As famosas comédias à italiana já vêm de longe e tiveram o seu auge nos anos 1950 e 1960. Ultimamente têm surgido alguns filmes curiosos que revivem esse espírito. «Qualunquemente», de Giulio Manfredonia, insere-se um pouco neste campo. Protagonizado por Cetto La Qualunque, uma personagem de televisão parecida com o Anton Chigurh de «Este País Não é Para Velhos» criada por Antonio Albanese, um comediante italiano bastante popular no país, o filme é uma sátira à corrupção política e à Máfia do Sul de Itália.
A acção decorre quatro anos depois de Cetto La Qualunque (o apelido da personagem, que em português significa um qualquer, é bastante importante para perceber a história) ter deixado a terra natal por alegadas práticas pouco limpas. Quando regressa, com uma nova família (porque sempre ligou aos valores familiares, como bom siciliano) encontra a sua vila mudada e o pior acontece: querem obrigá-lo a pagar impostos! Para acabar com esse ultraje é incentivado a candidatar-se à presidência da Câmara Municipal, contra um rival que resolveu virar-se para o lado do bem.
«Qualunquemente» é uma excelente comédia, que só peca por ser demasiado exagerado em algumas das cenas. Mas não deixa de ser um filme que nos leva as lágrimas aos olhos de tanto rir com esta caricatura de democracia, em que o candidato passa uma campanha inteira a apelar ao voto em um qualquer, que é o seu nome próprio. Se calhar até à episódios que foram mesmo baseados em cenas reais. Pelo menos os exemplos que nos chegam das notícias, assim o fazem prever. Basta vermos as assessoras que acompanham Cetto La Qualunque, que têm bons atributos, mas talvez não sejam os mais indicados para quem quer liderar uma autarquia, ou mesmo o nome do partido liderado pelo candidato: o Partido do Grelo. Isso já diz muita coisa, de uma comédia daquelas que nos faz pensar em coisas sérias a brincar.
Nota: 4/5
Site oficial do filme
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