Quem conhece a obra de John Carpenter poderá achar «O Homem das Estrelas» um filme um pouco estranho, pois na altura o realizador norte-americano apenas se tinha aventurado em filmes de terror ou acção. Ainda hoje, dando uma vista de olhos pelo conjunto da cinematografia de Carpenter, à primeira vista este «O Homem das Estrelas» pode ser considerado quase como uma carta fora do baralho. O único ponto em comum é o facto de ser um filme de ficção científica, território que já tinha sido visitado pelo cineasta na excelente estreia («Estrela Negra») e em «Veio do Outro Mundo», um dos seus melhores filmes.
Mas se calhar até nem será assim tão estranho, se atentarmos a alguns pormenores, como a crítica a uma certa autoridade, patente em vários filmes de Carpenter. O homem das estrelas que dá título ao filme é um extra-terrestre (Jeff Bridges) que vem ter à Terra depois de o seu planeta ter recebido uma sonda espacial com mensagens terrestres em várias línguas e com algumas músicas que representam a nossa cultura. A premissa não é nada de especial, este tipo de sondas foram mesmo lançadas para o espaço e este foi o pretexto utilizado para o filme. À chegada à Terra o extra-terrestre assume a forma do falecido marido de Jenny Hayden (Karen Allen) e quando o governo dos EUA começa uma perseguição ao homem das estrelas, ela acaba por ajudá-lo a ir ter com os seus companheiros. Esta fuga vai decorrer ao longo de todo o filme.
Não sendo uma obra típica dentro do universo carpenteriano, e talvez muitos dos fãs do realizador não gostem tanto dele como de outras obras, «O Homem das Estrelas» é um belo filme sobre alguém inadaptado em fuga. A crítica ao comportamento das autoridades, que basicamente não sabem o que fazer perante algo estranho a não ser tentar destruí-lo, é um dos aspectos que podemos ver noutros filmes do cineasta. Mas ao contrário de «Veio do Outro Mundo», por exemplo, este ser alienígena não vem para causar nada de mal, antes em descoberta, tal como os humanos fizeram ao lançar a sonda, o que faz com que a decisão do exército seja ainda mais incompreensível.
Além de uma história de amor que acaba por nascer entre as duas personagens principais, «O Homem das Estrelas» conta com duas grandes interpretações, sobretudo a de Jeff Bridges, que lhe garantiu a terceira nomeação para os Óscares. Outro dos destaques do filme são os efeitos especiais, que curiosamente, quase 30 anos depois da estreia, parece que não envelheceram. Este é um daqueles filmes que poderá não agradar assim tanto aos fãs de Carpenter, mas de certeza que quem não gosta das principais obras do realizador é capaz de gostar.
Nota: 4/5
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