Depois de uma semana de ausência, as noites de copos regressam ao «A Última Sessão». Para este mês vamos convidar realizadores europeus e para começar nada melhor do que Jean-Luc Godard e François Truffaut, dois monstros sagrados da Nouvelle Vague francesa. Até para aproveitar a estreia do documentário «Os 2 da (Nova) Vaga», de Emmanuel Laurent.
De um lado temos Jean-Luc Godard, que também acaba de 'estrear' por cá «Filme Socialismo». Com uma longa carreira de quase uma centena de filmes, entre longas e curtas, Godard estreou-se nos idos anos 1950 e continua a ser ainda hoje um dos cineastas mais prolíficos e inovadores do Cinema. Vindo da escola da revista francesa Cahiers du Cinema, tal como muitos outros realizadores da Nouvelle Vague, Godard mostrou ao que vinha em 1960, quando estreou a sua primeira longa-metragem: «O Acossado», com Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg. Depois disso teve várias fases, das quais se destacam os filmes mais políticos dos anos 1960 e a experimentação com o vídeo mais tarde. Polémico e sempre activo, Godard sempre gostou de inovar nos seus filmes e provocou ódios e amores ao longo da sua carreira, continuando a ser uma grande referência para as novas gerações de cinéfilos e realizadores. Quentin Tarantino é um deles, que deu à sua produtora o nome de «A Banda Apart», um trocadilho com o título original de um dos clássicos do realizador francês.
Do outro temos François Truffaut. Tal como Godard, veio dos Cahiers du Cinema e juntos foram inseparáveis durante um longo período. A separação deu-se com a estreia de «A Noite Americana», filme considerado por Godard como traição. Polémicas à parte, Truffaut foi outro dos nomes grandes desta fase do cinema francês, tendo filmado em 1955 a sua primeira curta metragem. Mas é em 1959 que se torna conhecido, quando estreia «Os Quatro Centos Golpes», o primeiro de uma série de filmes autobiográficos protagonizados por Antoine Doinel, personagem interpretada pelo actor Jean-Pierre Léaud. Ao longo de 27 filmes conseguiu alternar entre filmes para o grande público e obras mais alternativas, com algumas aventuras fora de França. Faleceu precocemente em 1984, deixando um enorme legado à Sétima Arte. A sua herança passou também para inúmeros realizadores que foram beber à sua obra alguma inspiração. O exemplo mais conhecido é Steven Spielberg, que ofereceu ao realizador francês um papel no clássico «Encontros Imediatos em Terceiro Grau».
Apresentações feitas, chega o momento da verdade. Com qual destas duas lendas gostariam de tomar um copo? E porquê? E já agora, que copo acham que as senhoras gostariam de beber.
A minha resposta: apesar de gostar muito dos dois, opto por François Truffaut, um dos meus realizadores favoritos de sempre. A pergunta que faria era qual o filme que nunca conseguiu realizar ou gostaria de ter realizado. Para beber, uma garrafa de vinho tinto.
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