Quando as expectativas estão em alta, o mais certo é apanharmos uma grande desilusão. Foi o que me aconteceu com «Viagem a Portugal», a estreia de Sérgio Tréfaut no domínio da ficção. Baseado numa história verídica, o filme é assumidamente político e tem como objectivo alertar para o que se passa nas fronteiras da Fortaleza Europa, terra de sonhos para muitos, mas que acabam por ficar retidos à porta, muitas vezes por questões de burocracia. É o que acontece a Maria (Maria de Medeiros), uma médica ucraniana que chega a Portugal no último dia do ano para passar alguns dias com o marido, um senegalês, também médico de formação, que trabalha nas obras da Expo 98. O casal mal sabia que esta viagem iria acabar numa 'aventura' digna de um livro de Kafka, com Maria presa no aeroporto de Faro, sem que ninguém consiga perceber bem porquê.
Com uma bela fotografia, a preto e branco, «Viagem a Portugal» consegue ter boas interpretações, sobretudo nos casos de Maria de Medeiros e Isabel Ruth, que interpreta uma inspectora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras bastante severa. Tirando isso, o grande problema do filme de Sérgio Tréfaut é que acaba por ser um filme altamente maniqueísta, onde os bons são muito bons e os maus são muito maus, e as personagens mais não são do que caricaturas de uma realidade, que infelizmente existe e se encontra escondida do grande público. Como alerta para esta situação, funciona. Como filme, fica aquém do esperado.
Nota: 3/5
Fúria Sangrenta & A Fortaleza dos Imortais
Há 10 horas
Não concordo com o maniqueísmo. Aliás, acho que grande parte da beleza da interpretação da Isabel Ruth está exactamente na complacência a que ela, por vezes, parece sucumbir - e a isso também ajudou os planos com que Tréfaut a filmou. Abraço.
ResponderEliminarMesmo assim, continuo a não achar o filme nada de especial. Se calhar o objectivo do realizador foi mesmo fazer isso e acabou por me parecer exagerado. Abraço.
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