Michael Moore está de volta com os seus documentários de guerrilha. Depois das armas, da Administração Bush, do sistema de saúde dos EUA o alvo escolhido foi o Capitalismo. Partindo da crise de mercados nascida no final do Verão de 2008, Michael Moore resolveu ir questionar quem lhe convém (como sempre, apesar de quem devia responder às suas perguntas raramente oferece o peito às balas) para tentar descobrir o que aconteceu nos últimos anos ao dinheiro dos EUA.
E como é hábito nos filmes do realizador do Michigan, os tiros vão sendo disparados em todas as direcções para que o seu alvo seja considerado o demónio. Nem que para isso seja preciso invocar Jesus Cristo ou padres e bispos para explicar que o Capitalismo é perverso. Como por exemplo quando Michael Moore monta imagens de um filme sobre a vida de Jesus para lhe colocar na boca mensagens em favor do Capitalismo. Genial a cena em que um homem à beira da morte pede ajuda a Jesus Cristo e este lhe diz que não pode fazer nada pelo que deve do passado.
Mas desta vez penso que Michael Moore consegue ter um trabalho melhor do que no anterior «Sicko». Apesar de continuar a dar apenas só um lado da questão (por exemplo, quando vai para a porta do Congresso apenas fala com membros dos democratas - também não sabemos se tentou ouvir ou não os republicanos), em «Capitalismo: Uma História de Amor», o realizador pareceu-me menos arrogante do que no anterior.
E uma vez mais encontramos histórias que nos deixam completamente de boca aberta. Se em «Bowling For Columbine» fiquei pasmado porque um dos jovens entrevistados estava chateado porque não era o primeiro mais perigoso da turma (mesmo tendo um bidão de napalm no quintal), desta vez ficamos a saber que algumas empresas norte-americanas fazem seguros de vida aos seus funcionários para receberem dinheiro. Em alguns casos milhões de dólares, sem que as famílias saibam.
Penso que nesta altura em que se vivem tempos demasiado complexos esta 'história de amor' vem mostrar um pouco como funciona o capitalismo sem regras. Concorde-se ou não com as ideias e métodos de Michael Moore, é sempre bom descobrir aspectos bastante sérios do mundo actual de uma forma irónica e de certa forma divertida. O problema é que estas coisas acontecem na realidade.
Nota: 4/5
Site oficial do filme
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