«A Mosca» de Kurt Neumann é um dos clássicos da série B dos anos 1950, variante ficção cientifica/terror. A sua popularidade foi tanta na altura, que não só deu lugar a duas sequelas («Return of the Fly», de Edward L. Bernds e «The Curse of the Fly», de Don Sharp) como veio mais tarde a ser alvo de uma revisão por parte de David Cronenberg, filme que ajudou o canadiano a saltar para o mainstream.
Mas voltemos atrás no tempo. Em 1958 nasce «A Mosca», que resulta de uma experiência mal sucedida feita por um cientista (Al Hedison) que inventa um desintegrador-integrador de partículas (foi ele que lhe deu o nome) que permite teletransportar objectos e seres vivos de um compartimento para outro. O problema acontece quando o próprio cientista resolve experimentar a invenção em si próprio e por azar uma mosca entra na máquina ao mesmo tempo que ele. O resultado é uma mosca com cabeça de homem e um homem com cabeça de mosca.
Esta face da história é contada através de um flashback pela esposa do cientista (Patricia Owens) ao irmão do cientista (Vincent Price) e a um polícia, depois de no início esta ter confessado que matou o marido. Não vou contar como, para não estragar a surpresa, mas a cena acontece logo a abrir o filme.
Sem lugar a grandes inovações no género, esta primeira versão de «A Mosca» não deixa de ser um clássico. Foca o tema das experiências que correm mal, numa altura em que o medo do desconhecido, nomeadamente a ameaça comunista, estava em todo o lado, e o facto de ter sido produzido por um grande estúdio (a 20th Century Fox) justifica alguns bons meios utilizados. Não no que diz respeito à caracterização, na altura ainda bastante rudimentar como se pode ver na cabeça do homem mosca, mas já podemos ver alguns efeitos curiosos. A fase da desintegração dos objectos ou seres vivos, por exemplo, está relativamente bem conseguida para a altura, com um bom jogo de luzes, e mesmo na cena em que aparece a mosca com a cabeça de homem, se metermos de parte a inverosimilhança da situação, até escapa.
Nota: 3/5
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