Apesar da sessão de abertura do FESTin apenas ter ocorrido à noite, o festival começou pelas 16h00, com a primeira de curtas metragens a concurso. E a melhor do dia, com um total de oito filmes: um de Angola, quatro do Brasil e três de Portugal.
A honra de abertura da sessão coube a «Bom Dia, África», do angolano Zezé Gamboa, que há uns anos conseguiu vencer um prémio em Sundance com «O Herói». Nesta curta acompanhamos um homem a caminho do trabalho a quem lhe roubam o telemóvel. Será que consegue descobrir quem foi o culpado? Praticamente com um cenário mínimo, tudo se passa em duas carrinhas, e bem filmada, a curta mostra de forma irónica que nem tudo é o que parece. Nota: 4/5
Seguimos para «Simpatia do Limão», curta realizada pelo português Miguel de Oliveira, actor radicado no Brasil, que viu recentemente esta obra ser nomeada para uma das secções do Festival de Cannes. Aqui também o que parece não é. Uma mulher regressa à bruxa porque afinal já não quer que o marido de volta e quer desfazer um feitiço anterior que o fez voltar. Mas entre palavras cruzadas, tarot e surfistas, nada que um telefonema não resolva. Feito com algumas ajudas e por muitos amigos, como explicou o realizador na apresentação da curta, «Simpatia do Limão» é uma comédia simples e com o tom certo. Nota: 5/5
A primeira curta portuguesa a concurso foi «A Corrida», um filme de fim de curso realizado por Rui Madruga e Catarina Carrola. Neste filme um sem abrigo com gosto pelo jogging perde os seus ténis e o seu sonho. Até que um convite de um grupo de jovens, que pretendem fazer um anúncio publicitário, acaba por resultar numa segunda oportunidade que o corredor não deixa de aproveitar. «A Corrida» também é um filme simples, onde se destaca a presença de Custódia Gallego no elenco. Nota: 4/5
De regresso ao Brasil, a curta seguinte leva-nos a conhecer Nestor, um homem solitário que resolve ir atrás dos seus sonhos e deixar tudo para trás, depois de uma noite de fim de ano bem regada. Filmado sempre com câmara à mão, «Naquela Noite Ele Sonhou com um Mar Azul», de Aristeu Araújo, é a prova de que quando o homem sonha, a obra nasce. Nota: 5/5
«Senhor X» é uma bela homenagem ao cinema, realizada por Gonçalo Galvão Teles. Com a participação de Beatriz Batarda e Filipe Duarte, dois dos melhores actores portugueses da actualidade, sobretudo este último, que é o Senhor X, um homem do lixo que numa das suas rondas trava conhecimento com um antigo realizador, interpretado por Fernando Lopes. No final deste encontro o realizador dá-lhe uma câmara antiga e o Senhor X utiliza-a para mudar o mundo à sua volta. Sempre que a liga e dá ordens, a sua vida transforma-se num filme, com final feliz. Destaque ainda para a bela banda sonora, a cargo de Rodrigo Leão. Nota: 5/5
Depois deste ambiente onírico, «Vozes» foi a curta experimental da sessão. Uma mulher na banheira e vários mascarados são as únicas imagens que vemos, enquanto as vozes de pessoas com perturbações psicológicas vão falando das suas doenças e da forma como vêem o mundo, tentando explicar à sua maneira como é viver com os seus problemas e questionando: afinal quem é normal? Realização a cargo de Anna Costa e Silva, Fabio Canetti e Luiza Santoloni. Nota: 3/5
Continuando em ambientes irreais, a curta de animação «O Acidente», de André Marques e Carlos Silva, apresenta-nos José, um trolha com sotaque nortenho que descreve bastante detalhadamente numa participação ao seguro um acidente de trabalho onde esteve envolvido. Com alguns pormenores divertidos, a curta fala em situações sérias, de uma forma divertida. Nota: 3/5
Para finalizar a sessão «Contagem», dos brasileiros Gabriel Martins e Maurilio Martins. A curta gira à volta de quatro personagens que se cruzam num determinado momento, com as cenas filmadas a partir do ponto de vista de cada uma. Um filme cru, de uma violência brutal. Nota: 3/5
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