«Tetro» é magnifico. Só esta frase servia para falar deste soberbo filme de Francis Ford Coppola, a sua última obra de arte. Porque há filmes que nos deixam sem palavras e é difícil falar deles.
Filmado em Buenos Aires, a preto e branco, «Tetro» conta a história de um jovem de 18 anos, Bennie (Alden Ehrenreich a lembrar os primórdios de Leonardo Di Caprio, até na própria fisionomia), que chega à capital argentina para rever o irmão. O irmão é precisamente o Tetro (Vincent Gallo) que dá nome ao filme. Tetro saiu de casa, onde vivia sufocado pela figura do pai, um maestro de renome que sugava a vida de todos à sua volta, incluindo a família. Como exemplo, num diálogo entre o maestro (Klaus Maria Brandauer) e o seu irmão, o primeiro diz-lhe para não usar o apelido da família numa obra que está a preparar porque a considera má.
Mas é na relação entre os dois irmãos que tudo se passa. A saída de casa de Tetro teve como objectivo escrever. E foi através da escrita que resolveu contar a história da sua vida e da sua família, uma vez mais com a figura do pai no centro. Estes textos nunca são publicados, mas a chegada de Bennie, que quer também saber a sua história que ninguém lhe conta, vai mudar tudo, quando este descobre o manuscrito original.
Uma das principais características deste «Tetro» é a utilização do preto e branco. E eu não estou a ver como poderia este filme ser feito, sem ser desta forma. A cor só aparece quando há flashbacks do passado, com pequenos episódios da vida da família Tetrocini no passado, e em cenas de uma peça baseada nos textos de Tetro. E em ambos os casos as cores são demasiado expressivas.
Além desta maravilhosa utilização da cor e do preto e branco há outra grande presença em «Tetro»: as luzes e os espelhos. No primeiro caso há um jogo de luzes que vai percorrendo todo filme, em cenas específicas. Não é por acaso que Tetro é especialista em iluminação num teatro. Já os espelhos também têm uma grande força. É o grande espelho na casa de Tetro que mostra o que nós não podemos ver e são também espelhos que ajudam Bennie a decifrar os textos do irmão.
Por fim e para não me alongar demasiado, uma nota final sobre a interpretação. Na minha opinião, Francis Ford Coppola fez um achado ao escolher Alden Ehrenreich, um jovem com enorme potencial e com muito para evoluir, pois este é apenas o seu segundo papel no cinema depois de algumas participações em séries televisivas. Tal como já referi atrás, fez-me lembrar o Leonardo DiCaprio na sua fase antes de «Titanic». Se continuar assim, prevê-se um futuro brilhante.
Nota: 5/5
Site oficial do filme
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