Já tinha visto o Clint Eastwood pistoleiro solitário e polícia sem regras. Fiquei hoje a conhecer a faceta do actor como jornalista em «Um Crime Real». Realizado em 1999 pelo próprio Clint Eastwood não é um dos melhores filmes da fase recente da obra do realizador, mas é uma boa fita.
Em «Um Crime Real» Clint realiza e interpreta a história de um jornalista caído em desgraça, ex-alcoólico e mulherengo que por acaso tem de continuar o trabalho de uma jovem colega, falecida no dia anterior a ir entrevistar um negro que se encontra no corredor da morte(Isaiah Washington), no próprio dia da execução. Mas à medida que vai analisando o caso e desatando alguns nós, o jornalista Steve Everett descobre que há muitos buracos no processo e contra tudo e contra todos tenta chegar à verdade, independentemente dos custos pessoais. No fundo Steve tenta também recuperar a carreira e a família.
É a investigação e as descobertas de Steve Everett que se encontram no centro da trama. Paralelamente temos o próprio condenado e a sua relação com a família, completamente oposta à situação do jornalista, que logo na primeira cena aparece a trair a esposa, precisamente com a colega que acaba por falecer.
Além destas personagens, a história toca alguns pontos um bocado fortes para os EUA, começando nas relações entre as raças e acabando no tema da pena de morte. No primeiro caso vemos como o processo parece ter tudo contra o suspeito de raça negra, acusado de assassinato: a vítima é uma jovem branca grávida de seis meses que lhe devia dinheiro e as únicas duas testemunhas do incidente são dois brancos.
No que diz respeito à pena de morte, Eastwood mostra-nos um retrato algo sombrio do corredor da morte. Não só todas as cenas em que surgem os guardas prisionais encarregues de guardar o condenado parecem ser motivos de gozo, com diálogos jocosos, como o próprio director da prisão parece ter um certo gosto em levar os seus condenados à cela da morte. Mas isso foi a impressão que me deixou.
A nível da interpretação, gostei bastante do papel de James Woods, como chefe de redacção. Apesar de não ser dos melhores que tem no currículo, está à altura. Quanto a Clint Eastwood, confesso que como actor não é dos meus preferidos, gosto mais da sua faceta de realizador. Neste caso continua a ser uma personagem bastante seca e que puxa da ironia como Dirty Harry puxava da sua Magnum.
Nota: 3/5
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