Quando «A Minha Mulher Favorita» começa parece que estamos a ver um filme de tribunal, com a entrada numa sala de audiências. Mas assim que arranca o diálogo (o primeiro de grandes diálogos do filme) entre Mick (Cary Grant) e o juiz percebemos que aqui não há julgamentos para ninguém. Estamos antes perante uma bela comédia de enganos, bem à moda da Holywood clássica. A presença de Cary Grant é já um indício.
A história é tão simples que tinha de descambar. Quando encontramos Mick no tribunal este está prestes a casar uma vez mais, mas antes o juiz tem de declarar a sua primeira esposa legalmente morta. Este atestado tinha de ser passado porque a primeira esposa de Mick tinha desaparecido num naufrágio. O problema é que Ellen (Irene Dunne) não chegou a falecer no naufrágio, mas andou perdida durante sete anos. Descobrimo-lo quando ela regressa a casa e encontra a sogra. A partir daqui é sempre a rolar, de equívoco em equívoco, até ao final de certo modo previsto.
O quinto filme de Garson Kanin é uma comédia bastante engraçada e inteligente, com inúmeros sentidos escondidos nas entrelinhas, alguns acabam por ser um pouco maliciosos. Tem cenas muito boas, nomeadamente a passagem de Mick e as duas esposas pelo hotel onde decorre a lua de mel do segundo casamento de Mick e as duas cenas no tribunal. Garson Kanin teve uma carreira curta como realizador, mas este filme valeu a pena.
Nota: 4/5
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