Ninguém escapa ileso de «La Escopeta Nacional», o filme realizado por Luis García Berlanga após «Tamanho Natural», onde o cineasta espanhol regressa às comédias negras. Este filme é uma sátira à sociedade burguesa, das aparências e dos favorzinhos pedidos aos amigos que conhecem alguém supostamente bem posicionado. Reza a lenda que a história de «La Escopeta Nacional» nasceu da leitura de crónicas da revista Hola (para quem não conhece, trata-se de uma espécie de versão espanhola da Caras) sobre o jet set de Espanha. Se tal é verdade, ninguém sai bem na fotografia mordaz tirada por Berlanga.
Tudo começa com a chegada de um casal a uma quinta pertencente a um marquês para participar numa casa. E logo aí começam os jogos de aparências: nem o casal é legítimo, nem a caçada foi organizada pelo dono da propriedade. Foi precisamente o forasteiro, um 'honrado' industrial catalão, que pagou e organizou a caçada para travar conhecimento com a nata da sociedade e tentar vender um negócio seu a quem o possa ajudar, sendo o principal alvo um ministro que está presente no evento. Para tal Jaime Canivell (José Sazatornil) começa a fazer favores a torto e a direito para conseguir atrair sócios para o projecto. E quanto mais peripécias são relatadas, mais podres desta sociedade são destapados. Não há ninguém que que o nosso industrial não tente convencer, nem favor que não faça, inclusive mudar de ramo de actividade (o mais estranho possível).
Como disse no início deste texto, ninguém sai ileso deste filme, uma excelente sátira que bem podia ter sido realizada nos dias de hoje, tal é a actualidade da obra de Berlanga. Padres, marqueses, empresários, governantes...comem todos por tabela num filme onde, mais uma vez, é possível encontrar ecos do cinema buñueliano. E a moral final, que nos surge numa pequena legenda, é simplesmente deliciosa. Mais uma vez, na falta de um trailer oficial no YouTube, o vídeo abaixo mostra apenas uma pequena cena do filme.
Nota: 5/5
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