O medo, a moral e a inocência andam lado a lado no mais recente filme de Michael Haneke, que arrecadou a última Palma de Ouro no Festival de Cannes. «O Laço Branco» leva-nos a uma aldeia algures no Império Austro-húngaro no período imediatamente anterior ao início da I Guerra Mundial. Se o conflito iria mudar para sempre o panorama mundial, talvez o realizador tenha querido aproveitar este clima pré-conflito para contar a história, que é narrada curiosamente por uma das personagens que não é originário da aldeia.
É o Professor (todas as personagens adultas de «O Laço Branco» são designadas pela sua profissão: o professor, o doutor, a parteira, etc.) que relata os misteriosos acontecimentos que começam quando o Doutor tem um acidente. Este caso foi o ponto de partida para uma série de ocorrências que permanecem inexplicáveis, pois nem o narrador consegue descobrir para contar, nem os restantes personagens querem admitir o que se passa.
E as suspeitas caem em todos: tanto as crianças com os seus comportamentos 'inocentes' como os adultos com 'pecados' escondidos. E a juntar a isto surge a moral imposta pelos adultos, muitas vezes sem razão. Um dos exemplos são os laços brancos do título, que são colocados na roupa de duas das crianças, para que eles se lembrem da inocência.
E é assim que Michael Haneke realiza um grande filme, com uma bela fotografia a preto e branco e sem banda sonora. O próprio realizador já admitiu numa entrevista recente que optou por não utilizar banda sonora para tornar o filme mais próximo da realidade e passou na prova. No fundo o austríaco conseguiu fazer um filme que nos deixa desconfortáveis e com muito que pensar, não só no que diz respeito ao comportamento das personagens, mas também quanto ao próprio contexto histórico da acção. Esta é precisamente uma das mais valias de «O Laço Branco».
Correcção: a acção de «O Laço Branco» não tem lugar numa aldeia do império Austro-húngaro, como referi, mas sim no Norte da Alemanha.
Nota: 4/5
Site oficial do filme
Fúria Sangrenta & A Fortaleza dos Imortais
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