Tal como acontece neste filme vamos começar pelo fim e dizer que a versão «Ned Kelly» realizada por Tony Richardson em 1970 não é nada de especial. É antes uma curiosidade cinematográfica perdida no tempo, sobretudo por ser protagonizada por Mick Jagger, o vocalista dos Rolling Stones que aqui se estreou na sua carreira como actor e logo num papel principal. A sua carreira não foi muito além, pois desde esta altura apenas entrou em oito filmes, em algumas das vezes em pequenos cameos, segundo nos revela o IMDB.
Esta é apenas mais uma das várias adaptações ao grande ecrã centradas na vida de Ned Kelly, um mítico fora da lei australiano, descendente de irlandeses, que espalhou o terror na região de Victoria na segunda metade do século XIX. A título de curiosidade, a mais recente adaptação de Ned Kelly no cinema data de 2003, num filme realizado por Gregor Jordan e com um elenco encabeçado por Heath Ledger, Orlando Bloom, Geoffrey Rush e Naomi Watts. No caso do filme de Tony Richardson, trata-se de um western meio parado que retrata o anti-herói de forma romântica, com alguns dos seus feitos ao lado de uma família que também não era bem vista pelas autoridades britânicas, numa altura em que a Austrália ainda era uma colónia do Reino Unido.
Apesar do excesso de romantismo da personagem acabar por jogar contra ele, este «Ned Kelly» consegue ser uma curiosidade que merece ser descoberta, mesmo que o resultado final não seja uma obra prima. A escolha de Mick Jagger para o papel principal foi criticada na altura e pode ser ainda hoje bastante questionada, pois o cantor exagera demasiado na sua actuação e em vez de termos um fora da lei mau como tudo, temos um fora da lei demasiado bonzinho e que por vezes cai em tiradas filosóficas que fazem dele o vilão por quem todas as jovens gostariam se gostariam de apaixonar. Um dos destaques deste «Ned Kelly» vai para uma boa banda sonora, cantada em género de baladas por Waylon Jennings, que acaba por funcionar (e muito bem) como um narrador da história de Ned Kelly.
Nota: 3/5
Site do filme no IMDB
Na falta de um trailer no YouTube, fica uma sequência do filme, a única onde Mick Jagger canta um hino dos imigrantes irlandeses da altura.
domingo, 31 de julho de 2011
Tempos Modernos, de Charles Chaplin (1936)
Apesar de ter sido realizado em 1936 «Tempos Modernos», de Charles Chaplin, continua a ser tão actual como na época em que foi feito. Nesta sátira ao industrialismo e à sociedade do consumo, ou uma história sobre a indústria, a iniciativa empresarial ou da cruzada da Humanidade à procura da felicidade como é indicado na legenda de abertura, Charles Chaplin surge como um pobre operário fabril que acaba por enlouquecer em plena linha de montagem e consequentemente é despedido. A primeira parte do filme, nos seus variados episódios (da cena do cigarro ao genial teste da máquina que auto-alimenta os operários), mostra bem as condições inumanas das fábricas na altura.
Paralelamente à história do operário despedido, que ainda acaba na prisão por ser confundido com um líder comunista, noutra genial cena de «Tempos Modernos», o filme acompanha a história de uma rapariga que vive em condições semelhantes às do herói, interpretada por Paulette Goddard, e que acaba por se tornar a sua amada. A partir daqui, quando os dois se encontram, nasce uma bela história de amor que consegue não afastar o filme do seu objectivo final: criticar uma sociedade que desumaniza as pessoas.
Filmado numa altura em que o período mudo já tinha sido deixado para trás há muito tempo, devido às reticências de Charles Chaplin em utilizar o som nos seus filmes, «Tempos Modernos» já recorre a alguns elementos sonoros. A banda sonora, que já se encontrava presente em alguns filmes mudos, volta a ter uma presença muito forte, complementando a imagem, os sons ambiente, que ganham uma grande expressividade sobretudo nas sequências da fábrica, e uma personagem de Chaplin fala pela primeira vez. Ou melhor, canta, numa sequência onde são ditas poucas palavras, aparentemente sem grande nexo. Estes elementos fazem com que «Tempos Modernos» seja considerado por muitos, ainda hoje, como o último filme da época do mudo.
E ao abordar temas como o desemprego e as dificuldades de uma sociedade que vive em busca de um sonho (a tal casa que o casal procura), muitas vezes fazendo coisas acima das suas capacidades, quase que podemos dizer que os «Tempos Modernos» de Chaplin são os tempos de hoje.
Nota: 4/5
Site do filme no IMDB
Paralelamente à história do operário despedido, que ainda acaba na prisão por ser confundido com um líder comunista, noutra genial cena de «Tempos Modernos», o filme acompanha a história de uma rapariga que vive em condições semelhantes às do herói, interpretada por Paulette Goddard, e que acaba por se tornar a sua amada. A partir daqui, quando os dois se encontram, nasce uma bela história de amor que consegue não afastar o filme do seu objectivo final: criticar uma sociedade que desumaniza as pessoas.
Filmado numa altura em que o período mudo já tinha sido deixado para trás há muito tempo, devido às reticências de Charles Chaplin em utilizar o som nos seus filmes, «Tempos Modernos» já recorre a alguns elementos sonoros. A banda sonora, que já se encontrava presente em alguns filmes mudos, volta a ter uma presença muito forte, complementando a imagem, os sons ambiente, que ganham uma grande expressividade sobretudo nas sequências da fábrica, e uma personagem de Chaplin fala pela primeira vez. Ou melhor, canta, numa sequência onde são ditas poucas palavras, aparentemente sem grande nexo. Estes elementos fazem com que «Tempos Modernos» seja considerado por muitos, ainda hoje, como o último filme da época do mudo.
E ao abordar temas como o desemprego e as dificuldades de uma sociedade que vive em busca de um sonho (a tal casa que o casal procura), muitas vezes fazendo coisas acima das suas capacidades, quase que podemos dizer que os «Tempos Modernos» de Chaplin são os tempos de hoje.
Nota: 4/5
Site do filme no IMDB
sábado, 30 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Em Cartaz: Semana 28/07/2011
Super 8, de J.J. Abrams
Caçadores de Dragões, de Guillaume Ivernel e Arthur Qwak
Dylan Dog: Guardião da Noite, de Kevin Munroe
400 Contra 1 - Uma História do Crime Organizado, de Caco Souza
Caçadores de Dragões, de Guillaume Ivernel e Arthur Qwak
Dylan Dog: Guardião da Noite, de Kevin Munroe
400 Contra 1 - Uma História do Crime Organizado, de Caco Souza
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quarta-feira, 27 de julho de 2011
Hanna, de Joe Wright (2011)
Há filmes que têm tudo para dar um bom resultado, mas no final não conseguem alcançar as expectativas. É o caso de «Hanna». Realizado por um realizador com provas dadas («Expiação» ou «Orgulho e Preconceito»), esta é a primeira vez que Joe Wright se aventura em filmes de acção. E o resultado não é o melhor. A história de «Hanna» é a de uma adolescente com o mesmo nome (Saoirse Ronan) que foi criada pelo seu pai (Eric Bana) numa floresta finlandesa, no meio da neve para ser uma assassina perfeita. Ao carregar num estranho botão a sua localização é identificada numas instalações da CIA e começa uma perseguição liderada por Marissa Wiegler (Cate Blanchett), uma agente com poucos escrúpulos ligada ao passado da jovem que poderia ser uma das melhores vilãs dos últimos tempos. Mas infelizmente não é, pois Cate Blanchett parece estar em piloto automático.
Se a premissa é interessante e o elenco conta com alguns nomes sonantes, o resultado final acaba por desiludir. Tudo devido ao desenvolvimento do filme que não consegue ser suficientemente fluido para acompanhar a narrativa. O próprio desenlace é tão fraquinho que nem chega a surpreender. E mesmo as cenas de acção deixam muito a desejar, pois na sua maioria parecem demasiado falsas e não convencem. Esta falha nota-se sobretudo numa das cenas mais bem filmadas do filme, quando o pai de Hanna luta com um grupo de agentes numa estação de metro. Apesar de bem filmada, a sequência da luta em si deita tudo a perder. O que é estranho, dado que o responsável pelas sequências de duplos foi o mesmo de alguns filmes da série Bourne.
Nem mesmo a banda sonora assinada pelos Chemical Brother, que consegue ser muito boa, salva «Hanna» pois está bastante desadequada em relação ao que se vai passando no ecrã. No meio de tantas coisas menos conseguidas, destaque para duas interpretações: a de Saoirse Ronan, que começa a corresponder às promessas indiciadas em «Expiação», e de Tom Hollander, que interpreta um vilão pouco explorado que merecia mais espaço no filme.
Nota: 2/5
Site oficial do filme (menos mal, o site é bastante interactivo e tem áreas escondidas que dá para aprofundar um pouco mais o universo do filme)
Se a premissa é interessante e o elenco conta com alguns nomes sonantes, o resultado final acaba por desiludir. Tudo devido ao desenvolvimento do filme que não consegue ser suficientemente fluido para acompanhar a narrativa. O próprio desenlace é tão fraquinho que nem chega a surpreender. E mesmo as cenas de acção deixam muito a desejar, pois na sua maioria parecem demasiado falsas e não convencem. Esta falha nota-se sobretudo numa das cenas mais bem filmadas do filme, quando o pai de Hanna luta com um grupo de agentes numa estação de metro. Apesar de bem filmada, a sequência da luta em si deita tudo a perder. O que é estranho, dado que o responsável pelas sequências de duplos foi o mesmo de alguns filmes da série Bourne.
Nem mesmo a banda sonora assinada pelos Chemical Brother, que consegue ser muito boa, salva «Hanna» pois está bastante desadequada em relação ao que se vai passando no ecrã. No meio de tantas coisas menos conseguidas, destaque para duas interpretações: a de Saoirse Ronan, que começa a corresponder às promessas indiciadas em «Expiação», e de Tom Hollander, que interpreta um vilão pouco explorado que merecia mais espaço no filme.
Nota: 2/5
Site oficial do filme (menos mal, o site é bastante interactivo e tem áreas escondidas que dá para aprofundar um pouco mais o universo do filme)
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segunda-feira, 25 de julho de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
sábado, 23 de julho de 2011
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Frase(s) que marcam um filme: Os Grandes Aldrabões, de Leo McCarey (1933)
quinta-feira, 21 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
segunda-feira, 18 de julho de 2011
domingo, 17 de julho de 2011
sábado, 16 de julho de 2011
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Frase(s) que marcam um filme: Os Fugitivos de Alcatraz, de Donald Siegel (1979)
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Em Cartaz: Semana 14/07/2011
A Melhor Despedida de Solteira, de Paul Feig
Confissões de uma namorada de Serviço, de Steven Soderbergh
Gianni e as Mulheres, de Gianni Di Gregorio
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2, David Yates
Confissões de uma namorada de Serviço, de Steven Soderbergh
Gianni e as Mulheres, de Gianni Di Gregorio
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2, David Yates
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quarta-feira, 13 de julho de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
Larry Crowne, de Tom Hanks (2011)
Tirando uma ou outra participação em séries televisivas, a carreira de Tom Hanks como realizador saldou-se em apenas dois filmes para o grande ecrã: «Tudo Por um Sonho», uma história engraçada de uma banda de rock and roll dos anos 1960, realizada em 1996, e «Larry Crowne», estreada este ano. O género é quase o mesmo, uma comédia levezinha. Mas desta vez trata-se de uma comédia romântica um pouco mais séria do que é costume neste tipo de filmes. Tudo porque a personagem principal, Larry Crowne (Tom Hanks), é logo despedida no início do filme com a justificação de que não tem qualificações suficientes para progredir na carreira. Ao despedimento juntam-se as dívidas ao banco e temos então um filme sobre os efeitos da crise.
Estes contratempos levam Larry a repensar a sua vida e arrisca ir para a universidade onde não só faz novos amigos, muito mais novos do que ele, mas também se apaixona pela professora Tainot (Julia Roberts). O problema de «Larry Crowne», que não deixa de ser um filme simpático, reside no facto de ter tudo no sítio. Não há nada ao longo do filme que não seja esperado. Mesmo assim consegue estar muitos furos acima das comédias românticas que têm estreado nos últimos tempos e é um óptimo filme para passar um bom bocado, com dois grandes actores no elenco. Quanto à carreira de Tom Hanks, penso que fica melhor à frente das câmaras do que sentado na cadeira de realizador.
Nota: 3/5
Site oficial do filme
Estes contratempos levam Larry a repensar a sua vida e arrisca ir para a universidade onde não só faz novos amigos, muito mais novos do que ele, mas também se apaixona pela professora Tainot (Julia Roberts). O problema de «Larry Crowne», que não deixa de ser um filme simpático, reside no facto de ter tudo no sítio. Não há nada ao longo do filme que não seja esperado. Mesmo assim consegue estar muitos furos acima das comédias românticas que têm estreado nos últimos tempos e é um óptimo filme para passar um bom bocado, com dois grandes actores no elenco. Quanto à carreira de Tom Hanks, penso que fica melhor à frente das câmaras do que sentado na cadeira de realizador.
Nota: 3/5
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segunda-feira, 11 de julho de 2011
Carancho - Abutres, de Pablo Trapero (2010)
Na América Latina a Argentina tem-nos trazido alguns bons cineastas ao longo dos últimos anos. Pablo Trapero é um dos nomes que tem dado nas vistas e o reconhecimento é merecido. Com «Carancho - Abutres», o seu mais recente filme, entramos numa realidade bastante crua que nos dá voltas e mais voltas ao estômago. Esta é uma história de amor improvável entre Luján (Martina Gusman), uma jovem médica em início de carreira, e Sosa (Ricardo Darín), um advogado especializado em extorquir dinheiro às seguradoras das vítimas de acidentes de viação, sendo que grande parte da indemnização vai parar aos cofres da empresa com quem trabalha e não aos bolsos das famílias das vítimas.
É no meio deste universo de trapaças e artimanhas que se movem as duas personagens principais, fartas daquele mundo e sempre à espera de uma oportunidade de escaparem de algo que não aguentam mais, com duas interpretações muito boas. Se Ricardo Darín já provou que é um grande actor, Martina Gusman foi uma revelação, pois não tendo o mesmo currículo do seu companheiro, consegue estar à altura. E ambos estão acompanhados de excelentes secundários.
A história, que nos mostra uma realidade pouco conhecida e bastante dura, também está bem conseguida e Pablo Trapero, ao recorrer muitas vezes à câmara na mão, consegue levar-nos para dentro deste 'inferno' de forma bastante eficaz. Pena o final ser um pouco previsível e algumas falhas na caracterização (por vezes as personagens estão feridas e nas cenas seguintes isso já não acontece, o que é um problema quando esses ferimentos são na cara e se vêem à distância), pois este é poderia ser um filme melhor vindo da Argentina, que nos tem dado a conhecer nomes como Lisandro Alonso ou Lucrecia Martel. O que tem sido feito no país das pampas merece maior visibilidade.
Nota: 4/5
Site oficial do filme
É no meio deste universo de trapaças e artimanhas que se movem as duas personagens principais, fartas daquele mundo e sempre à espera de uma oportunidade de escaparem de algo que não aguentam mais, com duas interpretações muito boas. Se Ricardo Darín já provou que é um grande actor, Martina Gusman foi uma revelação, pois não tendo o mesmo currículo do seu companheiro, consegue estar à altura. E ambos estão acompanhados de excelentes secundários.
A história, que nos mostra uma realidade pouco conhecida e bastante dura, também está bem conseguida e Pablo Trapero, ao recorrer muitas vezes à câmara na mão, consegue levar-nos para dentro deste 'inferno' de forma bastante eficaz. Pena o final ser um pouco previsível e algumas falhas na caracterização (por vezes as personagens estão feridas e nas cenas seguintes isso já não acontece, o que é um problema quando esses ferimentos são na cara e se vêem à distância), pois este é poderia ser um filme melhor vindo da Argentina, que nos tem dado a conhecer nomes como Lisandro Alonso ou Lucrecia Martel. O que tem sido feito no país das pampas merece maior visibilidade.
Nota: 4/5
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domingo, 10 de julho de 2011
Eleição 2, de Johnnie To (2006)
(crítica com spoilers para quem não viu o primeiro filme da série)
Dois anos depois dos eventos relatados no primeiro «Eleição», os membros da tríade Wo Shing começam os preparativos para elegerem um novo líder. Durante o período de liderança de Lok (Simon Yam) a tríade prosperou e quando o encontramos desta vez Lok tem um encontro com os seus cinco afilhados onde se prepara para a eleição. Uma vez mais, aqui o centro está nos jogos de bastidores e não na acção propriamente dita, apesar de este elemento estar mais presente do que no primeiro episódio da série.
Depois de afastar Big D no final do primeiro filme, Lok agora tem um novo rival com quem lidar para chegar à reeleição, que não é bem vista. Trata-se de Jimmy (Louis Koo), protegido de um dos anciãos que apesar das ligações à tríade não quer ser gangster, mas antes continuar a ser um homem de negócios na China, onde fez fortuna. Este empresário já tinha sido uma personagem secundária em «Eleição», mas aqui tem todo o protagonismo. Apesar de inicialmente se mostrar relutante em tentar ser eleito, um conjunto de eventos acabam por empurrá-lo para esse caminho.
«Eleição 2» vai um pouco mais longe do que o filme anterior. Aqui há uma maior abordagem a várias questões, desde a lealdade entre os gangsters aos valores tradicionais destes clãs que caminham sempre fora da lei governamental, mas coexistindo. E tem mais cenas que aprofundam a natureza das personagens. A forma como Jimmy vai evoluindo ao longo do filme e começa a adoptar comportamentos um pouco mais sombrios do que os que são esperados de um jovem que apenas quer ser um homem de negócios, fruto das circunstâncias, é um dos pontos fortes do filme. E uma vez mais, a forma como está filmado mostra a mestria de Johnnie To em todo o seu esplendor.
Na altura da estreia este díptico chegou a ser considerado como o equivalente ao «Padrinho» de Hong Kong. Penso que a comparação é um pouco exagerada, apesar dos pontos em comum que as duas sagas possam ter.
Nota: 3/5
Site do filme no IMDB
Dois anos depois dos eventos relatados no primeiro «Eleição», os membros da tríade Wo Shing começam os preparativos para elegerem um novo líder. Durante o período de liderança de Lok (Simon Yam) a tríade prosperou e quando o encontramos desta vez Lok tem um encontro com os seus cinco afilhados onde se prepara para a eleição. Uma vez mais, aqui o centro está nos jogos de bastidores e não na acção propriamente dita, apesar de este elemento estar mais presente do que no primeiro episódio da série.
Depois de afastar Big D no final do primeiro filme, Lok agora tem um novo rival com quem lidar para chegar à reeleição, que não é bem vista. Trata-se de Jimmy (Louis Koo), protegido de um dos anciãos que apesar das ligações à tríade não quer ser gangster, mas antes continuar a ser um homem de negócios na China, onde fez fortuna. Este empresário já tinha sido uma personagem secundária em «Eleição», mas aqui tem todo o protagonismo. Apesar de inicialmente se mostrar relutante em tentar ser eleito, um conjunto de eventos acabam por empurrá-lo para esse caminho.
«Eleição 2» vai um pouco mais longe do que o filme anterior. Aqui há uma maior abordagem a várias questões, desde a lealdade entre os gangsters aos valores tradicionais destes clãs que caminham sempre fora da lei governamental, mas coexistindo. E tem mais cenas que aprofundam a natureza das personagens. A forma como Jimmy vai evoluindo ao longo do filme e começa a adoptar comportamentos um pouco mais sombrios do que os que são esperados de um jovem que apenas quer ser um homem de negócios, fruto das circunstâncias, é um dos pontos fortes do filme. E uma vez mais, a forma como está filmado mostra a mestria de Johnnie To em todo o seu esplendor.
Na altura da estreia este díptico chegou a ser considerado como o equivalente ao «Padrinho» de Hong Kong. Penso que a comparação é um pouco exagerada, apesar dos pontos em comum que as duas sagas possam ter.
Nota: 3/5
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Eleição, de Johnnie To (2005)
Johnnie To é um daqueles realizadores que não se percebe porque nunca teve direito a uma simples estreia em sala. Com mais de 50 filmes realizados em três décadas de carreira, foi preciso surgir o festival IndieLisboa para merecer algum destaque. Mesmo assim não foi suficiente para que começassem a estrear os seus filmes. O díptico «Eleição», de 2005 e 2006, chegou a estar comprado, mas a distribuidora resolveu lançá-lo em DVD duplo. Mesmo não sendo do melhor que To tem feito, merecia ter uma maior visibilidade.
O primeiro capítulo relata a eleição do novo líder da tríade Wo Shing, uma das mais poderosas de Hong Kong. Apesar de a escolha dos membros do grupo ter incidido em Lok (Simon Yam), um gangster mais calmo e que não levanta muitas ondas, o seu rival Big D (Tony Leung Ka Fai), que fez todos os esforços para tentar comprar os votos que lhe dariam a liderança da tríade, não gosta do resultado e começa uma guerra entre as duas facções. No centro desta guerra está também um bastão, que simboliza a liderança dos Wo Shing, e vai ser procurado pelos dois grupos de gangsters.
Tal como muitos dos filmes de Johnnie To, apesar de serem filmes de gangsters, não são filmes de acção típicos de Hong Kong. E «Eleição» encaixa na perfeição neste género muito próprio do realizador. Quem vier à procura de tiros e cenas de acção com mirabolantes, sai desiludido. Apesar de as haver noutros filmes de To, como no fantástico «Exiled», neste caso não isso não sucede. O enfoque dá-se nos jogos de bastidores e na eliminação de adversários entre os dois rivais, que acaba quase sempre num banho de sangue. Apesar de ser um bom retrato das tríades e das relações entre os diferentes grupos que nascem neste universo, poderia ter ido um bocado mais longe. Mas «Eleição» é um bom filme de um realizador que vale a pena descobrir, para quem não conhece, ou para aprofundar, quem conhece. Sobretudo porque é um dos realizadores contemporâneos que melhores planos consegue apresentar.
Nota: 3/5
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O primeiro capítulo relata a eleição do novo líder da tríade Wo Shing, uma das mais poderosas de Hong Kong. Apesar de a escolha dos membros do grupo ter incidido em Lok (Simon Yam), um gangster mais calmo e que não levanta muitas ondas, o seu rival Big D (Tony Leung Ka Fai), que fez todos os esforços para tentar comprar os votos que lhe dariam a liderança da tríade, não gosta do resultado e começa uma guerra entre as duas facções. No centro desta guerra está também um bastão, que simboliza a liderança dos Wo Shing, e vai ser procurado pelos dois grupos de gangsters.
Tal como muitos dos filmes de Johnnie To, apesar de serem filmes de gangsters, não são filmes de acção típicos de Hong Kong. E «Eleição» encaixa na perfeição neste género muito próprio do realizador. Quem vier à procura de tiros e cenas de acção com mirabolantes, sai desiludido. Apesar de as haver noutros filmes de To, como no fantástico «Exiled», neste caso não isso não sucede. O enfoque dá-se nos jogos de bastidores e na eliminação de adversários entre os dois rivais, que acaba quase sempre num banho de sangue. Apesar de ser um bom retrato das tríades e das relações entre os diferentes grupos que nascem neste universo, poderia ter ido um bocado mais longe. Mas «Eleição» é um bom filme de um realizador que vale a pena descobrir, para quem não conhece, ou para aprofundar, quem conhece. Sobretudo porque é um dos realizadores contemporâneos que melhores planos consegue apresentar.
Nota: 3/5
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sábado, 9 de julho de 2011
X-Men 2, de Bryan Singer (2003)
Três anos depois do bem sucedido «X-Men», Bryan Singer voltou a pôr mãos na massa e pegou mais um vez no universo dos mutantes X-Men com um excelente resultado, fazendo aquilo que muitos não conseguem: uma sequela melhor do que o original. Os bons resultados do primeiro episódio talvez tenham ajudado e com um orçamento maior, o que se nota sobretudo a nível dos efeitos especiais e nalguns cenários mais bem conseguidos, o realizador fez de «X-Men 2» uma continuação da saga dos pupilos de Charles Xavier à altura do que era esperado.
Tudo começa com uma tentativa de assassinato do presidente dos EUA pelo mutante Kurt Wagner (Alan Cumming), ou Nightcrawler para os fãs da série, numa das melhores cenas do filme, que serve para aguçar o apetite. Este incidente leva William Stryker (Brian Cox), um velho conhecido do Professor Xavier (Patrick Stewart) e do seu arqui-inimigo Magneto (Ian McKellen), a convencer a Casa Branca a atacar os mutantes. Mas, como sempre, há planos ainda mais maquiavélicos por detrás das 'boas intenções' de Stryker.
Se um dos pontos fortes do primeiro «X-Men» era o argumento, desta vez o argumento está muito melhor, com um maior aprofundamento da história do passado de algumas personagens principais e uma maior presença dos secundários, nomeadamente os três jovens estudantes da escola de Xavier, que participam mais activamente no desenrolar da história: Rogue (Anna Paquin), Iceman (Shawn Ashmore) e Pyro (Aaron Stanford).
A interpretação melhorou claramente, mostrando que os actores desta vez se sentiram melhor na pele das personagens. Aqui a grande diferença que se nota é na prestação de Hugh Jackman no seu Wolverine. Se no primeiro o actor tinha apenas a imagem do mutante, mas parecia pouco à vontade, desta vez ele conseguiu de facto ser Wolverine. Também o surgimento de novas personagens, como Nightcrawler, foi uma aposta ganha. Ou como disse, e com muita razão, um dos comentadores do texto aqui escrito na semana passada sobre «X-Men», «viu-se o que Singer consegue fazer com mais dinheiro». E por este lado aumenta a expectativa para ver os restantes filmes da série.
Nota: 4/5
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Tudo começa com uma tentativa de assassinato do presidente dos EUA pelo mutante Kurt Wagner (Alan Cumming), ou Nightcrawler para os fãs da série, numa das melhores cenas do filme, que serve para aguçar o apetite. Este incidente leva William Stryker (Brian Cox), um velho conhecido do Professor Xavier (Patrick Stewart) e do seu arqui-inimigo Magneto (Ian McKellen), a convencer a Casa Branca a atacar os mutantes. Mas, como sempre, há planos ainda mais maquiavélicos por detrás das 'boas intenções' de Stryker.
Se um dos pontos fortes do primeiro «X-Men» era o argumento, desta vez o argumento está muito melhor, com um maior aprofundamento da história do passado de algumas personagens principais e uma maior presença dos secundários, nomeadamente os três jovens estudantes da escola de Xavier, que participam mais activamente no desenrolar da história: Rogue (Anna Paquin), Iceman (Shawn Ashmore) e Pyro (Aaron Stanford).
A interpretação melhorou claramente, mostrando que os actores desta vez se sentiram melhor na pele das personagens. Aqui a grande diferença que se nota é na prestação de Hugh Jackman no seu Wolverine. Se no primeiro o actor tinha apenas a imagem do mutante, mas parecia pouco à vontade, desta vez ele conseguiu de facto ser Wolverine. Também o surgimento de novas personagens, como Nightcrawler, foi uma aposta ganha. Ou como disse, e com muita razão, um dos comentadores do texto aqui escrito na semana passada sobre «X-Men», «viu-se o que Singer consegue fazer com mais dinheiro». E por este lado aumenta a expectativa para ver os restantes filmes da série.
Nota: 4/5
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sexta-feira, 8 de julho de 2011
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Em Cartaz: Semana 07/07/2011
Carros 2, de John Lasseter e Brad Lewis
Larry Crowne, de Tom Hanks
Abutres, de Pablo Trapero
Hanna, de Joe Wright
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quarta-feira, 6 de julho de 2011
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