Peter Bogdanovich é um dos realizadores norte-americanos mais injustamente esquecidos. Com uma carreira cimentada na década de 1970, é um dos cineastas que acabou por se perder, ao contrário de outros nomes que nasceram com a fornada criada por Roger Corman. E é pena, pois além de ser um grande conhecedor do Cinema, basta ver o documentário «Directed By», que dedicou à obra de John Ford, e quase obrigatório para quem quiser conhecer este gigante do Cinema, foi o autor de grandes filmes, desde «A Última Sessão», a «O Miar do Gato» (o último filme a estrear por cá, já há 10 anos, e um dos primeiros que tive oportunidade de ver de Bogdanovich, ainda no velhinho Quarteto), passando por «Que Se Passa Doutor?» ou «O Vendedor de Sonhos», todos filmes sobre ou homenagens à História do Cinema.
Este «Noites de Singapura» não está directamente relacionado com Cinema, mas não deixa também de ser um grande filme. Dominado por Ben Gazzara, que interpreta o papel de Jack Flowers, um americano em Singapura que se torna chulo para ganhar dinheiro e regressar aos EUA. À medida que vai fazendo carreira, se assim se pode dizer, pois começa por ter umas quantas mulheres na rua até ter um bordel para gerir, Jack assiste às mudanças da sociedade e da própria História. A amizade com William Leigh (Denholm Elliott), um contabilista inglês que vai a Singapura todos os anos para analisar as contas da filial da empresa para quem trabalha, torna-se fundamental para Jack começar a ver as coisas de outra forma e começar a pensar mais a sério no que está a fazer.
«Noites de Singapura» é um daqueles filmes centrado na personagem principal, que praticamente está em todas as cenas, e Ben Gazzara está à altura, ao desempenhar um papelão, de alguém que chega a uma altura da vida em que se desilude com o que fez, mas acaba por se resignar e segue em frente. Além da excelente interpretação, o filme é um dos grandes filmes dos anos 1970, pois capta bem a forma de filmar daquela década. E é também um belo retrato de uma época em que o mundo estava a mudar a uma grande velocidade, ao abordar questões como o fim das colónias britânicas ou a Guerra do Vietname e mesmo uma certa forma de se fazer política.
Nota: 4/5
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