Em 2002, após os mais negros «Artificial Intelligence» e «Minority Report», Steven Spielberg resolveu filmar a história verídica e mirabolante de Frank Abagnale Jr. (Leonardo DiCaprio), um jovem norte-americano que entre os seus 16 e os 19 anos andou a brincar ao gato e ao rato com o FBI, nomeadamente com o agente Carl Hanratty (Tom Hanks), fazendo-se passar por diversas profissões, desde piloto de avião a advogado ou médico.
O seu objectivo inicial era sacar dinheiro à companhia aérea Pan Am através de cheques falsificados. E conseguiu, arrecadando cerca de 4 milhões de dólares. Mas assim que ia sendo descoberto pelo FBI, tinha de mudar de ocupação e começou a forjar diplomas e outros truques para se esquivar.
Paralelamente temos também neste «Apanha-me Se Puderes» a história de uma família em desagregação, a de Frank, com o pai a perder tudo o que tinha e a mãe a deixá-lo pelo melhor amigo do marido. À medida que o filme vai avançando, apercebemo-nos que a relação entre o jovem e o agente que o persegue se torna quase como pai e filho. Frank procura um pai que nunca teve e Carl persegue um filho que também não teve. Algo que fica bem patente no final do filme, quando o jovem tenta partir, mas o agente sabe que ele irá regressar, pois não tem para onde ir.
Com a acção passada no final dos anos 1960 (o próprio genérico animado remete-nos para aquele imaginário), Spielberg conseguiu aqui mostrar-nos um ambiente bastante semelhante ao que deve ter sido. Dos aviões da Pan Am aos hotéis e casas por onde o jovem aldrabão passa. Aqui a fotografia conseguiu ajudar bastante a meter-nos no filme. Algo que irá acontecer também mais tarde em «Munique», passado nos anos 1970.
«Apanha-me Se Puderes» é um filme agradável, cujas mais de duas horas até passam relativamente bem, e a dupla de protagonistas também está à altura da história. Leonardo DiCaprio parece realmente jovem, apesar de na altura da rodagem ter mais de 10 anos do que a personagem que interpreta, e Tom Hanks é o cumpre o cliché do agente do FBI que segue as regras todas, mas no fundo até tem bom coração. Bem melhor do que na sua prestação em «Terminal de Aeroporto», o filme seguinte de Spielberg em 2004.
Nota: 4/5
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