stiller é mais conhecido pela sua carreira de actor, tendo entrado sobretudo em comédias, algumas bastante idiotas e pouco recomendáveis. Mas também tem no seu longo currículo em Hollywood quatro longas-metragens como realizador. A estreia deu-se em 1994 com «Jovens em Delírio», um filme que relata a história de quatro amigos que acabam de sair da faculdade e entram de rompante num mundo novo, onde já começam a ter algumas responsabilidades como adultos, mas ao mesmo tempo ainda são demasiado novos para terem o peso do mundo nos seus ombros.
Sete filmes. É este o currículo de Jim Sheridan, escasso número que vem provar que não são precisos muitos filmes para fazer um bom realizador. Tal como nas suas obras anteriores a «Na América», este filme remete para a Irlanda natal de Sheridan. Neste caso é a história de uma família de imigrantes (um casal com duas filhas pequenas) que chega a Nova Iorque para esquecer a morte de um outro filho e à procura de uma vida melhor.
A cinematografia francesa não é muito conhecida pelos filmes de guerra, mas o género também passou por França. É o caso de «La 317ème Section», de Pierre Schoendoerffer, que realizou um filme centrado num episódio da Guerra da Indochina onde chegou a participar como cameraman do Exército francês: a batalha de Dien Bien Phu, um dos combates finais entre as forças gaulesas e as tropas Viet Minh. Filmado em 1965, cerca de dez anos depois da batalha, «La 317ème Section» teve uma rodagem no Cambodja mínimo aparentada à de «Apocalypse Now», de Coppola, como explica uma nota introdutória incluída na cópia recentemente restaurada.
Matthew McConaughey é um daqueles actores que tem andado um pouco perdido nos últimos anos. Sem ser um actor extraordinário, é um actor que quando quer e não entra em comédias românticas ou filmes de acção de pouca qualidade, até consegue sacar boas interpretações. Basta ver o caso de «Amistad», de Steven Spielberg. Em «Cliente de Risco», a segunda longa metragem de Brad Furman, também não fica nada mal. Aliás, a sua interpretação é o que acaba por safar o filme.
Peter Bogdanovich é um dos realizadores norte-americanos mais injustamente esquecidos. Com uma carreira cimentada na década de 1970, é um dos cineastas que acabou por se perder, ao contrário de outros nomes que nasceram com a fornada criada por Roger Corman. E é pena, pois além de ser um grande conhecedor do Cinema, basta ver o documentário «Directed By», que dedicou à obra de John Ford, e quase obrigatório para quem quiser conhecer este gigante do Cinema, foi o autor de grandes filmes, desde «A Última Sessão», a «O Miar do Gato» (o último filme a estrear por cá, já há 10 anos, e um dos primeiros que tive oportunidade de ver de Bogdanovich, ainda no velhinho Quarteto), passando por «Que Se Passa Doutor?» ou «O Vendedor de Sonhos», todos filmes sobre ou homenagens à História do Cinema.
«Le Monde Vivant», de Eugène Green
«Der Wald vor Lauter Baumen», de Maren Ade
«Play», de Alicia Scherson
«El Amarillo», de Sergio Mazza
«Love Conquers All», de Tan Chui Mui
«Wonderful Town», de Aditya Assarat
«Ballast», de Lance Hammer
«Go Get Some Rosemary (aka Daddy Longlegs)», de Benny Safdie e Josh Safdie
«Neds», de Peter Mullan
«Finisterrae», de Sergio Caballero
«América», de João Nuno Pinto
«Morgen», de Marian Crisan
«Simon Werner a Disparu...», de Fabrice Gobert
«O Atalho», de Kelly Reichardt
«The Agony And The Ecstasy Of Phil Spector», de Vikram Jayanti
«Johnnie Got His Gun!», de Yves Montmayeur
«Lemmy», de Greg Olliver e Wes Orshoski
Depois de tanto e tão bom cinema visto durante mais de uma semana, 20 sessões no total, o IndieLisboa 2011 acabou com chave de ouro com outro dos nomes que já começa a ser presença habitual no festival. Trata-se de «O Atalho» («Meek's Cutoff», no original), o mais recente filme da realizadora norte-americana Kelly Reichardt. Uma vez mais com Michelle Williams num dos papéis principais, depois do fabuloso «Wendy & Lucy», desta vez a proposta de Reichardt é um western. E que belo western realizou Kelly Reichardt.
Uma das grandes ausências da edição deste ano do IndieLisboa foi Johnie To, um dos melhores realizadores de Hong Kong cujos filmes passaram no festival desde a primeira edição. Apesar desta ausência, felizmente uma das sessões foi este documentário de Yves Montmayeur sobre a carreira de To, um dos nomes que conheci precisamente através do Indie e cujos filmes de acção me têm deliciado ao longo dos últimos anos. E não podia ter começado melhor, com o realizador a contar como foi filmada uma das cenas do genial «Breaking News», o primeiro filme que vi dele.Johnnie Got His Gun from Fabien Bouillaud on Vimeo.
A segunda e última sessão do IndieMusic de Sábado foi dedicada a um documentário sobre o produtor Phil Spector, um dos maiores génios da música popular e ao mesmo tempo uma das figuras mais estranhas e polémicas de sempre. O documentário de Vikram Jayanti baseia-se sobretudo numa longa entrevista que o ex-produtor deu ao realizador em sua casa antes de um primeiro julgamento onde Phil Spector era acusado de ter assassinado a actriz Lana Clarkson, num incidente com contornos que continuam por explicar. E continuará a ser um daqueles episódios da cultura popular que nunca se saberá o que aconteceu. Nesse primeiro julgamento o resultado foi inconclusivo, mas num segundo Phil Spector acabou por ser condenado a uma pena pesada.
O IndieLisboa já terminou, mas ainda há alguns filmes para falar. Depois de «Post Mortem» o resto do Sábado foi dedicado à secção IndieMusic. E foram duas boas sessões. A primeira foi «This Movie Is Broken», uma surpresa, pois é um filme realizado por Bruce McDonald, autor do inenarrável «Os Fragmentos de Tracey». Desta vez não houve grande espaço para experiências, como no filme protagonizado por Ellen Page, pois praticamente este é um concerto da banda canadiana Broken Social Scene, com uma história romântica metida pelo meio.